BlogaRH

Eu tenho medo. E não sou o único.

A situação nova da quarentena e da reclusão social tem colocado as pessoas em contato com sentimentos que não sabem lidar

de Renato Ribeiro em 17 de abril de 2020

Ninguém gosta de pensar no medo. Menos ainda de pensar que está sentindo medo. É, de fato, angustiante.

O medo é uma emoção densa, porém necessária. É um campo gravitacional emocional muito forte. E todo mundo, de repente, está sendo puxado para este centro gravitacional que é o medo. O sentimento primordial, que temos quando não sabemos o que fazer diante do perigo iminente.

Tanto no mundo corporativo quanto nas casas, as pessoas estão tendo contato com algo que elas não sabem o que é.

Elas se encaram no espelho: “O que está acontecendo comigo?”.

O medo provoca ansiedade. Um sofrimento por algo que talvez nem aconteça. Também é um tipo de medo. Mas as pessoas não sabem lidar.

Frente ao isolamento social provocado pela pandemia, as pessoas falam: “eu não sei lidar com este desafio à minha frente”. E sentem a ansiedade, o medo imaginário que leva ao estresse do não saber.

Está formado o triângulo — o medo do real, a ansiedade que é o medo imaginário e o estresse que é a incapacidade de lidar com os medos.

Isso faz lembrar o termo inteligência emocional, que passou a ser usado a partir dos anos 1990, e difundido pelo Daniel Goleman.

Chegamos ao ponto. E é um ponto delicado.

Ponho-me no seu lugar. Você, líder de uma equipe em home office. Todos vivendo uma situação inédita na empresa. Todos buscando no líder um norte. Mas o líder – você – também perdeu o seu próprio norte.

Novamente, um espelho se coloca à sua frente: “O que está acontecendo comigo?”.

A vida está fazendo, neste momento, um convite para todos os seres humanos. Este, não há como recusar. Ou seja, temos que enfrentar o que está aí. E essa emoção negativa chamada medo, só se consegue vencer entendendo a vulnerabilidade deste momento.

Aceitar que, “sim, sinto medo”, é o primeiro passo para caminhar nesse mundo das emoções internas que pouco ou nada se conhece. É aprender a ouvir as palavras que não são ditas. E essa, para mim, é a habilidade emocional que não estamos acostumados a exercitar.

Mas a situação atual no mundo e, principalmente no Brasil, faz com a gente navegue e se perca nesse mar de medo, incerteza, ansiedade, estresse.

No desafio imposto pela vida, remar contra a maré é uma condição. É a condição.

Em resumo: é tempo de se ouvir mais e falar menos. Falar somente o que tem força emocional, que venha a ajudar as pessoas a passarem por este momento com coragem.

Não está fácil para ninguém, todo mundo está experimentando algum grau de medo. E o que vence esse medo é aprender a lidar com a vulnerabilidade.  Lembrarmos que não estamos sós. Enfrentarmos os nossos medos para que sejamos competentes emocionalmente para prosseguir. E conduzir.

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail


Renato Ribeiro

CEO da Love My Job

Renato Ribeiro é especialista em storytelling, CEO da Love My Job, consultoria em educação corporativa, de São Paulo.