Como garantir saúde física e mental das equipes que atuam no comércio foi o tema do painel Bem-estar fora do Estoque, do Fórum Melhor RH Varejo, promovido pela Plataforma Melhor RH em junho deste ano. Na discussão estiveram presentes Emerson Carlos Zamboli (Gerente de Saúde Ocupacional, Medicina e Segurança do Trabalho da Claro Brasil), Rodrigo Filus (Gerente de Saúde, Segurança, Ergonomia e Plano de Saúde da Volkswagen do Brasil) e Sérgio Amad (CEO da Fiter). Soluções para um ambiente de trabalho saudável e equilibrado, em programas efetivos de saúde e segurança ocupacional, fizeram parte do repertório abordado pelos speakers.
O setor tem se debruçado a estudar maneiras de evitar problemas como ansiedade, estresse e burnout gerados pelas tarefas repetitivas, horários irregulares e longas jornadas em pé que ainda são a realidade de grande parte da linha de frente do varejo. Filus afirmou que a promoção da saúde física e mental tem sido desafiadora, seja na indústria ou no setor de comércio. Ele conta alguns detalhes do Programa Viva Bem Volkswagen de qualidade de vida que trabalha com quatro pilares principais.
O pilar social atua junto à comunidade. O pilar de saúde física, junto a alguns parceiros, motiva colaboradores e familiares a buscar o hábito da atividade física. O pilar da segurança do trabalho tem um foco muito atuante dentro da companhia. E o pilar de saúde mental permeia as questões psicossociais. Esse pilar passou por renovações com atenção primária, secundária e terciária, por meio de plataforma que oferece terapias gratuitas, acompanhamento e gestão de cuidado, mindfulness e muito mais.
“É onde a gente vê o trabalho preventivo ter algum tipo de efeito. Não é fácil identificar a causa raiz e temos ao longo dos meses com as nossas equipes técnicas de médicos, psicólogos, terapeutas, tentando encontrar as causas raiz. Os achados iniciais já nos dão ferramentas para que a gente atue junto com os gestores de uma maneira preventiva a contribuir na jornada de nossos colaboradores”, explica o executivo.
Amad, por sua vez, entra na sequência compartilhando sua experiência de 13 anos no varejo como Diretor de RH e conta que nos anos 2000, quando a transformação digital ainda não era tão popular como é hoje, a descoberta foi de que dados apontavam que quanto mais passos o colaborador dava, menos doente ele ficava. Com essa informação, houve incentivo a fazer esporte e um projeto da empresa em que ele trabalhava começou a beneficiar os colaboradores que tinham maior engajamento com atividade física, possuíam maior percentual de ajuda de custo para inglês ou faculdade.
O executivo também comenta cases de empresa brasileiras que estão medindo felicidade no ambiente de trabalho. “Felicidade, pela Neurociência, é a capacidade do cérebro ativar o prazer com quatro gatilhos: 1- compatibilidade com o cargo, 2 – orgulho de atuar na empresa, 3 – o clima no ambiente de trabalho, 4 – sensação de produtividade. Esses quatro fenômenos produzem mais cortisol no cérebro”, explica o CEO da Fiter.
“Quando esses colaboradores medem a felicidade, há um feedback para eles”, continua. E aborda a avaliação realizada por sua empresa por meio de assessments, que objetiva fazer um diagnóstico das habilidades, competências, aptidões cognitivas e motivações de um colaborador. Estudos comprovam que o processo de assessment realizado com ferramentas robustas é capaz de alcançar uma precisão de 70% na predição do desempenho de um profissional.
O segundo fator, para ele, é capacitar a liderança para que eles tenham instruções e saibam lidar com os desafios da saúde mental. E o terceiro, alerta o CEO, é ter a ação efetiva, afinal só mensurar dados e não fazer nada, não gera resultados. “Quando você tem um dado, você consegue trabalhar antes que aconteça o fator que a gente chama de resultante. Causa e efeito. Se só trabalhar no efeito, você vai fazer só mitigação de risco. O grande ponto é você atuar com dado positivo e ajudar essas pessoas”, diz Amad. “Ciência de dados vem salvando vidas no planeta Terra”, finaliza o CEO.
Já Zamboli traz informações da Organização Mundial de Saúde – OMS, que classificam o Brasil como um dos países que apresentam mais ansiedade no mundo. Assim como a Previdência Social e o Ministério da Economia apontam que a segunda causa de afastamento do trabalho no país são os transtornos mentais. O executivo apresentou o cenário da Claro, que tem cerca de 300 lojas próprias no varejo com aproximadamente 4 mil colaboradores.
Ele explica que a empresa prioriza o oferecimento de um bom convênio médico e que possui muitos benefícios para o colaborador e sua família. Além da telemedicina e da diversidade de especialidades médicas, há também a oferta do atendimento psicológico.“Nesses primeiros meses, a gente já está vendo que 40% dos contatos acabam terminando no atendimento psicológico”, comenta Zamboli. E complementa dizendo que há o convite para que o colaborador entre no programa de cuidados.
“Doenças crônicas, por exemplo, vão ser acompanhadas e cuidadas por uma equipe médica e toda vez que ele precisar, entra em contato e é atendido pela mesma equipe”, diz ele.
Além disso, o executivo apresentou o Programa de Apoio Pessoal Claro PAP, no qual o colaborador e a família podem entrar em contato a qualquer momento com um especialista para apoio psicológico ou social.
Já o Programa Cuidando de Si e Cuidando do Time, que treina os líderes de diversos níveis para seu autoconhecimento e também entender os transtornos mentais, como lidar com eles, identificar e motivar os tipos de perfis presentes na equipe e ter ferramentas para ajudar seus colaboradores.
Há também programas de treinamento de ética que aborda assédio moral. Na questão da saúde física, a Claro tem uma experiência bacana com provas de circuito de corridas que já acontece há 12 anos na companhia aberto a todo o público que tenha interesse em participar.
O resumo desse painel aponta para como é essencial falar em saúde mental no ambiente de trabalho, afinal, os números falam por si. O estado emocional ruim acaba por gerar queda na performance e no engajamento, trazendo prejuízos tanto para o colaborador, quando para a empresa.
As companhias têm colocado o bem-estar nos holofotes de suas ações de RH, pois entenderam que pessoas que estão bem, produzem mais.
Produtividade, capacitação e equilíbrio
No mesmo evento, o painel Upselling de habilidades discutiu Como dosar capacitação, motivação e pressão por resultados no varejo. Desta vez na presença de Carolina Storelli (Gerente de Atração, Seleção e Diversidade da Movida), Cássia Monteiro (Gerente de Comunicação Interna da Kavak)
Cláudia Zem (Diretora de Educação Corporativa da Leroy Merlin). As executivas compartilharam experiências sobre estratégias para um treinamento contínuo e adequado, a importância de identificar habilidades-chave, o impacto de programas de mentoria e job rotation e o diferencial de políticas de recompensa.
Cássia lembrou que o varejo tem uma fama positiva de educar, transmitir conhecimento e gerar conexão. Cláudia concorda e credita o fato à dinamicidade do setor. Para ela, o cliente é o responsável, pois tem um elemento surpresa, uma necessidade que não sabemos qual é. Claro que conhecemos o perfil do público, mas cada indivíduo é único em seus desejos. Ela atribui ao dinamismo do varejo a popularidade do setor como um primeiro emprego e uma grande escola para o profissional iniciante. Carolina, por sua vez, lembra a questão das vagas operacionais, em que a rotatividade acaba sendo bem alta por conta do desenvolvimento ser também muito dinâmico.
Sobre como criar as habilidades nos profissionais do setor, “Essa mudança do varejo nunca foi tão latente. Faz tempo que o varejo não é só mais a loja física. Existem vários canais de vendas e de relações com o cliente”, comenta Cláudia e explica que na Leroy Merlin, uma das competências bem importantes é a capacidade de aprender, desaprender e reaprender, isso porque há um grande ecossistema no processo.
Ela elenca ainda mais uma habilidade essencial para atuar na loja física. Para ela é essencial que o colaborador saiba ouvir os clientes e fazer as perguntas certas para entender suas necessidades e desejos. Além de o colaborador também aprender a usar as ferramentas que atendam o cliente onde ele está. Se a ferramenta do WhatsApp é um canal forte de venda e atendimento, é preciso usá-la com maestria.
Carolina entra no debate e conta que na Movida o cliente está no foco do negócio. A experiência do cliente precisa ser acolhedora.
Essas reflexões levaram as participantes a pensar e compartilhar experiências de como a expectativa de seus clientes podem ser atendidas por meio de treinamentos, mentorias e educação que alinhe a cultura da marca com o desejo de seus consumidores. Carolina explica que na Movida há um novo projeto de loja – escola em que o colaborador é treinado dentro de um cenário real.
“A aprendizagem parece ser piegas, mas não é. Temos a tal da história da metodologia do 70, 20, 10 e ela vale muito para a vida. Só 10% a gente aprende na sala de aula. 70% do aprendizado é na vida prática. E por isso temos que incentivar cada vez mais essa prática”, completa Cláudia. Ela reforça a ideia de que o saber fazer passa pela vivência prática na jornada, tanto do líder, quanto dos liderados.
Nesse sentido, Carolina diz que a Movida tem uma escuta muito ativa para poder desenvolver tanto os líderes, quanto os liderados. Ela conta que além da loja – escola há muitas oportunidades de treinamentos e desenvolvimento na Universidade Movida.
As participantes são unânimes ao refletir como o senso de pertencimento é importante, seja em ações de inclusão e diversidade ou não. Os colaboradores que sentem orgulho de fazer parte daquele universo são os que mais multiplicam resultados.
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Assista ao evento completo em: https://bit.ly/3CP9y9Q
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