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Colaborador no centro de tudo: uma escolha, muitos resultados

Quem faz a experiência do colaborador acontecer no dia a dia são as pessoas, especialmente as lideranças, e não apenas a área de Capital Humano

de Ricardo Burgos em 3 de setembro de 2021

Estamos em meio a uma era de mudanças na relação entre empresas e seus colaboradores, sem dúvida potencializada pela pandemia da COVID-19, mas que se iniciou antes dela. Da Revolução Industrial, no século XVIII, às lutas sindicais brasileiras no início dos anos 60, é evidente que muita coisa mudou. A começar pelo incentivo para se trabalhar.

Obviamente, uma grande parte da nossa população trabalha predominantemente para pagar boletos, mas há uma grande parcela de pessoas, principalmente das novas gerações, que já se atentaram que podem ter mais do que salário e um bom pacote de benefícios. Podem aliar a eles propósito, reconhecimento e valorização.

As empresas, por sua vez, já ligaram seus alertas de que na disputa pelos melhores talentos, ganha quem conseguir valorizar mais o seu colaborador. Mas o que as empresas ganham com isso vai muito além da retenção de talentos: aumento da produtividade, redução do absenteísmo, melhora do clima interno, valorização da marca perante o público consumidor e investidor, mais transparência nas relações de trabalho, maior engajamento, orgulho dos colaboradores de “vestir a camisa” e fortalecimento da cultura organizacional.

Experiência do colaborador como desafio

Apesar do termo “experiência do cliente” já ser mais globalmente fundamentado e estudado, a experiência do colaborador ainda hoje é um desafio das organizações. Segundo a pesquisa Global Talent Trends, realizada pelo LinkedIn, em 2020, com 7 mil profissionais de 35 países, 96% dos entrevistados apontam que a experiência dos colaboradores está se tornando cada vez mais importante para as companhias.

Mas apesar do termo estar sendo mais explorado ultimamente, o que todos vivenciamos no nosso ambiente de trabalho desde os primórdios sempre foi uma experiência. Independentemente do porte da empresa – seja um pequeno comércio local ou uma grande multinacional – todas podem se diferenciar pela experiência que oferecem ao seu colaborador. Não por acaso, encontramos pessoas trabalhando vidas inteiras em um mesmo pequeno negócio, com sensação de realização pessoal.

Assim como vimos outras se redescobrindo na crise e passando a ser seus próprios chefes, exercendo funções que lhes dão mais satisfação. Mas um ponto é fundamental em todas as empresas que são referência em experiência do colaborador: mais do que o discurso, elas adotam, na prática, ações que colocam o colaborador no centro de tudo.  

Mas há pontos que merecem atenção nesse processo de evolução. Uma diretriz fundamental é que experiência é uma responsabilidade de todas as pessoas. Quem faz a experiência do colaborador acontecer no dia a dia são as pessoas, especialmente as lideranças, e não apenas a área de Capital Humano, que deve atuar como facilitadora na criação de experiências.

Por isso, se fala tanto no Capital Humano como “designer de experiências”. Outro ponto importante é que muitas companhias têm formado áreas de Experiência do Colaborador, Marca Empregadora e/ou Felicidade Corporativa. Atitude louvável, mas que enseja uma nova responsabilidade: a de vincular a estratégia aos valores e à cultura da empresa, aos objetivos de negócios, de forma que essas estratégias ultrapassem o nível de superficialidade e feeling para realmente ter valor. Além disso, o conhecimento etnográfico da força de trabalho e da jornada do colaborador é fundamental para garantir um ambiente realmente diverso e inclusivo. Assim como o engajamento da alta gestão para o fortalecimento da cultura é igualmente indispensável.

Ambiente acolhedor

Como executivo de Capital Humano em Saúde, atravessando uma pandemia sem precedentes, uma das minhas responsabilidades é criar um ambiente de experiência do colaborador que leve o disputado profissional de saúde a escolher ficar conosco.

Para se alcançar esse objetivo é preciso muito diálogo e uma via de mão dupla, que começa com uma escuta ativa, passa por ações consistentes e culmina no monitoramento dos resultados para avaliação, adequações e novas proposições. Nesses últimos dois anos, especialmente, temos desenvolvido uma série de iniciativas para fortalecimento da nossa cultura e da nossa relação com a força de trabalho.

Desde subsídios diferenciados para grupos de profissionais, treinamentos diversos, lives sobre gestão do tempo e saúde mental, ações de capacitação que alcançam as famílias dos colaboradores, sessões de happy hour virtual, ações de reconhecimento, campanhas de engajamento com premiações diversas e programa de apoio psicológico, jurídico, financeiro e legal, com apoio de especialistas. Todas seguidas por pesquisas de feedback, em respeito aos reais protagonistas dessa história.

Deixo aqui, por fim, um ponto de reflexão sobre a maturidade e pré-disposição das companhias para embarcarem nessa jornada da Experiência do Colaborador. Para quem está no início desse caminho, mais que uma simples mudança de nome, é preciso mudar por completo a mentalidade da empresa e de seus colaboradores, do mais alto ao mais baixo nível hierárquico. Afinal, de nada adianta ter o melhor produto do mercado e as pessoas mais infelizes. Os resultados dessas escolhas certamente virão.

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Ricardo Burgos

Ricardo Burgos é vice-presidente de Capital Humano do UnitedHealth Group Brasil.

Ricardo Burgos é vice-presidente de Capital Humano do UnitedHealth Group Brasil. Com foco estratégico em engajamento, cultura e eficácia organizacional e desenvolvimento de talentos e liderança, ele coordena o suporte aos cerca de 38 mil colaboradores que a organização mantém em diferentes estados do país.