Nos dias 27 e 28 de janeiro, o 5º Fórum Melhor RH Confiança, promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação, reuniu importantes lideranças da área de Recursos Humanos para discutir estratégias e desafios do mundo do trabalho. Entre os temas discutidos, a dificuldade de manter o foco e o engajamento dos profissionais em meio à sobrecarga de informações e novas exigências do mercado foi um dos destaques.
Dados do Fórum Econômico Mundial apontam que a distração constante e a falta de conexão com o trabalho estão entre os fatores que mais impactam a produtividade e a saúde mental dos profissionais. Segundo pesquisas da Microsoft Work Trend Index, 64% dos líderes dizem que suas empresas não têm um plano eficaz para enfrentar a crise de engajamento.
Diante desse cenário, dois painéis do evento abordaram o tema sob diferentes perspectivas: “Despertar da Presença – A Importância de Reconquistar o Foco no Agora” e “O Desafio do Turnover Operacional”.
O impacto do excesso de informação e a necessidade de foco
O painel “Despertar da Presença”, mediado por Adevani Rotter, contou com as participações de Cláudia Duarte Vergara e Patrícia Alexandre, que trouxeram reflexões sobre como o excesso de informação e as demandas incessantes do mundo corporativo estão prejudicando a produtividade e a saúde mental dos trabalhadores.
Cláudia Vergara trouxe um exemplo prático e bem humorado de como a distração se tornou um problema generalizado. Situações como a vivenciada pela speaker, ao ser chamada à participação do painel on-line, e distrair-se entre suas anotações e as diversas telas de orientação para iniciar sua fala, evidenciam o cenário de estímulos diversos e caos experimentado pelos profissionais frente à digitalização das conexões. “Isso mostra o quão importante é falar desse tema”, apontou.
Adevani Rotter, por sua vez, trouxe uma perspectiva sobre outro tipo de estímulo, que resulta na “infoxicação”, e que caracterizam os desafios da comunicação organizacional no mundo digital: “A comunicação acontece no tempo presente, aqui e agora. Mas o que temos hoje é um bloqueio cognitivo causado por excesso de informação. Antes, o problema era o ‘rádio peão’. Agora, temos a ‘infoxicação’, que paralisa as pessoas e as impede de processar o que realmente importa”.
Já Patrícia Alexandre reforçou que a solução para recuperar o foco passa pelo autoconhecimento e por pequenas práticas diárias: “Todo mundo fala que meditar é difícil, que não consegue. Mas é como eu digo: respira, para dois minutos. Ah, mas não dá tempo! Dá tempo sim!”.
Como a falta de engajamento impacta a retenção de talentos
A relação entre engajamento e turnover foi amplamente debatida no painel “O Desafio do Turnover Operacional”. Um dos destaques foi a alta rotatividade em setores operacionais, onde a falta de conexão com o trabalho é um dos principais motivadores para pedidos de demissão.
No painel, Sandra Vicari, VP de Gestão de Gente e Sustentabilidade do Assaí Atacadista, trouxe números e soluções para o caso de sua empresa: “Nosso desafio é imenso. Admitimos cerca de 3.000 colaboradores por mês e, para minimizar os impactos do turnover, temos focado em conhecer profundamente quem são as pessoas que permanecem conosco”.
Ela destacou que um dos perfis que mais se mantém na empresa é o de profissionais 50+, reforçando que a retenção depende de um olhar mais estratégico sobre o que realmente importa para cada grupo de colaboradores.
Kiko Campos, então Diretor Sênior de RH do Grupo Carrefour, reforçou que muitas empresas falham ao considerar “normal” o alto turnover nos primeiros meses de contratação:
“Muitas empresas ignoram o turnover nos primeiros 90 dias de trabalho, achando que faz parte do processo. No Carrefour, mostramos aos gestores que essa perda inicial tem um custo alto e um impacto negativo no moral da equipe.”
Para reverter esse cenário, as empresas estão adotando estratégias como entrevistas de permanência, para entender os motivos que fazem os profissionais ficarem, e plano de desenvolvimento personalizado, buscando alinhar as expectativas dos colaboradores com a cultura organizacional.
Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future, reforçou: “Não basta apenas medir o turnover. As empresas precisam investir em ferramentas preditivas para agir antes que o problema aconteça”.
O papel do RH e da liderança no combate à dispersão e à rotatividade
Em ambos os painéis, a solução apontada contra dispersão e rotatividade converge para um mesmo ponto: o papel essencial das lideranças no engajamento dos colaboradores.
Adevani Rotter destacou: “O papel do líder não é apenas entregar resultados, mas conectar as pessoas. E essa é a grande falha da comunicação organizacional hoje”.
Já Sandra Vicari abordou a importância da gestão de desempenho na retenção de talentos: “Turnover é um indicador de performance dos gestores. No Assaí, ele faz parte da remuneração variável dos gerentes”.
A discussão reforçou a necessidade de uma abordagem mais humana e personalizada para a gestão de pessoas, combinando tecnologia e desenvolvimento de líderes para promover um ambiente mais produtivo, focado e engajador.
A “modernidade líquida” tão mencionada nas teorias sociais e a transformação digital trouxeram desafios inéditos para as empresas, mas também abriram espaço para novas abordagens. A chave para um RH mais eficaz, como concluíram os painéis destacados, está em equilibrar foco e conexão, garantindo que as lideranças estejam preparadas para fortalecer o engajamento e a retenção de talentos.
Os desafios estão postos, mas as soluções também já estão sendo desenhadas. A adoção de ferramentas tecnológicas para reduzir o excesso de informação, a personalização das estratégias de retenção e o investimento na formação dos líderes se mostram passos fundamentais para transformar o ambiente de trabalho e garantir a satisfação dos colaboradores.
Assista aos painéis completos aqui!
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