Marcos Nasimento é partner na Manstrategy Consulting / Crédito: Divulgação |
Se pesquisarmos no Google quais são as “competências do líder global”, o resultado é algo como 24 milhões de citações. E posso afirmar que não há um consenso sobre o que nossos líderes globais deveriam ter e praticar para serem mais efetivos. Mas há um conjunto que aparece bastante: ter perspectiva estratégica; foco e entendimento do cliente; habilidade de estar “antenado” com as tendências e mudanças; capacidade de construir e manter times engajados; saber tomar riscos; profundo conhecimento sobre o negócio em que atua; e algo que podemos chamar de humildade pedagógica.
E essa última característica chama atenção, pois traz um tom mais terreno a uma discussão que, por algum tempo, ficou no âmbito do sobrenatural, pois as competências atribuídas ao “líder ideal” estavam próximas a qualquer super-herói do novo filme de Os vingadores. E isso é fascinante, ainda que traga uma perspectiva insinuante sobre um princípio das boas práticas da convivência humana: a tal da humildade!
Uma de suas definições é provocativa: “humildade é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas”. Imagine você com um chefe direto assim. Ou melhor, o seu chefe direto, seu líder é assim? Você é assim? Dá para refletir, ao menos em uma dimensão dessa definição que é o “conhecer suas próprias limitações e fraquezas”! Você as conhece?
É com essa questão que precisamos analisar as verdadeiras competências necessárias para o desenvolvimento de um líder “global”. Das sete competências mencionadas, a que pode gerar mais alavancagem na carreira de um executivo que quer frutificar, ter sucesso sustentável e prevalecer no tal do “mundo plano” é justamente a humildade. E ela é simbiótica com a coragem. Se buscarmos em sua constituição etimológica, verificaremos que ela tem origem no latim humus, que é terra! Ou seja, para ser humilde, um líder precisa “voltar” à sua condição de terra, de pó. Convenhamos: para fazer isso, tem de ter muita coragem! Apenas líderes “fortes” e corajosos conseguem ser humildes. Os “fracos” não têm essa condição.
Humildade é, no fundo, ter os pés no chão. Saber que não sabe tudo e ter consciência daquilo que não domina. É pedir ajuda. É, sobretudo, ser generoso consigo mesmo e com seus liderados. E isso não é uma apologia a ser “Poliana”. Nada disso! É “apenas” ter os pés no chão para reconhecer o que precisa aprender e, aprender, praticar! Essa competência, esse “valor”, é a base para colocar – e manter – uma estratégia organizacional vencedora de pé e gerando resultados.
gora, se não quiser, a chave para o fracasso, segundo Beda, um monge inglês do século 11, é bem simples: é só “não perguntar o que se ignora”, “não praticar o que ensina”, e “não ensinar o que sabe”! Qual é sua escolha: a “difícil” humildade ou o fácil e arrogante caminho do fracasso?