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Entre oportunidades e limites: o papel da Inteligência Artificial na nova era do RH

Segundo pesquisa recente da Pluxee, 75% dos profissionais enxergam a IA como uma aliada capaz de otimizar rotinas e decisões no ambiente de trabalho

de Fabiana Galetol em 20 de maio de 2025
RedgreyStock, via Freepik.com

Imagine um processo seletivo onde currículos são analisados em segundos, sem vieses inconscientes, e os candidatos mais compatíveis com a cultura da empresa são automaticamente sinalizados. Ao mesmo tempo, pense em um colaborador que recebe, de forma personalizada, recomendações de capacitação e ações de engajamento, com base em dados que preveem sua possível desmotivação. Essa realidade, antes digna de ficção científica, já está transformando — e revolucionando — o dia a dia do RH, graças à Inteligência Artificial.

Segundo pesquisa recente da Pluxee, realizada com mais de 2 mil pessoas, 75% dos profissionais enxergam a IA como uma aliada capaz de otimizar rotinas e decisões no ambiente de trabalho. Mas, ainda assim, cerca de 32% temem pela segurança dos seus empregos diante da automação. Não por acaso, estamos vivendo uma revolução silenciosa, na qual o RH precisa se reinventar se tornando uma ponte entre dois mundos: o da eficiência dos algoritmos e o da sensibilidade humana.

A potência da IA nos bastidores da gestão de pessoas

Um estudo da PwC aponta que, até 2030, a IA pode contribuir com um aumento de até US$ 15 trilhões no PIB global. E uma das áreas mais diretamente beneficiadas será justamente a de gestão de pessoas, com ganhos em produtividade, retenção de talentos e assertividade em contratações.

A IA já está sendo usada para automatizar triagens de currículos, cruzar competências técnicas com indicadores comportamentais, analisar sentimentos em entrevistas gravadas e até prever desligamentos futuros. E o impacto não para por aí: com ferramentas baseadas em machine learning, é possível mapear padrões de queda de engajamento e sugerir, automaticamente, ações para reverter esse quadro — como uma trilha de desenvolvimento personalizada ou uma conversa com o gestor.

A expectativa para o setor de recursos humanos é de que a tecnologia libere os profissionais de tarefas operacionais para que possam se dedicar ao que realmente importa: cuidar de pessoas.

O fator humano diante da lógica algorítmica

Embora os benefícios da inteligência artificial sejam evidentes, os desafios éticos e emocionais não podem ser ignorados. Muitos profissionais ainda demonstram resistência à ideia de decisões importantes sendo tomadas por algoritmos — especialmente em temas delicados como promoções, desligamentos ou avaliações de desempenho. As principais preocupações giram em torno da perda do fator humano, da possibilidade de parcialidades nos dados utilizados e da falta de transparência sobre como essas decisões são construídas.

Construir confiança nesse novo cenário exige mais do que tecnologia de ponta: requer ética, comunicação clara e um RH preparado para mediar, questionar e humanizar o uso da IA. É exatamente aí que o novo papel do RH ganha força — não como mero aplicador de soluções tecnológicas, mas como elo entre o que os dados indicam e o que a escuta ativa revela. A inteligência artificial não deve ser uma substituta da empatia, e sim uma aliada poderosa na missão de potencializar a capacidade humana de cuidar de pessoas.

Tecnologia com ética, pessoas com propósito

O Fórum Econômico Mundial estima que, até 2027, 42% das tarefas laborais serão executadas por máquinas e algoritmos. Isso não significa desemprego em massa, mas sim uma redefinição de papéis. O RH do futuro — e do presente — precisa estar preparado para promover uma transição ética, inclusiva e transparente.

Para isso, três pilares são fundamentais: educação digital; ética nos dados e governança da IA. A confiança será construída à medida que os colaboradores entenderem como os algoritmos funcionam, quais dados estão sendo usados e como as decisões são tomadas. E mais: é essencial garantir diversidade nas equipes que desenvolvem essas tecnologias, para evitar vieses e promover justiça.

A IA é, sem dúvida, uma revolução sem volta. Mas, como toda grande transformação, exige escolhas conscientes. No RH, ela não representa o fim dos profissionais, e sim sua reinvenção. É a oportunidade de transformar dados em ações, e ações em relações mais autênticas. De tornar o setor mais estratégico, assertivo e conectado às reais necessidades dos talentos. Desde que, claro, mantenha viva a essência que torna o trabalho verdadeiramente significativo: a conexão entre pessoas. Porque, no fim das contas, não se trata de substituir o fator humano — e sim de ampliá-lo. De usar a tecnologia como alavanca para ambientes mais justos e eficientes.

A revolução chegou e ela não tem rosto, mas precisa de propósito!

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Fabiana Galetol

Diretora Executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee no Brasil. A executiva acumula passagens pelas áreas de RH, comunicação interna e externa, gestão de marca/publicidade e canais de distribuição, com vivência internacional nos Estados Unidos e países da América Latina. Possui vasta experiência em negócios, direcionamento estratégico, aconselhamento e planejamento de gestão de pessoas. Antes da Pluxee, atuou como Head de Comunicação na IBM Brasil, empresa onde permaneceu por mais de 29 anos. Formada em Economia pela Universidade Federal Fluminense, Fabiana também é pós-graduada em Comércio Internacional pela Fundação Getúlio Vargas e Marketing pelo IBMEC. É mentora voluntária na Leading.Zone, startup de desenvolvimento humano.