Pesquisa recente realizada pela Thomas Brasil aponta que 89% das organizações estão dispostas a investir em treinamentos à distância para seus colaboradores. A necessidade desse investimento, compreendida pelas empresas, fica clara em outro levantamento – de acordo com o Fórum Econômico Global, até 2025, pelo menos 50% dos profissionais vão precisar desenvolver novas habilidades para se manter no mercado de trabalho, ao passo que, segundo a consultoria McKinsey & Company, 87% das empresas não possuem o talento que precisam para o futuro. Adotar a modalidade on-line para tanto é opção que emerge dos modelos híbridos de trabalho e faz jus à preferência dos colaboradores: um estudo do LinkedIn apurou que 79% dos profissionais têm adesão aos modelos virtuais de formações e treinamentos.
Para atender à demanda anunciada, a educação continuada corporativa se consolida em todas as áreas de negócios e profissões – e ganha novos contornos, permeada pela tecnologia e por uma jornada individual de aprendizado, flexível, com reflexos para a vida pessoal e com a consistência requerida para fazer jus às atualizações hoje promovidas de maneira tradicional, mas de maneira seriada, acelerada, permitindo rápida aplicação dos conhecimentos obtidos. Trata-se do chamado lifelong learning, ou aprendizado contínuo ao longo da vida, adaptado aos novos tempos. Modelo on-line encontrou total convergência ao conceito, por permitir personalização e flexibilidade ao processo de aprendizagem, mobilizando EdTechs na criação de soluções para o mercado corporativo.
Implantação não difere
Para aderir ao lifelong learning de maneira assertiva em seus treinamentos corporativos on-line, a empresa precisa ter em mente os pilares desse modelo de educação, que não diferem do necessário na implantação do conceito em modelo presencial. De acordo com a Lifelong Learning Council Queensland (fórum oficial sobre o tema), existem quatro pilares essenciais nesse processo de aprendizagem. São eles: aprender a saber (criar cultura que incite a busca constante por conhecimento), aprender a fazer (dar sentido ao aprendizado), aprender a conviver e aprender a ser (compartilhar o conhecimento e saber explorar seu próprio potencial). Empresas especializadas do setor recomendam que esse mindset de desenvolvimento contínuo permeie todas as esferas, hierarquias e a jornada do colaborador na organização. Estudos recentes revelam, ainda, que o envolvimento das lideranças nesse processo é crucial.
“Em países da Europa e nos Estados Unidos, grande parte das empresas implantaram programas de ensino continuado para os seus funcionários. No Brasil esta tendência também está começando a se manifestar. É uma prática que melhora eficiência e eficácia da força de trabalho e cresce a motivação e taxas de retenção dos funcionários, já que permite uma evolução contínua do domínio do profissional em sua própria carreira. A pandemia apenas acelerou esta tendência”, destaca Rafael Steinhauser, Rafael Steinhauser, presidente do conselho da EdTech EBAC.
Satisfação e employer branding
“Além de resultados práticos relacionados às demandas, os benefícios da educação continuada são amplos e impactam, também, a satisfação e engajamento dos colaboradores”, ressalta, ainda, Nicolle Gonçalves Santos, head de B2B e Centro de Carreiras na EBAC. O oferecimento de programas de educação continuada já faz parte da composição das grandes marcas empregadoras, sendo decisivo na retenção de talentos.
“Investir em lifelong learning significa investir no desenvolvimento pessoal e profissional, formando equipes capazes de se destacar dos outros concorrentes e solidificando o espaço da empresa no mercado”, entende por sua vez, Eliane Iwasaki, Head of Revenue Growth da Voxy, outra EdTech, destacando o diferencial do conceito, que é permitir também o desenvolvimento de soft skills e a evolução pessoal, para além das habilidades técnicas.
“Todos devem ter a clareza que precisarão se reinventar e se atualizar constantemente, para que sejam relevantes no mercado de trabalho, por muitos anos. É um desafio social”, lembra Vanessa Lemos, CEO da EdTech Plural Lifelong Learning.