Pesquisa

Mais de 40% dos profissionais enfrentam problemas de saúde mental

Pesquisa da The School of Life em parceria com a Robert Half traz diagnóstico alarmante e mapeia habilidades para enfrentar este cenário adverso

de Redação em 26 de setembro de 2024
Rawpixel.com, via Freepik

Uma pesquisa realizada pela The School of Life em parceria com a Robert Half revelou que questões de saúde mental estão afetando de maneira significativa o ambiente de trabalho brasileiro, com 46,43% dos liderados e 38,05% dos líderes enfrentando problemas como estresse, burnout ou ansiedade. Esses dados são alarmantes, especialmente considerando que muitos desses profissionais, apesar de se sentirem emocionalmente abalados, não passaram por avaliação clínica.

O estudo, que mapeou a percepção de 387 líderes e 387 liderados com nível superior completo, de 25 anos ou mais, abrange diversas regiões do Brasil e traz à tona um cenário preocupante. Entre os líderes, 61,95% afirmaram não ter recebido diagnóstico médico e se sentem emocionalmente bem. No entanto, 16,34% relataram que não possuem diagnóstico, mas se sentem emocionalmente abalados. Por outro lado, entre os liderados, 53,57% não receberam diagnósticos, mas 21,43% se sentem afetados emocionalmente. Além disso, 10,71% dos liderados receberam diagnóstico de estresse, enquanto 19,94% foram diagnosticados com ansiedade.

Outro dado importante é que 18,20% dos líderes e 21,43% dos liderados estão fazendo uso de medicação psicofarmacológica. Essa medicação é frequentemente utilizada para aumentar a produtividade, aliviar sintomas de ansiedade ou ajudar no sono. “A incidência relativamente alta de diagnósticos de estresse, burnout e ansiedade sugere que as condições de trabalho contemporâneas têm prejudicado a saúde física e mental de muitos trabalhadores. Esse cenário pode ser ainda mais grave, considerando que muitos não buscam ajuda e permanecem sem diagnóstico adequado”, explica Saulo Velasco, psicólogo e Head de Aprendizagem na The School of Life Brasil. Velasco destaca que o uso significativo de medicação para lidar com esses sintomas pode ser uma solução insustentável a longo prazo, reforçando a necessidade de abordar as causas subjacentes desses problemas.

Adicionalmente, a pesquisa apontou que 50,30% dos liderados acreditam que sua saúde mental é negativamente impactada pela pressão por produtividade nas empresas. Em um ambiente onde a cobrança por resultados é intensa, a falta de habilidades emocionais se torna um desafio. Quando questionados sobre as habilidades mais importantes para lidar com situações de medo e estresse no trabalho, tanto líderes quanto liderados destacaram a inteligência emocional, a adaptabilidade e flexibilidade, e a capacidade de comunicação eficaz. “Os diagnósticos médicos de estresse e ansiedade devem ser acompanhados de perto por profissionais de saúde, mas as lideranças também têm um papel crucial em criar um ambiente de trabalho saudável, promovendo conversas abertas e apoio emocional”, ressalta Maria Sartori, diretora associada da Robert Half.

Um aspecto que merece destaque é a conexão entre líderes e liderados. Embora 94,17% dos gestores relatem adotar práticas para se conectar com suas equipes, como conversas informais e feedbacks construtivos, uma parte considerável dos liderados (35,71%) não sente essa proximidade. Além disso, 18,45% afirmam que essa falta de conexão impacta negativamente seu desempenho, motivação e engajamento no trabalho. “A pesquisa evidencia uma preocupação crescente com a saúde mental tanto da liderança quanto dos colaboradores. Este é um reflexo das mudanças drásticas que o mundo do trabalho enfrentou, como a transição para modelos híbridos e remotos. A interação pessoal é vital para fortalecer essas conexões”, afirma Diana Gabanyi, CEO da The School of Life Brasil.

Outro ponto crítico abordado na pesquisa é o assédio moral no ambiente de trabalho. Aproximadamente 35,12% dos liderados relataram já ter se sentido moralmente assediados, enquanto 18,20% dos líderes admitiram ter praticado assédio moral em algum momento de suas carreiras, mesmo que sem intenção. “O mercado corporativo deve evoluir junto com a sociedade. Lideranças que ouvem e conduzem suas equipes em ambientes saudáveis não apenas fortalecem o engajamento, mas também promovem a retenção de talentos e atraem novos profissionais”, acrescenta Sartori.

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