CONARH

Estagiário contribui para o negócio e não será substituído pela IA

Segundo pesquisa do CIEE, seis em cada 10 gestores de RH não acreditam que a inteligência artificial (IA) vai substituir a figura do estagiário dentro do ambiente corporativo

de Jussara Goyano em 30 de agosto de 2024
Freepik.com

Segundo levantamento do Centro de Integração Empresa Escola – CIEE, ONG de inclusão social e empregabilidade jovem da América Latina, seis em cada 10 gestores de RH não acreditam que a inteligência artificial (IA) vai substituir a figura do estagiário dentro do ambiente corporativo. O estudo foi divulgado no 50° CONARH, principal evento de recursos humanos, que aconteceu de 27 a 29 de agosto.

Já na outra ponta da pesquisa, entre aqueles que acreditam na substituição do estagiário pela IA, ao menos 53,7% dos respondentes afirmam que as tarefas menos complexas estão sendo automatizadas. A pesquisa ouviu 202 gestores de RH, entre os dias 12 e 20 de agosto de 2024. O questionário foi realizado em todas as regiões do País. 

A percepção do impacto da IA no setor, segundo Simone Lopes, supervisora da Unidade Guarulhos do CIEE, “muito pelo contrário, é de que a inteligência artificial veio como uma ferramenta para auxiliar nos processos de recrutamento e seleção, para apuração de perfis, mas que não vai haver substituição”. A executiva entende que “por trás da IA tem o ser humano que a formata para atender as necessidades que a gente tem como profissionais de RH”.

A grande questão por trás da relação entre gestores e estagiários e, por consequência, está no radar do RH, antes da IA, é “o conflito na hora de liderar esse estagiário, esse jovem aprendiz”, entende Simone. Gestores e RHs, em maioria na faixa dos 40 anos, têm desafios em lidar com a faixa etária entre 14 e 21 anos, que corresponde à idade dps estagiários e aprendizes contratados via CIEE. Contudo, “as empresas começaram a entender que não é necessariamente um conflito da geração”, diz a executiva.

“É preciso entender como esses jovens estão se comportando, olhar para o comportamento deles, dar voz para eles, e perceber que muitas vezes eles não têm mais a mesma linguagem que o jovem tinha há 40 anos atrás”, recomenda Simone.

Durante o CONARH o CIEE recebeu mais de 840 empresas interessadas em ampliar seu quadro de estagiários e aprendizes. Durante o evento, buscou divulgar a reestruturação implementada pela ONG em seus sistemas para melhorar o auto-atendimento para essas companhias, além de mostrar o custo-benefício futuro na contratação e formação de mão-de-obra jovem para essas organizações, consolidando o compromisso CIEE em ampliar a empregabilidade juvenil no país.

IA como diferencial de processos seletivos jovens

Outra expoente comprometida em alinhar demandas do mercado e dos jovens, a Companhia de Estágios, divulgou no CONARH sua inteligência artificial atrelada aos processos seletivos, incrementando e apoiando, também, as seleções gamificadas, além de sua aplicação na gestão de contratos, nacionais e internacionais e à aprendizagem.

De olho no perfil dos candidatos jovens, “as empresas estão bastante preocupadas em contratar de forma rápida e de garantir uma experiência muito positiva para eles”, avalia Tiago Mavichian, CEO da empresa, certo de que a tecnologia é indispensável para este feito. Até porque, mesmo que não seja contratado, o candidato passa adiante a percepção positiva que obteve sobre aquela organização.

Parte do time que não acredita que as companhias devem substituir estagiários por IA, Mavichian entende que a contribuição desse profissional iniciante é fundamental. “O estagiário era conhecido antigamente por fazer atividades muito operacionais e básicas”, lembra Mavichian. Hoje, contudo, “tem muitos times que sem estagiário não conseguem rodar bem, entregar bem, então a gente vê cada vez um estagiário mais ativo e participativo”, nota o executivo.

“Na nossa visão, mesmo com a vinda da inteligência artificial generativa, o estagiário tem espaço para atuar e atuar de forma pensante, contribuir com ideias e efetivamente contribuir para o time”, entende Mavichian.

“Isso é bom para a empresa que conta com um RH, com um estagiário que tem energia, que contribui efetivamente e bom para o estudante que aprende e acelera o seu desenvolvimento. Todo mundo ganha”, destaca o CEO da Companhia de Estágios. “O estagiário, como qualquer outro profissional, é a parte criativa, é a parte pensante, é a parte que contribui para o negócio. E acho que isso vai continuar sendo assim.”

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