Pesquisa da Robert Half entrevistou 1.161 profissionais ao redor de todo o País e mostrou que o home office se tornou definitivamente uma modalidade de trabalho, e não mais uma benesse oferecida pelas empresas. Ao menos já é encarado assim por 77% dos profissionais ativos ouvidos no levantamento. Entre os recrutadores, percentual com essa mesma opinião chega a 72%. Desempregados, por sua vez, não têm dúvidas: 80% acreditam que modelo está consolidado como um novo formato e não é mais exceção entre os dias de função presencial.
O cenário pós-pandêmico difere totalmente do encontrado há dois anos, quando apenas 21% dos trabalhadores tinham a possibilidade de trabalhar de casa e 26% tinham o home office apenas como parte de um pacote de benefícios corporativos. Hoje segundo a pesquisa, 39% buscariam um novo emprego, caso o atual não ofereça ao menos a possibilidade do trabalho híbrido. Entre os desempregados, 20% não aceitariam uma proposta de trabalho de uma empresa que não oferecesse trabalho remoto de maneira parcial ou integral.
“Teve quem mudou de cidade, quem resolveu buscar uma vida mais tranquila, quem passou a conviver mais com os filhos e não quer abrir mão disso”, argumenta Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul. “Assim como há quem sinta a necessidade de ir ao escritório para produzir e evitar distrações”, completa.
As companhias têm de lidar com franqueza com seu time, fazendo o possível para equilibrar expectativas entre o que a empresa considera o ideal e as preferências do colaborador, sob a pena de dificultar a retenção de talentos ao errar na mão do seu lado da balança. “Sem dúvidas, a melhor forma de lidar com essas peculiaridades é por meio do diálogo aberto, transparente e da inclusão do colaborador nessa decisão de retorno.”
Híbrido é o preferido
Na visão de 77% dos empregados, esse é o melhor modelo de trabalho, com uma carga máxima de 2 dia de trabalho presencial. Em seguida, 17% indicam o trabalho remoto e apenas 6% o modelo integralmente presencial, de acordo com o quadro a seguir.
Preferência de dias no escritório
(Fonte: Pesquisa Robert Half)
1 vez por semana | 9% |
2 dias na semana | 37% |
3 vezes por semana | 27% |
4 vezes por semana | 3% |
Flexibilidade para ir apenas quando necessário | 24% |
A depender de 57% dos recrutadores entrevistados, as companhias para as quais trabalham devem adotar o modelo híbrido de trabalho daqui para a frente.
Risco real de demissões
Um número alto de recrutadores, no entanto, ainda flertam com o modelo presencial – 33% deles planejam retornar ao modelo 100% na empresa e 10% disseram que permanecerão integralmente em home office. Isso ao passo que 42% deles relatam casos de colaboradores em busca de um novo trabalho após anúncios de retorno 100% presencial. Na percepção de 22% deles, essa evasão ainda pode vir a acontecer no futuro.
“A evolução dos modelos de trabalho representou uma das maiores quebras de paradigma dos últimos anos e fugir disso seria caminhar em direção ao passado”, analisa Mantovani. “Caiu por terra o pensamento que vinculava produtividade ao trabalho integralmente presencial. Portanto, as empresas que, sem justificativa, optarem pelo retorno completo ao escritório terão dificuldade para atrair talentos, que já não estão à solta no mercado, além de correr o risco de perder profissionais-chave para companhias mais flexíveis”, conclui.