Gestão

Metas ESG estreitam relacionamento entre RI e RH

Executivos da área de Relações com Investidores vêem como fundamental o papel do RH na integração da comunicação e produção de indicadores

Dados que circulam dentro e fora da empresa devem ter coerência – essa é uma percepção do mercado quando o tema é ESG (sigla para a tríade em inglês Environmental, Social & Governance, referente a metas de gestão social, ambiental e transparência preconizadas atualmente nas empresas). Trata-se, ainda, de questão pétrea entre executivos da área de Relações com Investidores (RI) nas companhias de capital aberto. Informações, por sua vez, devem refletir ações reais das organizações.

Tendo em vista que o ESG muitas vezes está sob o guarda-chuva dos Recursos Humanos (RH), e que a comunicação também pode ser facilitada pelo RH , o trabalho em parceria desse departamento com profissionais de RI se torna cada vez mais uma realidade.

Mingone, do IBRI: parceria para implementar processos e práticas cada vez melhores
(Divulgação)


Para Rafael Mingone, Rafael Mingone, diretor técnico e membro da Comissão de ESG do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI),  os dois departamentos tem papéis estratégicos na disseminação de informações e diretrizes de práticas e cultura das companhias. “Assim como o RI reverbera para o mercado de capitais, o RH tem o mesmo papel com a força de trabalho”, destaca o executivo.

Em se tratando de ESG, segundo ele, é importante ter uma visão e um tratamento interdisciplinares sobre os temas da pasta.  Para ilustrar essa interdisciplinaridade, Mingone cita políticas de remuneração e diversidade, sobre as quais versaram novas instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – órgão regulador do Mercado de Capitais – este ano.

É preciso alinhar os ponteiros dos departamentos, garantindo que as práticas internas correspondam às demandas da instituição normativa, que, por sua vez, refletem a posição de stakeholders, explica o executivo.

“Não adianta discutir ESG, dar transparência ao relatório, se a remuneração está atrelada a indicadores tradicionais. É preciso criar mecanismos de incentivo”, ressalta, sobre o papel dos RHs, que nesse sentido foram chamados a melhorar as políticas das empresas segundo as expectativas do mercado.

De acordo com Mingone, é necessário parceria para implementar processos e práticas cada vez melhores. “É importante, ainda, o alinhamento na produção dos indicadores”, entende, sobre a relação entre RH e RI e seus impactos nos públicos interno e externo.

Áreas vinculadas

Natasha, da Dexco: caminhar junto não é tendência, é necessidade
(Arquivo Pessoal)

No que diz respeito ao tema ESG, “é impossível não vincular boas práticas de RI com boas práticas de RH”, entende, por sua vez, Natasha Utescher, diretora vice-presidente do IBRI e gerente de Relações com Investidores da Dexco.

“Quando a pauta veio com muita cobrança, o trabalho indoor passou a ser muito exposto”, ela explica, sobre a necessidade de excelência dentro e fora das organizações e em todos os seus setores. Para a executiva, momento requer uma “comunicação alinhada de fato, uma parceria muito maior do que a que já existiu no passado”. E pontua: “Não é nem uma tendência, é uma necessidade as áreas estarem caminhando junto”.

Regiane Abreu, da Walk4Good: Desafio é cada um entender sua importância para o ESG
(Divulgação)

Regiane Abreu, especialista em Sustentabilidade na Walk4Good, comenta que, quando há áreas estratégicas para dados sensíveis aos stakeholders, e que muitas vezes não se conversam, isso gera conflitos na própria organização – cita exemplos de áreas como sustentabilidade, report (responsável pelos relatórios) ou comunicação, RI e RH quando não estão alinhadas, reafirmando, portanto, a necessidade de integração entre os departamentos.

Regiane lembra que o ESG é uma forma unificada de gestão, de enxergar os temas da pasta de maneira estratégica para a empresa e trabalhar corretamente as metas da agenda. “O desafio é fazer cada um entender que o seu trabalho tem um forte viés ESG, entender o seu papel nisso”, acredita a executiva, sobre o que ela enxerga como importante contribuição do RH, que reflete naquilo que se revela ao investidor.

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