Você já ouviu falar em “employee centricity”? A expressão é usada para designar um modelo de gestão que dá protagonismo ao colaborador. Esse modelo ganhou impulso na pandemia, e tem como pilar principal a escuta ativa. A ideia é a empresa ouvir o colaborador, sem deixar de buscar ferramentas para medir e acompanhar seus sentimentos, necessidades e percepções para entender se está entregando aquilo que ele realmente valoriza.
Para entender mais sobre essa tendência, a Melhor RH conversou com Fabiana Galetol, head de RH da Sodexo Benefícios e Incentivos. Fabiana conta à Melhor RH que nesse modelo de gestão as políticas e ações são personalizadas, traçadas de acordo com a necessidade de cada colaborador.
“Uma organização centrada no colaborador coloca as pessoas no centro de tudo o que faz. Significa entender e atender as necessidades e/ou aspirações dos colaboradores, para garantir uma experiência de valor em toda sua jornada na empresa. Para isso, precisamos ouvir e conhecer nossos colaboradores para personalizar planos de ação, políticas e programas. Além disso, para que modelos centrados no colaborador sejam eficazes, a estratégia de RH deve, necessariamente, ser clara, reconhecida e alinhada com as necessidades do negócio”, explica Galetol.
Pandemia alterou a dinâmica no trabalho
Fabiana Galetol destaca que a pandemia mudou drasticamente a forma como interagimos nas relações pessoais, sociais e de trabalho. Nesta última, a principal mudança foi na dinâmica entre líderes e liderados.
“Com a chegada da pandemia e com o trabalho remoto, desde março de 2020, foi importante reforçar o papel do gestor em ter uma escuta ainda mais ativa, genuína e empática. Nesse cenário de tantas incertezas, novas demandas, convergências de rotinas pessoais e familiares com rotinas corporativas, escutar de forma intencional é fundamental. É por meio dessa escuta que conseguimos medir e acompanhar os sentimentos, necessidades e percepções dos colaboradores”, explica Galetol, afirmando, também, que a escuta ativa permite manter elos e conexções à distância.
Questionada se dar protagonismo ao colaborador poderia interferir no nível hierárquico do time, ou resultar em desorganização, Galetol é enfática ao afirmar que não. Segundo ela, a hierarquia deve dar lugar ao diálogo.
“A construção de um modelo centrado no colaborador depende de uma cultura onde a inovação, a criatividade e o empoderamento são incentivados em toda a organização, independentemente do nível hierárquico. Além disso, é fundamental que o ambiente seja de confiança, os colaboradores se sintam respeitados e engajados e acreditem que têm oportunidade de crescer. O líder tem um papel fundamental de quebrar hierarquias e silos. O espaço deve ser de diálogo, troca e escuta ativa e intencional, e nunca de comando e controle”, explica.
Como colocar o employee centricity em prática
Galetol cita como exemplo de employee centricity ações e iniciativas da Sodexo que vão ao encontro desse modelo de gestão, como a Jornada Sodexo, que abrange tanto os colaboradores que já fazem parte do time, quanto os que ainda estão passando pelo recrutamento.
“Iniciamos a Jornada pedindo aos nossos candidatos, admitidos ou não, que respondam como foi sua experiência durante o processo seletivo. A partir do momento em que o candidato é admitido, inicia-se um processo de onboarding, com o acompanhamento muito próximo do nosso RH durante 180 dias. Desde seu primeiro dia de trabalho, o novo colaborador recebe mensagens com informações relevantes para o seu trabalho, facilitando sua integração em relação aos processos e entendimentos do negócio e cultura da empresa. O gestor do novo colaborador também está envolvido nesse processo. Ele recebe uma régua de comunicação que se inicia três dias antes da chegada no novo funcionário. A comunicação com o gestor tem por objetivo garantir que ele se programe e dedique seu tempo para que as melhores práticas de integração sejam aplicadas para todos os novos colaboradores, reforçando a importância do seu papel neste processo”, explica.
Segundo Galetol, o desempenho da experiência é medido ao longo de 180, por meio de pesquisas periódicas, que funcionam como um termômetro da iniciativa. “Por meio dessas pesquisas, o time de RH passa a ter visibilidade em tempo real dos índices de satisfação, o que possibilita agir rapidamente para ajustar o que for necessário naquele momento”, explica.
Modelo de gestão auxilia a busca e retenção de talentos
Fabiana Geletol finaliza a entrevista afirmando que a cultura do employee centricity traz impactos extremamente positivos para a marca, o que contribui na atração e retenção de talentos. Ela cita como exemplo os resultados obtidos por sua empresa.
“Durante o período fiscal da Sodexo, de setembro de 2019 a agosto de 2020 e setembro de 2020 a agosto 2021, tivemos um crescimento de 50% de recrutamentos externos, além de redução de 12% nos pedidos de desligamento. E em nossa pesquisa de engajamento, que mede a satisfação dos colaboradores dentro de pilares que consideramos importantes, tivemos 100% de participação da população da empresa, além de termos obtido um alto nível de engajamento, acima de 80%, nos temas: engajamento geral, impacto, conexão, diversidade e inclusão, responsabilidade social e corporativa e felicidade”, conclui Galetol.
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