Ninguém gosta de pensar no medo. Menos ainda de pensar que está sentindo medo. É, de fato, angustiante.
O medo é uma emoção densa, porém necessária. É um campo gravitacional emocional muito forte. E todo mundo, de repente, está sendo puxado para este centro gravitacional que é o medo. O sentimento primordial, que temos quando não sabemos o que fazer diante do perigo iminente.
Tanto no mundo corporativo quanto nas casas, as pessoas estão tendo contato com algo que elas não sabem o que é.
Elas se encaram no espelho: “O que está acontecendo comigo?”.
O medo provoca ansiedade. Um sofrimento por algo que talvez nem aconteça. Também é um tipo de medo. Mas as pessoas não sabem lidar.
Frente ao isolamento social provocado pela pandemia, as pessoas falam: “eu não sei lidar com este desafio à minha frente”. E sentem a ansiedade, o medo imaginário que leva ao estresse do não saber.
Está formado o triângulo — o medo do real, a ansiedade que é o medo imaginário e o estresse que é a incapacidade de lidar com os medos.
Isso faz lembrar o termo inteligência emocional, que passou a ser usado a partir dos anos 1990, e difundido pelo Daniel Goleman.
Chegamos ao ponto. E é um ponto delicado.
Ponho-me no seu lugar. Você, líder de uma equipe em home office. Todos vivendo uma situação inédita na empresa. Todos buscando no líder um norte. Mas o líder – você – também perdeu o seu próprio norte.
Novamente, um espelho se coloca à sua frente: “O que está acontecendo comigo?”.
A vida está fazendo, neste momento, um convite para todos os seres humanos. Este, não há como recusar. Ou seja, temos que enfrentar o que está aí. E essa emoção negativa chamada medo, só se consegue vencer entendendo a vulnerabilidade deste momento.
Aceitar que, “sim, sinto medo”, é o primeiro passo para caminhar nesse mundo das emoções internas que pouco ou nada se conhece. É aprender a ouvir as palavras que não são ditas. E essa, para mim, é a habilidade emocional que não estamos acostumados a exercitar.
Mas a situação atual no mundo e, principalmente no Brasil, faz com a gente navegue e se perca nesse mar de medo, incerteza, ansiedade, estresse.
No desafio imposto pela vida, remar contra a maré é uma condição. É a condição.
Em resumo: é tempo de se ouvir mais e falar menos. Falar somente o que tem força emocional, que venha a ajudar as pessoas a passarem por este momento com coragem.
Não está fácil para ninguém, todo mundo está experimentando algum grau de medo. E o que vence esse medo é aprender a lidar com a vulnerabilidade. Lembrarmos que não estamos sós. Enfrentarmos os nossos medos para que sejamos competentes emocionalmente para prosseguir. E conduzir.