Tecnologia

Conheça 5 dilemas sobre o uso de Inteligência Artificial pelo RH

de Redação em 2 de agosto de 2019
Crédito: Shutterstock

Por Tiago Machado, sócio-fundador da Rocketmat

Mito 1 – A inteligência artificial vai acabar com o meu trabalho
O progresso da robótica e da inteligência artificial poderá afetar 30 milhões de trabalhadores até 2026, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em março.

Globalmente, a consultoria global Mckinsey projeta que até 375 milhões de vagas deixarão de existir. De fato, funções com tarefas repetitivas serão o grande foco da substituição pela tecnologia. Mas, há um lado positivo nessa história: primeiro, porque novas profissões são criadas a cada dia no rastro justamente das mudanças promovidas pela transformação digital. Segundo, porque as características socioemocionais das pessoas estarão cada vez mais em alta. Prova disso é que o relatório Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, mostrou que habilidades como originalidade, pensamento crítico e iniciativa serão cada vez mais valorizadas.

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Mito 2 – A inteligência artificial prejudica o processo seletivo da minha empresa
Um recente estudo da Gallup mostra o quanto essa informação é incorreta. Segundo o instituto, as empresas norte-americanas estão perdendo, a cada ano, aproximadamente US$ 1 trilhão com a rotatividade voluntária de profissionais.

Em 2014, a consultoria Robert Half já revelava essa tendência no Brasil, quando a rotatividade de funcionários por aqui chegou a 82% nos três anos anteriores à divulgação do estudo. Tudo isso indica que os atuais processos de seleção das empresas precisam mudar. E a inteligência artificial responde exatamente ao desafio de reter talentos, a partir de escolhas mais assertivas.

O crescente número de organizações utilizando a tecnologia para o recrutamento é a prova do quanto a IA, quando implantada de modo correto, é eficaz nessa missão. Existem soluções que traçam um perfil de sucesso com o uso de um algoritmo, capaz de analisar as características de milhares funcionários da empresa, deixando a subjetividade de lado, para evitar viés ou preconceitos no preenchimento da vaga.

Mito 3 – A inteligência artificial promove a diversidade nas empresas
Para promover a diversidade sabemos que é preciso eliminar as barreiras de entrada nas empresas, pautadas por opiniões sexistas, conservadoras e demais argumentos sem nenhum fundamento profissional.

A inteligência artificial é a grande aliada das áreas de RH nesta missão. Por meio de algoritmos, o processo de seleção toma como base o perfil da vaga e as características necessárias para preenchê-la, eliminado vieses discriminatórios acerca de raça, gênero, idade ou classe social. E mais: essa forma de recrutamento reforça a importância das habilidades socioemocionais em detrimento às questões meramente formais, como o nome de universidade que o candidato cursou ou a passagem do candidato por determinada empresa.

É preciso resolver de vez a questão do preconceito, como apontado no estudo publicado pela Sociological Scienc, mostrando que os profissionais negros, de origem asiática e de outros grupos étnicos eram quase sempre prejudicados em processos seletivos. A pesquisa foi realizada em nove países: Bélgica, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Noruega, Suécia, Canadá e Estados Unidos.

Mito 4 – É perigoso implantar uma ferramenta inteligência artificial na área de RH de uma grande empresa.
Sim, é verdade, já que os fornecedores de softwares de tecnologia precisam estar munidos de mecanismos de segurança para a proteção dos dados que serão analisados. Sabemos que o RH é o guardião das informações dos colaboradores, e considerando a possibilidade de acesso às informações desses departamentos pelos algoritmos, é fundamental trabalhar apenas com empresas certificadas por organismos reconhecidos internacionalmente, como a GDPR (General Data Protection Regulation) ou Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, norma europeia que entrou em vigor em maio de 2018.

Mito 5 – Um robô será meu chefe
Há uma série de dilemas éticos quando o assunto é inteligência artificial. Um deles, por exemplo, é a possibilidade de um “robô” baseado em aprendizados e informações sobre determinados funcionários substituir o papel de um chefe no ambiente de trabalho e tomar uma decisão, por exemplo, de demitir um funcionário baseado em seu desempenho. Isso não é real, sobretudo porque as decisões de uma empresa – certas ou não – são tomadas pela palavra final de líderes, cujas competências humanas os qualificam para aquela posição.

Mas não faltam histórias especulando justamente o contrário. Recentemente, o New York Times noticiou que a companhia de seguros Metlife utiliza um robô para dar feedbacks sobre o desempenho dos funcionários do call center durante as ligações. Dependendo da voz e da postura do atendente, os algoritmos davam conselhos ao colaborador para que mantivesse sua produtividade. Não tenho dúvidas de que a inteligência artificial é benéfica, no entanto, casos como esses trazem boas reflexões sobre como utilizar essas soluções a nosso favor e de forma ética.

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