Gestão

No lugar certo

de Mariana Basso em 19 de novembro de 2010

Desde que entrou na Ticket, em 1991, Marcelo Soldado já galgou boas oportunidades profissionais. De responsável pelo contato com os pontos comerciais, ele se tornou depois de dois anos gerente comercial, passando a se relacionar com os clientes intermediários que fornecem os benefícios aos restaurantes, bares, supermercados, postos de gasolina, oficinas e lanchonetes. E, este ano, foi promovido a gerente de vendas da área corporate, subindo ao seleto grupo dos 14 que encabeçam o setor. Atualmente, comanda uma equipe de cinco gerentes de negócios que atendem grandes contas. “Sempre me orgulhei de fazer parte do núcleo comercial da organização e de representá-la junto aos clientes, tanto por seu pioneirismo quanto pelo cuidado em proporcionar todas as condições para que as pessoas evoluam em paralelo à sua consolidação no mercado”, conta.

A promoção aconteceu, pois, em 2007, o executivo foi inserido no Projeto Certificação, ação voltada para o desenvolvimento e o reforço das competências dos colaboradores alinhadas às exigências requeridas para cada função. Durante o período do programa, o executivo participou de diversos treinamentos comerciais que foram sustentando sua carreira ao longo dos anos, incluindo MBA na Fundação Getulio Vargas, financiado em sua maior parte pela companhia. “Alcancei minha evolução profissional e pessoal com o apoio da empresa, que disponibilizou recurso, tempo e dedicação para que eu desenvolvesse o auto-conhecimento e pudesse desempenhar uma função de acordo com meu potencial”, ressalta.

Soldado é apenas um exemplo bem-sucedido do projeto que, de 2009 até hoje, beneficiou com promoções e mudanças de cargo por mérito cerca de 25% dos profissionais da Ticket. Essa iniciativa em prol da valorização de seu pessoal vem refletindo no aumento do volume de vendas, da fidelização dos clientes, assim como na elevação dos salários variáveis mensais e das fatias de PLR revertidas às pessoas.

O projeto, aplicado inicialmente na área comercial e que já está sendo estudado para as outras áreas da empresa, tem como premissa que a eficiência na capacitação está atrelada a um ciclo contínuo de medidas para reciclar as competências técnicas e comportamentais dos indivíduos. Assim, a Ticket aposta no compartilhamento de conhecimentos por meio de especialistas multiplicadores para cada unidade de negócio, além de soluções de e-learning e de inteligência de mercado para garantir que as pessoas estejam sempre atualizadas a respeito das novas tendências do setor e das inovações de seus produtos e serviços.

Passo a passo
Desenhado com base no modelo de gestão da empresa e nas necessidades de manter seus resultados financeiros favoráveis, o projeto tem como fase inicial o mapeamento de todos os cargos e funções para verificar se as pessoas estão (ou não) nos cargos “corretos”, e em quais funções podem se sair melhor, de acordo com suas habilidades e competências. Depois desse mapeamento, há o treinamento (de acordo com a área) e a mudança, caso necessário. A ideia é identificar o que o colaborador precisa para percorrer o caminho de desenvolvimento profissional entre o nível atual e o ideal para ele e para a organização. E a responsável por todo esse mapeamento é a área de remuneração, que sustenta uma política de salários variáveis mensais de acordo com as metas atingidas, além da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) anual.

Diante disso, para desenvolver novas habilidades e renovar as já existentes, o núcleo de educação propôs um conjunto de ações de capacitação que foram validadas pelos gestores de recursos humanos e dispostas em um planejamento, priorizando a capacitação mais importante e centralizando os investimentos nas questões estabelecidas em consenso como mais críticas. A definição das capacidades essenciais ao desempenho de cada atribuição, que englobam as educacionais, incorporadas por meio do autoconhecimento, e o domínio das práticas de negócio levaram em conta a dinâmica e as demandas de mercado.

Falando da prática da ação, a gerente de desenvolvimento de RH e idealizadora do projeto, Edna Bedani, explica que o foco voltou-se para a equipe formada por 120 gerentes de negócio que trabalham em home office e precisam ser ágeis e assertivos para fornecerem o feedback que os consumidores desejam. E as maiores lacunas detectadas na análise das habilidades dos colaboradores foram as processuais e sistêmicas, como o maior domínio técnico dos produtos e de suas novas versões e o menor conhecimento de indicadores numéricos por aqueles que estão há mais tempo na organização. “O programa apontou a dificuldade no emprego de uma metodologia mais apropriada a fim de otimizar a condução dos projetos e simplificar a execução das tarefas”, conta a gerente.

Para solucionar esse problema, hoje, toda a equipe de vendas utiliza um software de Business Intelligence chamado Ambiente de Negócio, que possibilita o acesso on-line a toda a base de dados da companhia, tanto mercadológicos quanto detalhes sobre o core business. “Desenvolvida pelas áreas de marketing e de negócios, a solução notifica os usuários por e-mail quando são incluídas novas informações”, completa.

Os profissionais da unidade de operações e back-office, dedicados ao processamento dos pedidos e à atualização das novas versões dos produtos, também estão aderindo ao projeto, totalizando 400 integrantes por especialidade. E ainda no último trimestre deste ano será concluída a medição e o aperfeiçoamento dos conhecimentos dos gestores de RH em relação à legislação trabalhista, gestão de pessoas, ao treinamento e das demais qualificações necessárias aos profissionais da área.

Resultados sustentáveis

Entre os benefícios já obtidos com essa análise estão o aumento da produtividade e do comprometimento, alcance adiantado de metas estabelecidas, retenção de talentos, além do entrosamento maior entre empresa e colaborador – o que mudou, e muito, o cenário na Ticket, principalmente no que diz respeito ao clima e à motivação para trabalhar. “Hoje, somos uma companhia formada por pessoas certificadas com a mesma velocidade do mercado, satisfeitas com suas funções, recompensadas pelas competências desenvolvidas e motivadas para contribuir com seu melhor posicionamento no segmento em que atuam”, ressalta Edna.

A última pesquisa que avaliou a satisfação do pessoal, realizada em 2009, que considerou a qualidade do treinamento oferecido e a possibilidade de evolução dentro da organização, contabilizou sete pontos, dois números a mais que em 2008. Nas áreas com maior quantidade de pessoas foi constatada maior aceitação ao programa por elas agregarem os mesmos conhecimentos e incorporarem uma identificação comum. “A expectativa para 2010 é a obtenção de um nível de contentamento ainda maior”, adianta.

Isso sem falar nos números, como ressalta a executiva. “Os rendimentos satisfatórios demonstram como a cultura de capacitação interna repercute diretamente no desempenho dos negócios. Atualmente, a corporação atende 54 mil empresas-clientes e 5,3 milhões de usuários por meio de uma rede de 280 mil estabelecimentos credenciados em 4,8 mil municípios brasileiros”, afirma.

 

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