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Gamificação no RH: Em que as empresas estão errando?

As vantagens da gamificação já são bem claras no mercado corporativo. Como aplicar corretamente, nem tanto. Ainda assim, as perspectivas são promissoras

de Bruno Carone em 5 de maio de 2023
Prime Vectors, via Freepik.com

A gamificação é uma das principais tendências do RH em 2023 para a construção da jornada do colaborador, mas é preciso saber aplicá-la para não transformar o aprendizado em uma experiência negativa.

Por meio de jogos que simulam situações reais ou lúdicas, a estratégia visa a aplicação de elementos, lógica, técnicas, dinâmicas e mecanismos de jogo para ensinar a equipe a resolver problemas, desenvolver uma habilidade ou fixar uma aprendizagem. Segundo o estudo da Universidade de Colorado Denver, as atividades de treinamento e desenvolvimento com gamificação podem aumentar a retenção de informações em até nove vezes em comparação com demais técnicas. Além do impulso na produtividade da equipe, o recurso fortalece a cultura organizacional e combate o estresse do dia a dia.

O contexto de gamificação no RH também apresenta dados favoráveis de aceitação por parte dos colaboradores. Uma pesquisa do TalentLMS mostra que a gamificação torna 87% dos entrevistados mais produtivos, 84% mais engajados e 82% mais felizes no trabalho. Isso significa que é só começar a implementar a gamificação na sua empresa que a produtividade vai aumentar? Não necessariamente.

A dificuldade mais perceptível no processo de adoção da gamificação entre as organizações está na área de Recrutamento & Seleção. Um levantamento da Mindsight mostra que 76% dos quase 3,4 mil respondentes demonstraram sentimentos negativos ou de indiferença em relação a ferramentas de gamificação, sendo esse o principal fator de frustração no processo seletivo. Errar logo no início dessa jornada pode ser prejudicial para o índice de atração de talentos e, consequentemente, a reputação da empresa. É preciso considerar a ansiedade intrínseca a essa etapa entre os candidatos para garantir que a experiência seja positiva. Toda a dinâmica precisa ser transparente, otimizada e alinhada, com uma via de mão dupla. E o RH deve considerar que, talvez, o processo seletivo não seja o melhor momento para a aplicação dessa técnica, e isso deve ser feito com os funcionários já contratados.

Quando o candidato se torna colaborador, o cuidado com a experiência gamificada continua com a gestão de pessoas e não pode ser aplicada superficialmente. Vale ressaltar que o recurso não é restrito a elevados orçamentos de grandes corporações e pode ser utilizado por organizações de todos os portes e segmentos, considerando as diferentes áreas do negócio. O fator-chave para a implementação positiva da gamificação no cotidiano do quadro interno está em conhecer o seu perfil para direcionar as dinâmicas mais apropriadas.

A partir disso, existem cinco elementos essenciais para o sucesso da gamificação no RH.

1. Narrativa
Uma boa história é o segredo mais importante da gamificação, pois é ela que vai conduzir o raciocínio do participante e estimulá-lo a seguir em frente. É o recurso que vai verdadeiramente conectar o participante ao jogo e ao seu propósito.

2. Personagem
É fundamental, também, que o participante entenda a sua posição, importância e relevância no jogo. Em experiências online ajuda no engajamento se as pessoas tiverem a oportunidade de ampliar esse sentimento de pertencimento caracterizando avatares para se diferenciar dos demais jogadores.

3. Fases do jogo
Para que a gamificação no RH faça sentido, o jogo deve ser composto por desafios a serem superados e problemas a serem resolvidos, com missões e objetivos bastante claros. A recomendação é que o jogo comece em um nível fácil e a complexidade vá aumentando conforme as etapas forem sendo vencidas.

4. Pontuação e ranking
O ser humano é naturalmente competitivo. Por isso, contribui para o aumento do engajamento quando a gamificação no RH atribui pontos para cada acerto do participante, aumentando essa pontuação de acordo com o nível de dificuldade da missão concluída. O objetivo é que cada participante se sinta estimulado a superar a si mesmo e aos demais.

5. Recompensa
Nada estimula mais os profissionais do que ser reconhecido por seu esforço e dedicação acima da média e recompensado por isso. Isso vale tanto em ações do dia a dia, quanto em projetos especiais e também na ação de gamificação.

O ponto de atenção aqui está em premiar de uma forma diferenciada, flexível e significativa, que agreguem real valor à vida de quem deles usufrui. Algo em prol de sua qualidade de vida e saúde mental. Fica muito claro que quanto mais flexível e especial é o benefício, torna-se melhor para a empresa e para o colaborador. Nesse sentido, é útil que o RH seja bastante estratégico e ofereça experiências inesquecíveis, como o crédito para viagens. Com esse benefício, os colaboradores têm a possibilidade de escolher quando, como, para onde e com quem viajar.

As vantagens da gamificação já são bem claras no mercado corporativo. Como aplicar corretamente, nem tanto. Ainda assim, as perspectivas são promissoras para os negócios que buscam investir na experiência do colaborador.

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Bruno Carone

Cofundador da startup Férias & Co.