Em entrevista ao portal da Revista Melhor RH, nutrólogo comenta sobre a alimentação no horário de trabalho
Câncer, diabetes, doenças pulmonares e cardiovasculares matam 41 milhões de pessoas por ano, o equivalente a 71% das mortes no mundo. São números que chamam a atenção para as chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) e estão no mais recente relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde), divulgado em 2018.
No mesmo ano, em encontro com chefes de Estado na cidade de Nova Iorque, a Organização Mundial da Saude – (OMS) cobrou ações dos países para o combate às DCNTs, como diabetes, canceres e problemas cardiovasculares e pulmonares, por exemplo.
Segundo a entidade, esse tipo de problema de saude é responsável pela morte de 41 milhões de pessoas por ano no mundo, o que corresponde a 70% de todas as mortes. Ainda de acordo com a OMS, 85% desses óbitos ocorrem em países em desenvolvimento.
Até o ano de 2025 a OMS estima que possa ser possível prevenir 10 milhões de mortes, caso os países implementem um conjunto de 16 intervenções, consideradas baratas e factíveis. Este plano, nomeado Best Buys, traz uma series de medidas para a saude, como o controle do cigarro, campanhas de vacinação e a produção de alimentos com menos açúcar, sal e gordura. Alimentação saudável ou a falta dela, melhor dizendo, faz parte deste triste quadro que traz graves problemas de saude e até mesmo a morte.
Por falar em alimentação (saudável), será que estamos no caminho certo quando falamos dela no ambiente de trabalho? Como os RHs e a própria tecnologia podem influenciar positivamente – e estrategicamente – , para driblar casos de absenteísmos, faltas, utilização excessiva – e muitas vezes de modo incorreto dos planos de saude, entre outros problemas do dia a dia das empresas?
Em entrevista ao portal da Revista Melhor RH, o Dr. Leandro Silva Figueredo, nutrólogo do Hospital HSANP e especialista em transtornos alimentares, falou sobre alimentação no ambiente de trabalho e fez algumas observações. Confira!
MELHOR RH – Quais os principais problemas causados por uma alimentação ruim, durante o dia, no ambiente de trabalho?
Dr. Leandro Silva Figueredo – A curto prazo falta de energia, concentração e até indisposição com queda do rendimento físico e mental durante as atividades laborais. É importante ter tempo para tudo, desde lanches programados, para poder se nutrir e evitar aquela irritação que a fome, no seu grau máximo, pode causar, assim evitando também cair na cilada de recorrer a lanches rápidos ricos em carboidratos refinados e pobre em fibras, como doces e bolachas. E a longo prazo, evoluir com ganho de peso e desenvolvimento de síndrome metabólica.
MELHOR RH – Estresse, fadiga e esgotamento mental no trabalho podem ser, também, sintomas de uma má alimentação?
Dr. Leandro Silva Figueredo – Sim. A falta de vitaminas e minerais por causa de uma alimentação desequilibrada podem gerar estes sintomas, porém, temos que lembrar que outros fatores também são fundamentais para serem investigados. Como por exemplo, se há um sono reparador, se o relacionamento no ambiente de trabalho é saudável, e se além do trabalho, existem momentos de lazer e prática de atividade física, que auxiliam muito no equilíbrio físico e mental.
MELHOR RH – Marmita (comida preparada em casa/com o equilíbrio dos principais nutrientes obrigatórios do dia a dia) ou a almoço dos restaurantes? É possível equilibrar? Qual é o mais indicado?
Dr. Leandro Silva Figueredo – Sempre sugiro marmita para os que gostam e restaurante para aqueles sabem se controlar diante de muitas opções. Todas são opções saudáveis quando há equilíbrio de quantidade, qualidade e variedade. Tudo é questão de escolhas.
MELHOR RH – A tecnologia pode ajudar as pessoas no controle de uma alimentação mais saudável?
Aplicativos são interessantes para realizar diários alimentares que podem mostrar como está a frequência de ingesta de cada grupo alimentar, variedade e quantidade. Porém, sem ajuda profissional, é possível que isto traga muito mais rigidez alimentar quando existem falsas crenças nutricionais.
Hoje, com o movimento da abordagem comportamental é muito mais importante que se entenda muito mais em identificar o grau de fome e saciedade e se guiar por um comer intuitivo, sem regras rígidas, e neste ponto nenhum aplicativo poderá ajudar.