Estudo realizado pela startup de pesquisas Pulse revela que os diretores executivos estão se sentindo mais sobrecarregados, estressados e com dificuldade para equilibrar as tarefas do cargo e o lazer. Segundo a pesquisa, 56,3% deles destacam que a carga de trabalho está alta.
Realizado nos meses de agosto, setembro e outubro de 2020, o levantamento feito com 84 empresas e mais de sete mil profissionais avaliou quatro dimensões: adaptação ao modelo de home office; saúde mental; relacionamento com a empresa; e segurança para voltar ao escritório. “O gestor sabe que quanto mais cresce na carreira, maiores são as responsabilidades e demandas. As pressões não diminuirão, mas cabe a ele agir para que o caminho seja mais equilibrado e menos estressante”, afirma Uranio Bonoldi, superintendente executivo da Indrel.
Para Roberto Vilela, consultor empresarial e mentor de negócios, o stress está ligado principalmente a dois fatores. Um deles diz respeito ao fim da separação entre a empresa e o lar. As pessoas estariam extrapolando o horário de trabalho, seja porque possuem muitas tarefas ou porque decidem acordar mais tarde e por isso acabam adentrando no período da noite.
A outra questão está relacionada ao fato das pessoas estarem constantemente conectadas à internet, sendo levadas a responderem de forma rápida a todos os estímulos, principalmente mensagens. O uso de dispositivos móveis como smartphones, tablets e notebooks, acaba tornando cada vez mais difícil desligar-se do trabalho, o que resulta em um estado de prontidão permanente.
“Por isso, é importante delimitar um horário para se desconectar. O tempo para a higiene mental, cuidar de si próprio, deve entrar na rotina”, comenta Bonoldi.
O superintendente defende que o ideal é destinar oito horas por dia ao trabalho e a mesma quantidade para o lazer, que inclui atividades como exercícios físicos e leitura, e o sono. “Dependendo do cargo, esta relação pode mudar para, por exemplo, onze horas, seis e sete, respectivamente. Não há problema. O importante é saber que precisamos e devemos ter a disciplina de equilibrar nossas atividades diárias”.
De acordo com Vilela, é preciso resolver as coisas no seu tempo. “Eu digo que se algo for urgente, é para me ligar. Caso o assunto possa esperar por até quatro horas, pode me enviar uma mensagem pelo WhatsApp. No caso dele poder ser tratado no dia seguinte, mande um e-mail”, defende o mentor.
O consultor ressalta que é preciso estar desconectado de fato nos momentos de lazer e descanso, sem navegar pelas redes sociais, e que o ideal é que a leitura não seja feita em dispositivos eletrônicos para evitar as notificações.
Ele destaca ainda outro fator de stress, que seria a cobrança que a sociedade exerce de que é preciso o gestor ser “descolado” para ser admirado pelos seus liderados. “O executivo precisa transitar pelas redes sociais, postar coisas no LinkedIn, Instagram e agora no Clubhouse. Isso gera mais algumas horas de atividades extras só para parecer ‘antenado’ e ‘cool’”.
Uma outra maneira de reduzir a fadiga mental é ter disciplina para dar prioridade ao que é mais importante e evitar procrastinações. “Fuja das reuniões improdutivas, crie uma escala e coloque pesos para as principais questões a serem resolvidas, estabelecendo metas que você e sua equipe são capazes de alcançar”, argumenta Bonoldi.
No mesmo sentido, delegar tarefas pode ajudar a suavizar a pressão. “Atribuir funções é imprescindível para manter uma boa saúde mental, afinal ninguém dá conta de tudo sozinho”, pontua o gestor da Indrel.
Para isso, é preciso treinar os colaboradores, incentivá-los e ter uma boa relação com a equipe para que ela possa atuar de maneira assertiva. Estabelecer sessões de conversa com os funcionários também pode diminuir a sobrecarga, assim como dar e receber feedbacks incentiva a participação na empresa e gera motivação.
Por fim, não se cobrar demais para ser bem sucedido é outro ponto importante. “Não caia nas armadilhas dos empreendedores de palco, aqueles que falam que suas empresas têm resultados ótimos sem comprovarem. Não basta ter milhares de seguidores nas mídias sociais. O mundo dos negócios é diferente do universo das redes”, provoca Vilela.