O 4º Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores continuou nesta segunda-feira em seu novo formato híbrido. Dia 27 de maio houve a apresentação de três painéis presenciais em São Paulo, no Teatro CIEE, no mesmo dia da cerimônia do 3º Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores; e agora, em dois dias (2 e 3/6), painéis no formato online seguem discutindo comunicação interna. É um evento com participação gratuita, uma iniciativa do CECOM – Centro de Estudos da Comunicação e Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH.
Na abertura do Fórum online, Márcio Cardial, diretor do Cecom e publisher de ambas as plataformas, destacou o papel das organizadoras, pois “este Fórum é uma das expressões públicas de uma plataforma viva, que atua o ano todo para valorizar as organizações que levam a sério a comunicação interna. Empresas que entendem que comunicar com clareza, escuta e coerência, não é apenas informar, é aliar propósitos, cultivar cultura e sustentar confiança”.

O primeiro painel foi Ecos do caos – A escuta ativa na era do discurso, com Camila Pavan, diretora de Recursos Humanos da Alstom; Carolina Ferreira, CHRO da Alelo; e Marcio Cavalieri, sócio-fundador do Grupo RPMA. Cavalieri, que conduziu o painel, falou da dificuldade de comunicação hoje, “com as fake news, guerras de narrativas, superficialidades, com tantos ruídos e sobrecargas de informações na vida pessoal e na empresa. E a escuta ativa, tema desse painel, é desafiadora, que transforma um potencial conflito em conexão e ruídos em entendimentos. Comunicação é vital para o sucesso das organizações e das relações”, definiu. E cita pesquisa da Aberje, sobre tendências da comunicação: dificuldade de engajar lideranças como comunicadores foi apontado por 60% apontado dos respondentes. O impacto vai até uma desinformação até conflitos, com queda de produtividade e impacto na nossa saúde mental e emocional”.
Camila recomendou cuidar da comunicação, ouvir os colaboradores de forma calma, e diz que na Alston “temos reuniões mensais de 15 funcionários com os líderes, e eles podem tratar de qualquer assunto. A cada três meses fazemos edições especiais, com o líder da fábrica falando com toda a unidade, sobre projetos, situação atual, reforça temas de qualidade e segurança. e temos pesquisa de engajamento cujos resultados são trabalhados individualmente pela áreas Tudo para evitar esse caos de informação”.
Carolina afirmou que estratégias de comunicação está relacionada com a cultura da empresa. E cultura para ela, não é o que está escrito na parede, e sim a junção de várias histórias de como as pessoas se relacionam entre si. Cultura é um jeito de ser”. Comunicação na Alelo faz parte do time de Pessoas desde 2014 e junto com a área de Engajamento. E lembra a característica de sua empresa, que atua em benefícios corporativos e por isso tem mais de 150 RHs como clientes, e troca informações com elas. “Temos uma pesquisa interna que abordamos os três principais pilares: tudo o que fazemos de engajamento, todos os eventos, como dia do reconhecimento das pessoas (Dia do Baldinho), família na firma, aniversário de tempo de casa; outra frente todos os benefícios para entendermos o que tem percepção de valor para as pessoas; e ações no escritório, como café da manhã”.

No painel Omni experience – Como hubs de comunicação refletem na jornada do colaborador, apresentou apresenta ferramentas como IA, gamificação e fóruns internos; com a participação de Alessandra R. Sellmer, gerente de Comunicação Corporativa América Latina na Atlas Copco Group; Igor Vazzoler, CEO da Progic e Wellido Teles, gerente de Comunicação Interna e Endomarketing na Ânima Educação.
Vazzoler começou lembrando da diversidade do público da comunicação corporativa, com diversos eixos como de diversidade, geracional, educacional, das especialidades de trabalho, local de trabalho – se remoto ou presencial, se é na linha de produção ou na frente do computador, ou dirigindo caminhão. “É uma diversidade ao cubo”, brincou. “E nós como comunicadores temos o desafio similar porque esse público tem diferentes preferências de consumo, de formas de prestar atenção, e temos que fazer a informação chegar em todos eles. E para conseguir isso temos lançado ferramentas com muitos canais de comunicação, e as áreas de comunicação tem o desafio de implementar esses canais, ver o que funciona ou não para garantir que o público esteja sempre alinhado”.
“Os desafios são grandes”, segundo Alessandra, “e estamos sempre redefinindo as estratégias”. A primeira coisa, ela ressaltou, “é conhecer nosso público, que estão distribuídos em fábrica, em campo, em escritórios em diversas localizações. Depois disso definimos a estratégia de uso de alguns canais. Aplicativos para pessoal em campo; email, chat, programas de embaixadores, TV corporativa. Para definirmos o uso desses canais fazemos pesquisas anuais com os colaboradores, para entender o que eles utilizam mais.
Wellido, falando do contexto de uma organização educacional, e também de forma geral, reforça que, para ele, não existe receita pronta de comunicação e esse olhar critico deveria ser feito quando analisamos cases de outras empresas. “Temos que observar como é moldada a cultura da empresa e a importância da escuta constante, inclusive com pesquisas anuais, principalmente para públicos segmentados e aí ir moldando as estratégias”. Ele utiliza como critério e nível de classificação das mensagens, com comunicações mais rotineiras, operacionais e outras na ponta, que deve ter engajamento. Depois disso definimos os canais, os momentos, regularidade.

Prosseguindo, foi a vez do painel Discurso que converge – O diferencial de cocriar com colaboradores, com Danila Cardoso, diretora de Pessoas da Motiva Larissa Santos Battistini, gerente executiva de Comunicação, Cultura e Eventos na RD Saúde; e Leila Gasparindo, CEO do Grupo Trama Reputale.
Leila citou seu mestrado da USP, e nele estudou a cultura da inovação. Para esse trabalho, entre 2013 e 2014, a CEO da Trama e conversou com as 10 empresas mais inovadoras do Brasil ranqueada pelo Valor Econômico, e identifiquei padrões do que estava sendo feito em termos de comunicação. “Ficou claro o uso da cocriação como uma solução. Temos um desafio cultural muito grande, pois a cultura brasileira tem traços não compatíveis com a cultura da inovação. Isso porque, por aqui a gestão é mais centralizadora, diferente de outros países onde se dá mais autonomia para os colaboradores. Outro dado é que os países que estão entre os 10 mais inovadores, principalmente os nórdicos, como Finlândia, têm uma distância hierárquica menor, ou seja, o gestor concentra menos poder e a gestão é mais participativa. E dá mais autonomia e voz ao colaborador e este é participativo de forma mais natural. A cocriação aparece como método de solucionar esse problema. Se o colaborador tem mais medo de se posicionar, ao entrar numa atividade de cocriação, ele entende que naquele meio ambiente não tem problema de confrontar o presidente, ou divergir de seu gerente. Faz parte da cocriação”.
Danila chama a atenção que o primeiro ponto é saber o que se quer comunicar, por que, como e para quem. E assim trazer a agenda de cocriação com base nessa agenda. “Isso não acontece naturalmente, precisa ter método. Ouvimos, nesse trabalho mais de 8 mil colaboradores, em rodas de conversas, algumas presenciais, e muitas online. Com todos os níveis hierárquicas. Cada um traz sua linguagem. Trazíamos como ponto a estratégia da empresa. E a área de Comunicação trabalha muito próxima da área de Pessoas, trabalhando conectado nessa agenda”.
Larissa também admite que a cocriação sempre foi uma evolução natural na comunicação interna. “Antes a gente comunicava olhando o colaborador como público-alvo e agora a comunicação interna precisa entender que a melhor maneira é trazer as pessoas para a conversa, através de suas histórias”. E lembra que as melhores campanhas que vivenciou ao longo de sua carreira nasceu das conversas com as pessoas e não em salas de decisões. Campanhas construídas com as pessoas e não para as pessoas.

O evento prosseguiu com o painel Liderar para o futuro – Comunicação como soft skill para além dos dados, com Carolina Prado, diretora de Comunicação para América Latina na Intel; Juliana Annunciato, gerente de Comunicação Interna na Natura e Rodrigo Dib, superintendente Institucional e de Inovação no CIEE.
Carolina abriu a roda de conversa dizendo que a liderança tem o papel de trazer o norte, junto com a comunicação. “Porque não tem como uma comunicação ser bem feita se não estivermos envolvido desde o começo, do planejamento. Em todos os momentos, principalmente nos de crise”.
Dib corroborou filosofando que um dos grandes desafios do gestor é significar os porquês. “Hoje, tudo o que a gente faz é muito pautado em dados, e tem que ser assim. Porque assim você pode pautar eficiência e na aplicação de recursos. Mas o mais importante do líder dentro de um cenário onde o dado pauta muito é o quanto o que você significa as coisas. Nós, como uma organização do terceiro setor devemos trazer o propósito do porque eu estou olhando para esse dado desta forma é muito importante, porque assim vem o engajamento. Cultura tem a ver como significar o propósito do porquê”.
Juliana complementou dizendo que a liderança explica os dados, os porquês, mostra os comos, usando a cultura corporativa para chegar nos resultados. “É a estratégia do dia a dia para gerar o engajamento. Costumo dizer para os meus times que eu sempre quero estar e sempre procuro estar disponível para eles, quando eles me procuram. E a primeira coisa que eu faço no início da semana é uma reunião para dar clareza, checando sempre o entendimento”.

Novo painel: Conteúdo de centavos – Como engajar o público interno cada vez mais disperso, com Cleide Cavalcante, gerente executiva de Comunicação Corporativa na Progic; Elizeo Karkoski, sócio-diretor da P3K; e Marcelo Cosentino, gerente de Comunicação Interna e Externa na Edenred (saiu esta semana da Toyota).
Falando de sua estrutura atual da Edenred, empresa que Cosentino começou a trabalhar nesta data, ele informou que a estrutura de comunicação responde por um diretor executivo que tem outras atribuições, não apenas a Comunicação – RH e outras frentes – e uma equipe de Comunicação bem reconhecido internamente. E a respeito da Toyota disse que tinha um diretor de comunicação interna e externa e um time de comunicação com alguns analistas. Atuando em multinacionais Cosentino analisou que as dificuldades e as dores são as mesmas independentemente de suas culturas.” Depois da pandemia e o boom de informações, se gerou a necessidade que a informação chegue às pessoas”.
Cleide, citou uma pesquisa da Progic, que acontece anualmente e é uma das maiores pesquisas de comunicação interna no país, com quase 300 respondentes. E aponta os principais desafios da comunicação interna das empresas. Onde 53,9 das empresas diz que a principal dificuldade é comunicar efetivamente com todos os colaboradores, principalmente no ambiente operacional. “Mais da metade das empresas não conseguem chegar aos colaboradores com efetividade. E outros dois aspectos problemático: uma liderança pouco engajada (51%), um tema recorrente; e em terceiro lugar, o relacionado a dados – 40% das empresas não mensuram a comunicação interna”.
Karkoski justifica, olhando para o mercado, que muitas vezes a empresa quer comunicar tudo literalmente, as vezes só informacional. “Mas as pessoas não precisam saber de todas as etapas, de todo o tipo de informação. É uma questão de segmentação da cultura e mensuração que nos dá o direcionamento como que de fato as pessoas estão consumindo as informações”.
O penúltimo painel foi Notificação da ansiedade – Porque grupos de WhatsApp precisam acabar, com Helio Martins Jr., gerente de Multimídia na Justiça Federal (TRF3); Hugo Godinho, CEO da Dialog e Renato Acciarto, Relações Institucionais e especialista em Comunicação Corporativa, Interna e Digital.
Para iniciar, Acciarto ofereceu o contexto que na pandemia o uso do WhatsApp explodiu nas empresas, pois muitas não tinham uma ferramenta de comunicação interna “Tem problemas do ponto de vista jurídico, mas não se tem dúvida de sua eficiência”, disparou. E explica que o problema é que o WZ pode ser um revólver na mão do macaco, porque muita gente usa sem moderação, sem limites e muita gente usa sem noção, com mensagens a qualquer hora do dia e da noite.
Martins destacou que sim, existe uma certa falta de noção de querer enviar uma mensagem via WZ a qualquer hora e sem pensar, dentro do ambiente corporativo. E concordou com Acciarto, reconhecendo que a ferramenta é excepcional, mas mal utilizada é um perigo. “Essa postura de não se saber o que é urgente e o que é importante, acaba afetando a saúde mental das pessoas e o ambiente de trabalho. O WZ é algo pessoal misturado com o profissional”
Godinho concorda: “As notificações constante e horários inesperado geram problemas crônicos e ansiedade sim, segundo pesquisas. O limite entre o pessoal e o profissional não está claro, mandar um WZ para a família as 22 horas é uma coisa, agora, no mundo das empresas não faz sentido um gestor enviar um projeto nesse horário, mas vemos que isso é bem comum e grave. Gera ansiedade e uma noção que as pessoas devem estar disponíveis o tempo todo. Se tornou um mal necessário no mundo e hoje”.

E finalmente o painel Mais que mil palavras – O impacto da marca pessoal da liderança, com Beatriz Imenes, vice-presidente da Planin Fabricio Costa, gerente sênior de Comunicação e ESG na GSK Brasil; e Fernanda Dabori, CEO da Advice Comunicação Corporativa.
Fernanda lembrou que esse tema do painel e um dos que está mais em voga hoje em dia quando se fala em comunicação, que é o papel do líder nesse processo. “Existe uma série de pesquisas que falam que o líder sendo uma pessoa ativa na comunicação acaba gerando o engajamento na equipe, melhora a atração de novos colaboradores, e a reputação da própria companhia”.
Fabrício também trouxe dados do mercado. A pesquisa da Edelman de 2024 mostra que 74% dos colaboradores esperam que os líderes tomem a frente a comunicação. “Principalmente dos temas importantes como debates sociais e temas internos. Temos diversas referências e grandes empresários referência na comunicação, como Steve Jobs da Apple”. Outro dado de pesquisa apresentado por Fabrício foi que líderes que se apresentam de forma transparente gera níveis de confiança 33% maiores entre os funcionários. Outra pesquisa, da McKinsey, diz que empresas que tem comunicação eficaz com colaboradores tem até 25% mais produtividade. “Ou seja, são dados que embasam o que estamos falando aqui hoje, sobre a importância do líder com a comunicação”.
Beatriz concorda com esses dados que mostram a importância da comunicação interna e a liderança, e o que ela diz estar vendo nos últimos anos são as lideranças estar se preocupando cada vez mais em se comunicar bem. “Antes, aquele que falava muito ou que postava muito ou que aparecia mais era visto como vaidoso ou alguém que queria tomar o espaço de outra pessoa. Mas hoje existe a percepção que é preciso se comunicar bem e se posicionar em determinados momentos. Nem aquele líder que ficava muito escondido, ou que falava só em determinados ambientes, hoje está vendo a importância de se posicionar melhor, e ter mais cuidado quando se comunica. A comunicação interna hoje não fica mais só no âmbito da companhia e indo para fora, via redes sociais. A liderança está mais preocupada em se comunicar com mais eficiência”.
Publicado em Portal da Comunicação
O 4º Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores continua hoje, terça-feira, 3/6
Assista aqui ao primeiro dia.
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