A educação a distância (EAD), no Brasil, ainda carrega alguns preconceitos que precisam ser anulados, uma vez que os cursos ofertados, na sua maioria, apresentam qualidade e o diploma tem a mesma validade que do ensino presencial, não há identificação do tipo da modalidade cursada no documento.
De acordo com a professora Esmeralda Rizzo, coordenadora do Centro de Educação a Distância da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os primeiros resultados do Enade que avaliaram alunos dessa modalidade de educação revelam um ótimo desempenho, fruto de um perfil acadêmico voltado ao autoestudo e materiais didáticos que estimulam as diversas formas de aprender. “Temos, na EAD, pontos muito positivos que incentivam a procura desses cursos. O aluno pode acessar a qualquer momento o conteúdo do curso por meio de dispositivos móveis como celular, tablet e computador. O contato com os outros alunos e o professor pode ocorrer por chat, fóruns e no encontro presencial que a maioria das instituições oferecem”, diz a professora. Ainda segundo ela, muitas das práticas de ensino e recursos da EAD estão sendo absorvidas no ensino presencial, uma vez que tais recursos ativam processos cognitivos típicos da nova geração digital.
Horário e locomoção
A modalidade EAD também auxilia o aluno que quer dar continuidade ao ensino e tem problemas de horário e locomoção, uma vez que ele não tem a necessidade contínua de se deslocar para a universidade e parte do processo pode ser feita conforme sua disponibilidade de tempo e local. “A EAD é uma realidade que, como qualquer outro processo, carece de amadurecimento e adaptação. Veio para ficar”, conclui a coordenadora.
Prova disso é o crescimento de 470% no número de alunos, entre 2011 e 2015, no Instituto Politécnico de Ensino a Distância (iPED), saltando de 700 mil alunos para 4 milhões. A partir de um censo realizado junto a esse contingente, a instituição percebeu que o número de mulheres que fazem algum curso EAD aumentou 18%, saltando para 54% do total de alunos. O estudo diz, também, que 49% dos alunos dessa modalidade são estudantes de graduação e 27% estão se preparando para o mercado de trabalho, dentre estes, 11% buscam cursos na área de idiomas e outros 11% na área de concursos públicos.
Ainda refletindo o atual momento do Brasil, em que a vontade de ter o próprio negócio ou administrar uma empresa são os maiores desejos das pessoas, o curso mais procurado na área é o de administração, com 16% do total de alunos. Os estados onde se concentra a maioria desses alunos estão no Sudeste, com São Paulo no topo (36%), seguido por Minas Gerais (14%) e Rio de Janeiro (12%).
E as perspectivas para a educação a distância são promissoras de acordo com estudo recente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Estima-se que o número de alunos dessa modalidade de ensino dobre em cinco anos no Brasil. Aproveitando a maré favorável para esse nicho de mercado, o Instituto Monitor, uma das escolas pioneiras em EAD no país, aposta na expansão de seus negócios. “Para este ano, estimamos um crescimento em nosso faturamento de 25%. Além disso, pretendemos ampliar nossa atuação no mercado, aumentando o leque de cursos oferecidos em nossos polos, e, futuramente, agregar também cursos de graduação e pós-graduação”, declara Eduardo Alves, diretor de relações com o mercado do Instituto.
Ele ressalta que o governo federal tem contribuído para a popularização da educação a distância por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB), que é um sistema integrado por universidades públicas oferecendo cursos de nível superior, principalmente, para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária. Essa ação tem dado prioridade à formação de professores que atuam na educação básica.
Criado em 2005, pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com a Andifes e empresas estatais, o Sistema UAB tem como objetivo principal expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no país. “Essa iniciativa tem contribuído para o processo de expansão da educação a distância por incentivar a criação de centros de formação permanentes, por meio dos polos de apoio presencial em localidades estratégicas, impactando diretamente nossa política de negócios”, destaca Alves.
Segundo o MEC, o ritmo de expansão de novos ingressantes foi de 12,2% na EAD, em 2013, enquanto na educação presencial o crescimento médio foi de 4,4% nos últimos anos, sendo que em 2011 e 2012 o ensino a distância teve mais matrículas (12%) do que a educação presencial (3,1%). Estima-se que até 2022 mais de um milhão de pessoas estejam matriculadas nessa modalidade de ensino, representando 16% do total de matrículas no mercado e um crescimento médio de 3,8% ao ano.
Hoje, cerca de 200 instituições atuam no segmento, sendo que outras 100 já pediram autorização ao MEC para oferecer o serviço. “A educação a distância é uma tendência em todo o mundo, inclusive quando falamos das grandes universidades internacionais, que têm apostado nesse setor de maneira crescente e intensa. No Brasil, a modalidade ganhou força com a popularização da banda larga e com essa nova geração de jovens nascidos em um ambiente 100% digital, abrindo assim novas expectativas de mercado”, finaliza Alves.