A inovação buscada por tantas empresas tem seu início a partir da curiosidade dos funcionários e como eles se sentem confortáveis para desenvolvê-la. O “Relatório Global de Curiosidade 2018” realizado pela Merck, mapeou como está o nível de curiosidade de 3 mil funcionários em países e empresas diferentes.
A motivação da pesquisa veio após um estudo de Harvard com mil líderes sobre o que seria a base para uma cultura inovadora nas empresas e a resposta mais utilizada foi o encorajamento e a recompensa da curiosidade.
Um mapeamento prévio à pesquisa apontou que aqueles muito curiosos, com alto desempenho e maior potencial para inovar têm quatro características distintas que juntas formaram o Índice de Curiosidade, variável entre 0 e 100. “Sensibilidade a privação”, “alegria em explorar”, “tolerância ao estresse” e “abertura para outras ideias” foram os componentes principais.
De acordo com as respostas, o perfil mais curioso de todos os entrevistados é tipicamente um millennial, nascido entre 1982 e 1995, e trabalha no departamento de pesquisa e desenvolvimento de uma grande empresa. A surpresa é em relação a população mais jovem, denominada de Geração Z (nascidos após 1995), que ficou com o título de menos curiosa com um modesto índice de 66,5. Já os mais velhos, apresentaram altos índices em abertura para novas ideias, habilidade que se torna cada vez mais relevante em um mundo onde as mudanças acontecem de maneira mais rápida.
Os millennials se destacaram com as notas mais altas para a curiosidade. Quando destrinchamos por característica, esta geração pontua mais alto em todas, mas as maiores discrepâncias em relação aos demais são em índices maiores de alegria em explorar e em tolerância ao estresse.
Segundo Todd Kashdan, Ph.D., professor na George Mason University e colaborador da pesquisa de curiosidade da Merck, “as pessoas que acreditam que podem lidar com ambientes voláteis, incertos, complexos e ambíguos são mais propensas a obter as melhores posições e serem mais competitivas no mundo das ideias”, afirma.
Quanto ao corte por setor, os mais curiosos estão em empresas de ciência, tecnologia e manufatura, com um índice médio de 70,3. Saúde e serviço público estão abaixo da média da curiosidade.
Outro ponto importante é o tamanho; 37% dos funcionários que trabalham em grandes organizações são altamente curiosos comparado a apenas 20% dos empregados trabalhando em organizações de pequeno porte.
O papel das empresas
Os entrevistados identificaram incentivos ou barreiras da curiosidade em suas organizações. 84% pontuaram que lidam com mais incentivos do que barreiras e os principais elementos para o incentivo são autonomia, responsabilidade e liberdade.
A maioria dos participantes que afirmam ser altamente curiosos no trabalho dizem que recebem oportunidades de tempo e de treinamento necessárias para desenvolver novas ideias.
Já as barreiras para ser mais curioso e explorador são hierarquia, falta de troca e vigilância. 34% dos entrevistados em funções administrativas sentem que os projetos e as iniciativas são ditados pelas lideranças, deixando pouca ou nenhuma oportunidade para a aplicação de ideias próprias.
“A curiosidade não é apenas encontrar novas ideias. É sobre poder lidar com o novo, o complexo. É sobre ser capaz e disposto a continuar, mesmo que o novo traga consigo sentimentos desagradáveis”, disse Carl Naughton, linguista e cientista educacional e um dos consultores da Merck para a elaboração da pesquisa. “Essa é a verdadeira força da Escala Multidimensional de Curiosidade: ela combina todas as peças que você realmente precisa para ser curiosa e funcionar como combustível para a inovação”, pontua.
É necessário que as empresas estejam atentas, já que a habilidade das organizações em inovar está diretamente ligada à sua cultura de curiosidade, pois segundo a pesquisa, 36% da variação total da inovação é explicada pela curiosidade, ou seja, um crescimento de um ponto na curiosidade representa um aumento de 0,68 na inovação.
A pesquisa mostra que as empresas estão no caminho certo; apenas 26% dos entrevistados dizem ter pouca ou nenhuma percepção da curiosidade no trabalho. O interessante é que somente 12% dos participantes acredita que os investimentos nesta área valem a pena.