Saúde

Para não errar o caminho

de José Augusto Wanderley em 31 de março de 2016

Especialista alerta para possíveis armadilhas na busca do equilíbrio dentro e fora do mundo corporativo

Na estrada que leva ao sucesso, existem muitas armadilhas e falsos atalhos, e quem ignorá-los será, sem dúvida, vitimado por algum deles. Normalmente, quando se pensa em sucesso, considera-se somente o que leva a ele. Há até quem diga que falar das dificuldades e problemas é errado – falta de postura positiva. Mas essa negação é um grande equívoco. Quem nega está sendo ingênuo, tendo consciência mágica ou voluntarismo vazio. Esse erro é equivalente ao seu oposto: só conseguir ver os problemas e dificuldades, usando o poder da imaginação da pior forma possível, como uma arma voltada contra si mesmo. Quem quiser ter êxito deve estar consciente dessas armadilhas, de desvios de rota provocados involuntários ou não e vazamentos de energia. O que existe de confusão e equívocos em livros, palestras e gurus é impressionante. E quem não souber avaliar está correndo riscos que nem de longe pode supor. Essas armadilhas podem ocorrer em três níveis: físico, emocional e mental. Confira algumas delas.

Não saber repousar
Muitas vezes, o óbvio não é percebido. Quem dorme mal, começa mal uma nova jornada. E aí não adianta passar o dia dizendo que está tudo bem. É preciso saber quando e como usar o poder da repetição. Por outro lado, considerar aquilo que eu chamo de SRRED, isto é sono, respiração, relaxamento, exercício e dieta. Cada um desses pontos deve ser, por si só, objeto de uma consideração particular.

Não entender que tudo está ligado ao contexto, forma e situação
Fazer exercício é bom? Depende. Em 1970, um dos fatores que levou a seleção brasileira à conquista do título mundial foi a preparação física, baseada no método Cooper. A partir daí, correr virou moda. Mas algumas coisas estranhas passaram a acontecer com os corredores. Um deles, Jim Fixx, que escreveu o bestseller Guia Completo de Corrida, morreu durante um treino. Outras pessoas que pareciam em excelente forma física tiveram infartos, câncer e outras coisas no gênero por não levarem em conta o fator oxidação e todos os seus prejuízos. Assim, correr faz bem dependendo da faixa de batimentos cardíacos e da regularidade com que é feito. Portanto, saber, realmente, o que faz bem ou não, é essencial.

Ignorar a dinâmica emocional
É essencial saber que a emoção não tem nenhuma inteligência e pode, até, ser burra. Não é difícil uma pessoa ficar não só abalada por coisas insignificantes, como nas fobias, mas até se matar em função disso. Basta ver o que acontece no trânsito. Assim, emoção não está ligada à inteligência, mas à energia, motivação e ação. Entender a dinâmica emocional e os seus sinais é de extrema importância, pois podemos nos sentir bem fazendo coisas que são boas, mas também coisas que são extremamente negativas para nós, para os outros e para o universo. Também podemos sentir emoções negativas e de dor com atitudes boas e essenciais para o nosso sucesso. Os campeões sabem trabalhar com a dor – mas uma coisa é a dor necessária, outra é a desnecessária e sem sentido. Outro ponto importante da dinâmica emocional tem a ver com os medos e a forma de lidar com eles, sobretudo com os que se referem ao fracasso, sucesso e rejeição. Quem não suporta a dor da rejeição está correndo o risco de ficar perdido no meio do caminho.

Desconhecer o poder das decisões
Tudo o que somos hoje é conseqüência das decisões do passado. E o que seremos é fruto das decisões do presente. Estamos sempre decidindo, quer tenhamos ou não consciência disso. Existem três decisões que são fundamentais: o que focar; o significado que damos para as coisas; e o que fazemos para obter resultados. Portanto, o que focamos consistentemente transforma-se em pensamento dominante e, daí, em realização – para o bem ou para o mal. O significado que damos para as coisas interfere na forma como nos relacionamos com a realidade. A terceira decisão importante tem a ver com o que fazer para obter resultados. É muito comum a pessoa buscar objetivos sem saber, realmente, o que almeja. Depois, não sabe porque chegou a um lugar que não se refere com o que se propunha.

Confiar em gurus, perdendo a consciência crítica
Em 2000, o guru Gary Hammel, em seu livro Liderando a Revolução, cita a Enron, empresa americana do setor de energia, como um exemplo de criatividade, ousadia e inovação. Entretanto, no final de 2001, a Enron estava envolvida num mar de fraudes e faliu. Além dos erros de interpretação, orientação e previsão, existem as muitas meias-verdades que são ditas como, por exemplo, a afirmação: “Os vencedores são aqueles que nunca desistem”. Isso só não basta, pois uma pessoa que não sabe avaliar e que sistematicamente comete erros no seu processo decisório não tem flexibilidade, não sabe trabalhar com feedback negativo e superar adversidades, ou seja, não será nunca uma vencedora.

Sem uma visão global ou holística das condições necessárias e suficientes do que leva ao fracasso e ao sucesso, só contando com o acaso e a sorte, não se chega a lugar algum. Às vezes, a sorte ajuda. Mas, na maioria delas, não. Por isso, desenvolva a consciência crítica e fique atento à sua dinâmica emocional.

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