Comunicação interna

Engajar a liderança e fazer a comunicação chegar a todos os colaboradores: desafios para 2025

Mais da metade das empresas consultadas em pesquisa da Progic e da Indicafix relatam desafios para se conectar com todos os públicos da companhia. Líderes não estão repassando a mensagem

de Jussara Goyano em 26 de fevereiro de 2025
Anatoliifotos, via Freepik.com

A quarta edição da pesquisa Comunicação Interna Trends, realizada pela Indicafix e pela Progic, revelou dados cruciais sobre os desafios e as oportunidades que as empresas apontam em suas estratégias de comunicação interna. Apresentado no evento Comunica Aqui: Caminhos para o Futuro da Comunicação com Colaboradores, realizado no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, neste 26 de fevereiro, o levantamento mostrou que fazer a comunicação alcançar todos os colaboradores e formar uma liderança comunicadora ainda demandam esforços dos departamentos de RH e comunicação das organizações.

Segundo o estudo, os assuntos relacionados à gestão de pessoas são, por sua vez, os mais trabalhados pela comunicação interna. Cerca de 84,1% das empresas reportaram que estão investindo em comunicação voltada para questões de recursos humanos, seguida das questões relacionadas a datas comemorativas (64,4) e ao bem-estar e à saúde dos colaboradores (54%). Contudo, 53,9% das corporações relatam que a comunicação não chega a todos os públicos.

A pesquisa revelou, ainda, que um dos maiores desafios nas empresas é o desengajamento da liderança na comunicação. Embora 85,1% das empresas reconheçam a importância da alta gestão na disseminação de informações estratégicas, apenas 9,3% afirmam que a liderança está muito envolvida com a comunicação interna. Além disso, 58,8% das organizações ainda não possuem programas estruturados para capacitar seus gestores.

Os dados se tornam preocupantes diante do fato de que o modelo de trabalho majoritário das companhias pesquisadas (289, no total) é o presencial – a desconexão que se atribuía ao modelo remoto segue também na jornada tradicional, sugerindo uma má implementação do plano estratégico para conectar pessoas às necessidades do negócio.

Disputa ou paradigma?

Vazzoler, da Progic: questão de paradigma

“O fato de que existem muitos problemas de comunicação interna nas empresas, mesmo elas sendo presenciais, enquanto o principal argumento de quem defende um trabalho presencial é justamente a questão de [eficácia de] comunicação, de cultura e de engajamento, tem a ver com a não mudança de paradigma”, observa Igor Vazzoler, CEO da Progic. Para ele, toda a gestão deveria ser revista no pós-pandemia, para que tanto o remoto quanto o modelo tradicional pudessem prosperar na conexão entre colaboradores e a estratégia do negócio. O que não aconteceu e ainda desafia a comunicação interna.


Outra questão apontada pelo executivo, e que impacta o engajamento e o alcance da comunicação, é a própria competitividade do mercado. “As empresas competem e é muito fácil você chegar numa situação em que está todo mundo sobrecarregado. Lideranças, colaboradores… então há de se reconhecer que existe um fator, às vezes, um pouco fora do controle das pessoas.”

“Principalmente em relação ao papel da liderança na comunicação interna, existe aí uma disputa”, entende, por outro lado, Suzel Figueiredo, CEO da Indicafix. “A liderança não é engajada porque eu não tenho programas de comunicação para engajá-la ou eu não tenho programas de comunicação porque ela não é engajada? É papel do gestor de comunicação interna desenhar modelos, desenhar programas, processos e ações para que a comunicação da liderança possa ser preparada.”

Suzel acrescenta ao quadro o fato de que o impacto na comunicação também só acontece “quando todas as pessoas têm acesso aos canais de comunicação, quando elas entendem o conteúdo e quando esse conteúdo ajuda nos desafios de negócio”. O melhor “mix”, segundo a executiva, “seria ter uma liderança superengajada e superpreparada para comunicar, e o apoio de canais que possam atender todos os perfis de públicos da organização”.

Canais de comunicação e sua efetividade

Suzel, da Indicafix: mix deve conter liderança engajada e ferramentas

Sobre os canais de comunicação, a pesquisa também abordou aqueles mais utilizados pelas companhias. Embora o e-mail (96,2%) e o chat interno (77,8%) ainda sejam as plataformas mais comuns, a pesquisa mostra que o whatsapp ainda é um canal importante, utilizado por 56,1% das empresas. Muito embora seu uso tenha caído 2%, em relação ao ano passado. Canais mais dinâmicos começaram a ganhar maior adesão, especialmente em grandes organizações. A TV Corporativa teve um aumento de 10 pontos percentuais, com uso por 43,6% das corporações, seguida de aplicativos, podcasts e impressos.

“Para nós, um ponto importante é que a tecnologia, ao lado de uma boa estratégia, tem um papel fundamental em empresas que ainda enfrentam dificuldades para se comunicar com seus colaboradores, especialmente em setores como transporte e indústria, onde a comunicação remota nem sempre é viável”, comentou Suzel Figueiredo.

Mensuração da comunicação interna e o impacto nas estratégias

Outro ponto crítico abordado pela pesquisa foi a falta de mensuração da comunicação interna. Quase 40% das empresas não realizam qualquer tipo de avaliação sobre a eficácia das suas ações de comunicação interna, dificultando a comprovação do impacto dessas ações nos resultados de RH e no atingimento das metas organizacionais.

“Sem uma mensuração clara, as empresas não conseguem demonstrar o valor da comunicação interna e sua contribuição para a melhoria da experiência do colaborador”, afirmou Suzel Figueiredo. A pesquisa destacou que apenas 31,1% dos profissionais de comunicação interna têm uma visão clara sobre o planejamento estratégico da empresa, o que evidencia a falta de integração entre comunicação e os objetivos globais de negócio.

Prioridades para 2025: RH e a comunicação da cultura organizacional

A pesquisa apontou que, em 2025, comunicar a cultura e a estratégia da empresa será a principal prioridade para 51,56% das organizações. O fortalecimento da comunicação da liderança também é uma prioridade crescente, com 40,8% das empresas destacando esse tema como um foco estratégico, o que representa um aumento de 6,8% em relação a 2024.

“Quando a gente passa a entender que comunicação interna não é só as pessoas poderem trocar e-mail e conversar em um chat ou numa rede social, mas que o papel dela é principalmente a construção cultural, a construção de paradigmas internos na empresa, e a gente começa a entender que ela é estratégica”, conclui Vazzoler.

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