Quanto valem 5 minutos? Para a Solar Coca-Cola, muito. Esse foi o tempo economizado em processamento de dados diário após a empresa investir em uma tecnologia capaz de mapear atividades e identificar pontos de atenção para a melhoria na produtividade.
A Solar, localizada no Nordeste, trabalha com 11 mil colaboradores, e é a segunda maior produtora e distribuidora da marca de refrigerante no Brasil. Portanto, qualquer ganho de tempo é significativo. Com o software da parceira Fhinck, houve uma economia de tempo próxima de 110 horas mensais nas 46 unidades da empresa. Foi concluído que um colaborador gastava, todos os dias, cerca de 6 minutos só para a tarefa de tratamento dos dados, o que consumia cerca de 40 horas mensais.
Mais análise, menos repetição
“O tempo de execução dessa rotina foi reduzido para apenas um minuto, sendo importante destacar que, agora, uma única execução por dia é capaz de produzir as informações para todas as unidades simultaneamente”, explica Cláudio Fontes, diretor de Tecnologia da Informação e Serviços Compartilhados da Solar. Ele afirma que o tempo economizado foi realocado e reaplicado em atividades mais analíticas e menos repetitivas.
Por meio da ciência de dados (Data Science), que é um método multidisciplinar que traz conhecimento estatístico e de programação, a solução mapeia toda a jornada e interação de trabalho dos colaboradores ao identificar perfis de comportamento desses usuários diante das máquinas e de seus processos diários, bem como mapeia rotinas, tarefas, plataformas e sistemas.
A Fhinck garante que a solução, após instalada nos computadores, aumenta em 15% o tempo total em treinamentos e multiplicação de conhecimento, até 19% em ganho de padronização de processos e aproximadamente 21% em iniciativas de melhoria de sistemas e ambientes de TI.
Ambiente de confiança
O case da fabricante é apenas um dos muitos exemplos que comprovam o sucesso da inserção de tecnologia nas empresas. Porém, com a tendência crescente no mercado, é necessário que os recursos humanos caminhem lado a lado com a evolução digital para garantir que a tecnologia e a humanidade não se prejudiquem.
“A partir da construção de um ambiente de confiança e de convergência de propósitos, logo após o início das medições, envolvemos os próprios colaboradores para participar da revisão dos processos, ajudando a especificar e testar as melhorias implementadas”, adiciona Fontes. Ele reforça, também, que os colaboradores acompanharam o trabalho com os resultados, o que motivou toda a equipe.
“Desde a concepção, tivemos apoio da estrutura de Business Partner de RH para delimitar exatamente o que pretendíamos com o projeto. Além disso, todo o material de comunicação foi cuidadosamente pensado para preservar o ambiente transparente e colaborativo que já era comum na realidade corporativa da Solar”, conclui.
Humano em foco
O mesmo processo de digitalização acontece em demais empresas, que convidam a uma reflexão da cultura nova assim como os passos que a gestão humana deverá dar diante dos desafios da mudança para o digital.
“As tendências mostram que, cada vez mais, a gestão de pessoas será totalmente remota, no entanto, o RH liderará a construção de uma cultura digital, sem perder a conexão e a interação entre as pessoas”, avalia José Monteiro, diretor de RH da DHL. “É preciso planejar digitalmente, mas com foco nos valores e expectativas humanos como, por exemplo, desde o processo de acolhida na integração de novos colaboradores, avaliar desempenho e fornecer feedback, até tornar a pausa do cafezinho totalmente digital e remota.”
Para alguns executivos, há ainda pontos de atenção diante da aceleração na aplicação de tecnologia. Como, por exemplo, o risco de delegar tudo de forma digital, o que pode tornar os processos impessoais.
Essência que faz a diferença
“Mesmo com a digitalização, o RH não pode perder a sua essência: as pessoas. Precisamos entender a relação entre as pessoas, com anseios, sentimentos e preocupações, mas também com potencial”, diz Leandro Figueira, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo Marista. Ele também cita a necessidade de mais atenção aos processos, com linguagem afetuosa, bom sistema de suporte de recursos humanos, acompanhamento de tendências em saúde e remuneração, além de ter colaboradores com um mindset digital no time de RH.
No Grupo Marista, são feitas lives com os heads em que se discutem com os colaboradores assuntos como saúde mental, saúde física, gerenciamento financeiro e mindfulness. “Além disso, os líderes passaram a ter um dashboard, com acesso mobile aos principais indicadores de RH dos seus times: grade salarial, demografia, indicadores de desempenho, entre outras informações.”