Um levantamento inédito realizado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) revelou as expectativas de estagiários em relação ao futuro profissional, além de seu panorama atual no mercado de trabalho. A pesquisa, encomendada ao IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), no âmbito do 15º Prêmio CIEE Melhores Programas de Estágio, e conduzida com quase 12 mil estudantes, reflete as aspirações de uma nova geração que, apesar de enfrentar desafios econômicos, demonstra otimismo quanto às oportunidades de crescimento e inserção no mercado.
Ao serem questionados sobre o futuro profissional, mais da metade dos estagiários, 51%, revelou o desejo de ser efetivado na empresa onde realizam o estágio. Esse número é ainda mais expressivo nas regiões Nordeste e Norte, com 54% de adesão. Para muitos, o estágio é visto como a porta de entrada para o mercado de trabalho, e a expectativa é que a experiência adquirida durante esse período se traduza em uma oportunidade de contratação formal.
Por outro lado, 20% dos estudantes disseram almejar uma vaga no regime CLT, demonstrando que a formalização do vínculo empregatício continua sendo uma aspiração relevante. Já 13% afirmaram que ainda estão indecisos sobre qual caminho seguir após a conclusão do curso, o que indica uma busca por maior clareza em relação às suas carreiras. Outros 11% dos estagiários se interessam por novas experiências de estágio, antes de finalizar a graduação, enquanto 3% vislumbram a possibilidade de empreender, e 2% têm o desejo de trabalhar ou estudar fora do Brasil.
Apesar de muitas incertezas no cenário econômico, a visão dos estagiários sobre o futuro do mercado de trabalho também se destaca. Em um questionamento sobre o futuro do registro em carteira de trabalho, 63% dos entrevistados discordaram da ideia de que a CLT, como conhecemos, possa desaparecer nos próximos anos. Para a maioria, a proteção oferecida pela carteira assinada ainda é vista como um direito importante. No entanto, a ideia de que a CLT limita a liberdade dos trabalhadores não é compartilhada por todos, com 60% dos estagiários afirmando que a modalidade não restringe sua autonomia profissional.
Renda média
Além das expectativas de efetivação, a pesquisa também abordou a situação financeira dos estagiários, revelando que muitos deles enfrentam desafios para equilibrar as despesas pessoais e familiares com a remuneração recebida. Cerca de 48% dos quase 12 mil estagiários entrevistados têm renda familiar de até R$ 2.824,00 e são responsáveis pelo sustento da família. Ainda no recorte de renda, pelo menos 16% dos estagiários afirmaram compor o orçamento familiar com o Bolsa Família, 9% contam com outros benefícios Federal/Estadual/Municipal, e 2% recebem o BCP (Benefício Assistencial de Prestação Continuada). A Bolsa-Auxílio, que atingiu um valor médio de R$1.108,10, tem como destino principal o pagamento de mensalidades escolares, seguido por despesas com moradia e alimentação. Em relação ao financiamento de seus estudos, 40% dos estagiários utilizam algum tipo de bolsa ou programa de financiamento estudantil, como o ProUni ou FIES, demonstrando a importância desses mecanismos para garantir o acesso à educação superior.
Em um panorama geral, a pesquisa reflete um momento de transição para esses jovens profissionais, que, enquanto buscam estabilidade financeira e profissional, também sonham com um futuro no qual as oportunidades sejam mais acessíveis e os caminhos mais diversos.