Consultoria Sitawi, especializada em iniciativas ESG (do inglês, Environmental, Social & Governance – ambiental, social e governança ) já havia alertado à mídia, em 2021, a pouca atenção dada a ações corporativas de inclusão e equidade racial. Apenas três companhias com títulos circulando nas Bolsas de valores, entre duas centenas de organizações abordadas pela empresa, possuíam políticas afirmativas raciais, em novembro do ano passado. Outros levantamentos deram conta, ainda, da diminuição na quantidade de conselheiros negros, que já não são muitos, nos conselhos administrativos das indústrias. Ao passo que uma parcela significativa de gestores se preocupa, e inicia o ano reafirmando seu posicionamento antirracista.
A Alelo, especialista em benefícios, gestão de despesas corporativas e incentivos dentro dos segmentos de alimentação, cultura, transporte e saúde, uma das empresas em fase de consolidação desse posicionamento, é a mais nova signatária da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial. Movimento foi criado há aproximadamente 6 anos por representantes da sociedade civil, do empresariado e do poder público, abrangendo em torno de 60 companhias brasileiras, responsáveis por faturar, juntas, mais de R$ 1,3 trilhão, em diversos setores. O Índice de Equidade Racial Empresarial (IERE) da Iniciativa é, hoje, uma das principais métricas a orientar processos e avaliações de inclusão efetiva a partir das ações afirmativas étnico-raciais nas organizações.
“É com muita satisfação que recebemos a Alelo. Unidos vamos contribuir com a promoção da igualdade racial; avançar do discurso para ações práticas e disruptivas”, diz Raphael Vicente, diretor geral da Iniciativa.
Assim como Magalu, BASF, GPA e WMcCann, entre outras ligadas ao movimento, a Alelo intensifica, assim, seu compromisso de buscar desempenho significativo na abordagem da temática étnico-racial, impactando diretamente na inclusão e geração de oportunidade para o negro no mercado de trabalho.
Benchmark da inclusão
Outras iniciativas tem surgido ou se consolidado como importantes referenciais de mercado e meios de estabelecer parâmetros internos para ações afirmativas étnico-raciais. O Índice ESG de Equidade Racial (IEER), relacionado ao Pacto de Promoção de Equidade Racial, criado em 2021, é um dos novos caminhos encontrados pelas companhias para medir e nortear políticas inclusivas.
O Pacto tem como apoiadores institucionais entidades como FecomercioSP, Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A gestão é Associação de Promoção da Equidade Racial (entidade privada e sem fins lucrativos). A adesão ao Pacto é voluntária e gratuita, as métricas do IEER, por sua vez, são aplicadas por entidade certificadora contratada pela empresa e atuante segundo os parâmetros estabelecidos pelo Pacto. O índice acaba por moldar os processos da gestão de pessoas e políticas ESG das companhias – a divulgação dos resultados é opcional, mas passa a ser obrigatória, após 18 meses de prazo para que melhorem suas práticas inclusivas, igualitárias e as avaliações.
Quase tão antigo quanto o movimento incorporado pela Alelo, o Selo Sim à Igualdade Racial, outra iniciativa que promove políticas empresariais antirracistas e inclusivas, é gerido pelo Instituto Identidades do Brasil. Trata-se de organização sem fins lucrativos comprometida com a causa racial, criada em 2016. Companhias como Coca-cola, Pepsico, C6Bank, entre outras, já aderiram ao Selo e passaram pelas avaliações que definem o estágio de inclusão e igualdade étnico-raciais em que se encontram, segundo parâmetros estabelecidos pelo Instituto – trata-se das fases de Compromisso, Engajamento ou Influência por meio de ações afirmativas de temática racial. Metodologia está alinhada às metas da Organização das Nações Unidas (ONU), de reduzir a desigualdade racial no mercado de trabalho, e a desigualdade, em geral, em todos os países, até 2030.
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