Inovação

O futuro do trabalho começa com inovação e um RH transformador

Em um mundo em constante mudança, a inovação é o que faz do RH a ponte entre o presente e o futuro do trabalho

de Priscila Perez em 5 de julho de 2024
RH, inovação e futuro do trabalho Foto: Reprodução/Freepik

“Em um segundo, tudo pode mudar.” Esse é o slogan de uma rádio bem conhecida pelo público brasileiro, mas também poderia ser a descrição perfeita do ritmo acelerado de inovação que desafia o RH a reimaginar continuamente o futuro do trabalho. Em um cenário de mudanças constantes, é preciso se adaptar rapidamente aos novos processos para liderar a transformação de forma estratégica. Caso contrário, corre-se o risco de ficar para trás, preso a métodos obsoletos que já não correspondem à realidade, comprometendo não apenas a gestão de pessoas, mas o futuro da organização.

RH, inovação e futuro do trabalho
Letícia Toledo, da do Banco PAN

Sendo assim, a adaptabilidade não é apenas uma qualidade desejável no currículo, mas uma característica indispensável para o sucesso de empresas e pessoas. No entanto, quando pensamos em inovação e no futuro do trabalho, há outra característica que o RH não pode ignorar: a proatividade. Segundo Letícia Toledo, superintendente executiva de Pessoas do Banco PAN, é essencial antecipar as necessidades futuras da organização, atuando como um facilitador. “O RH deve ser proativo, criando um ambiente que permita o crescimento e a inovação, atuando sempre como um visionário e um usuário inteligente da tecnologia para construir um ambiente de trabalho sustentável e bem-sucedido”, resume.

É preciso se posicionar

Entretanto, o desafio é mais complexo do que ir além das tarefas administrativas. Com o mundo mais acelerado do que nunca, um RH que se limita a contratar e demitir pessoas é totalmente contraproducente. Em vez de potencializar o desenvolvimento do capital humano, essa abordagem inviabiliza qualquer possibilidade de inovação, enfraquecendo a cultura organizacional, a competitividade e a própria conexão com os colaboradores. O caminho deve ser o inverso, como bem aponta a porta-voz do Banco PAN. “O RH deve estar preparado para analisar cenários e se posicionar em diversas áreas da empresa, desempenhando um papel de resolução e não apenas consultivo. Ele precisa entender o negócio e as diferentes funções da corporação”, analisa.

Por isso, especialmente a partir da pandemia, muitas empresas passaram a priorizar o bem-estar das pessoas acima dos resultados, conferindo ao RH uma posição mais estratégica e colaborativa. Segundo Letícia Toledo, superintendente executiva de Pessoas do Banco PAN, as organizações que alcançam os melhores resultados, especialmente em termos de satisfação e desempenho dos funcionários, integram o RH como parte essencial do negócio. “São empresas onde os representantes de RH participam ativamente da tomada de decisões, desenvolvem talentos e fortalecem a cultura organizacional, promovendo a inovação”, aponta.

Reinventando o RH

Embora a pandemia tenha acelerado essa transformação, a reinvenção será sempre uma constante no setor, dada a dinâmica de mercado. Por isso, o profissional de Recursos Humanos, assim como os demais, deve se reinventar constantemente para se manter relevante e alinhado com as necessidades das organizações. Hoje, além de promover a saúde mental e física dos colaboradores, cabe ao RH defender a diversidade e inclusão no ambiente corporativo, fomentar o aprendizado contínuo e estimular a busca por inovação, servindo como uma ponte entre o presente e o futuro do trabalho. Parece complicado?

RH, inovação e futuro do trabalho
Rodrigo André, da Claro

Esse movimento, nas palavras de Rodrigo André Fernandes, diretor de Recursos Humanos da Claro, não representa a desconstrução do RH como departamento, e sim uma evolução natural, impulsionada pelas transformações que têm reconfigurado o mundo do trabalho. “O papel do profissional de RH sempre foi questionado sobre a necessidade de deixar de ser operacional e se tornar mais estratégico. Desde a minha época de estagiário, essa conversa já existia. Vejo isso como uma reinvenção necessária frente aos desafios internos e externos”, reflete.

Nesse sentido, o RH de hoje está mais focado na cultura organizacional do que em qualquer outra coisa. Matheus Martins, fundador da MITZ, empresa de consultoria em inovação de negócios, presenciou essa transformação de perto e vê no RH moderno uma abordagem mais humana, com ênfase no bem-estar e no engajamento das pessoas. “Atualmente, faz parte das funções do RH criar e gerenciar uma cultura organizacional forte e alinhada com os objetivos do negócio. A área é uma parceira estratégica na gestão de talentos e no desenvolvimento organizacional”, observa.

Novas habilidades

Porém, com a transição, surgiram novos desafios, incluindo a necessidade de renovar o perfil dos profissionais que dão vida ao RH. Letícia Toledo, do Banco PAN, ressalta que abandonar a abordagem operacional e adotar uma visão estratégica representa uma dificuldade significativa. Segundo ela, o próprio RH precisa estimular seu time a pensar além das tarefas diárias e considerar o impacto de suas decisões no futuro do negócio. “Essa mudança não é apenas uma transição de tarefas, mas uma transformação de mentalidade e habilidades.” E completa: “o futuro da empresa e do próprio profissional depende dessas transformações”.

Em cargos estratégicos, a dificuldade não está em cobrar indicadores, mas em colocar o plano em prática. De acordo com Matheus Martins, da MITZ, entender a visão da empresa e onde se quer chegar é mais importante do que os processos em si. Isso exige do RH não apenas uma mudança de mentalidade, mas também um distanciamento das tarefas administrativas. “Isso inclui a necessidade de desenvolver habilidades analíticas e tecnológicas, bem como a capacidade de influenciar e liderar mudanças dentro da organização. Como líder, você precisa mostrar o caminho das pedras”, afirma.

RH, inovação e futuro do trabalho
Matheus Martins, da MITZ

Como especialista em pessoas, o profissional de RH deve estar apto a debater todos os aspectos da gestão do capital humano, adotando uma visão sistêmica da organização e, ao mesmo tempo, atenta aos detalhes. Para Rodrigo André Fernandes, da Claro, esse envolvimento precisa ser completo e transcender a própria função. “É um grande trabalho de colaboração, onde todos devem se envolver com os mais diversos assuntos. Um especialista de carreira também vai aprender sobre remuneração, por exemplo, e vice-versa”, explica.

Versatilidade para cuidar do todo

Além disso, há a necessidade de ser versátil para lidar com demandas de diferentes áreas. O diretor de Recursos Humanos da Claro, Rodrigo André Fernandes, exemplifica essa realidade: hoje, mais do que nunca, o profissional de RH precisa trabalhar com dados, mesmo que sua formação acadêmica seja de Humanas. “Você precisa aprender a interpretar gráficos. Entender o que eles mostram, identificar oportunidades ou problemas. É essencial traduzir essas informações para os colaboradores e líderes da organização, permitindo uma gestão adequada das pessoas e apoiando o negócio com mais assertividade na tomada de decisões.”

Nesse sentido, é essencial não apenas se manter atualizado em relação ao mercado, mas também estar atento às regulamentações trabalhistas e às tecnologias emergentes. Segundo Letícia Toledo, do Banco PAN, o que realmente faz a diferença é ser um agente adaptável, com senso crítico apurado e capaz de identificar problemas e propor melhorias.

Simplificar processos é inovar

Para reinventar o futuro do trabalho, também é necessário ter uma mentalidade que incentive a experimentação e esteja aberta às possibilidades que a inovação pode proporcionar. No entanto, como toda mudança gera resistência, Rodrigo André Fernandes acredita ser crucial “trazer as pessoas para perto”, explicando o que está acontecendo e por quê. Inovação também é simplificação, o que implica revisar e otimizar processos internos para ganhar eficiência. Quando os colaboradores entendem isso, a desconfiança se transforma em conforto. “A inovação no RH não substitui a presença humana, mas facilita o trabalho e ajuda a superar resistências, integrando as pessoas a novas realidades e modelos”, resume.

RH, inovação e futuro do trabalho
Foto: Reprodução/Freepik

Evolução acelerada

Não há uma fórmula mágica para gerar inovação; o RH precisa descobrir o que funciona em sua realidade, mantendo-se atento às tendências que moldam o futuro do trabalho. Mas a velocidade com que tudo isso acontece é o que torna a gestão de pessoas, atualmente, muito mais complexa. “No período pré-transformação digital, as mudanças eram gerenciadas e implantadas em seu devido tempo. Hoje, precisamos administrar grupos de pessoas que vivenciam processos de mudança em uma velocidade muito maior, tanto em frequência quanto em volume”, observa Rodrigo.

Para lidar com a transformação digital, por exemplo, o RH da empresa adotou metodologias de trabalho mais ágeis para dar conta dessa evolução com a velocidade necessária. Foi essencial ir além da estrutura tradicional de RH e formar equipes focadas em áreas prioritárias para a organização, como UX (experiência do colaborador), desenvolvimento de carreiras e People Analytics. Tudo para tornar o RH mais simples, assertivo e ágil. “Isso exigiu desenvolvimento, mudança de competências, aprendizado e um papel diferente daquele ao qual estávamos acostumados”, analisa Rodrigo.

Na Claro, o processo de reinvenção do RH, impulsionado pela inovação, começou há três anos e continua em pleno desenvolvimento, alinhado às tendências do futuro do trabalho. Rodrigo explica que, devido a esse direcionamento, os projetos internos são planejados por meio de pequenas entregas evolutivas, o que permite à empresa encarar o “temido erro” como uma oportunidade de aprendizagem e celebrar as conquistas gradualmente.

O futuro pertence a quem?

Foto: Reprodução/Freepik

Com a inovação no horizonte e o futuro do trabalho em construção, o RH tem pela frente desafios ainda indecifráveis, além de eventos imprevisíveis que podem impactar a gestão de pessoas nos próximos anos. Não à toa, a superintendente executiva de Pessoas do Banco PAN, Letícia Toledo, é enfática ao descrever o papel do setor nesse cenário: “o RH não é apenas responsável pelo presente, mas também pelo futuro da empresa e de seus funcionários”. Para antecipar o que está por vir, algumas estratégias são imprescindíveis, como facilitar a comunicação entre líderes e colaboradores, promover a colaboração e garantir que todos estejam alinhados com os objetivos da empresa.

Embora a lista de afazeres seja longa, Rodrigo André Fernandes, porta-voz da Claro, acredita no protagonismo do RH nesse cenário de intensa inovação, destacando a importância da colaboração de toda a organização para superar os desafios. “O RH precisa de ajuda, mas deve assumir a liderança, ser protagonista, ter a humildade de aprender, se desenvolver e explorar novas áreas de conhecimento”, pontua. Quanto ao futuro, ele vê um mundo em constante mudança: “não sabemos onde iremos chegar, mas sei que demandará muita reinvenção, tanto das empresas quanto das pessoas”.

Segundo Matheus Martins, da MITZ, o futuro do trabalho será marcado por maior flexibilidade, diversidade e integração de tecnologias. E o RH terá um papel central ao criar políticas que suportem o trabalho remoto e híbrido, promover a inclusão e diversidade, e utilizar tecnologias para melhorar a experiência dos colaboradores. Para o especialista, o RH precisará adotar uma postura ágil e adaptável, capaz de responder rapidamente às mudanças no mercado e às necessidades dos colaboradores. “O RH é o guardião da cultura, e a cultura é o que move as empresas”, conclui.


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