Entrevista

Sensação de controle da produtividade no regime presencial seria ilusória, diz executivo

Gestores do País ainda se adaptam às estratégias de controle e produção a distância, buscando o mesmo conforto da gestão presencial, analisa Fabio Boucinhas, da Home Agent

de Redação em 17 de maio de 2022

Para 76% dos brasileiros entrevistados pela startup Deel, que realizou levantamento em 86 países, trabalhar remotamente é fator de equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Um pouco mais da metade dos participantes da pesquisa, por sua vez, considera o modelo de trabalho mais produtivo. Gestores do País ainda se adaptam, no entanto, às estratégias de controle e produção a distância, buscando o mesmo conforto da gestão presencial: estar próximo ao colaborador, de olho no que está sendo produzido e como.

Fabio Boucinhas, CEO e fundador da startup Home Agent, lembra, contudo, que essa sensação de controle presencial é ilusória: o trabalho remoto (a distância de quem o controla), pode ser também o da mesa à frente, da sala ao lado ou do andar acima, e do outro prédio da empresa. E que sem ferramentas de gestão não há controle. Executivo menciona plataforma all in one da companhia para gestão de pessoas e comenta expectativas a serem alinhadas entre colaborador e lideranças.

Melhor RH – Quais as principais dores do setor na gestão das jornadas remotas dos colaboradores? 
Fábio Boucinhas (FB) –As principais dores que temos observado estão relacionadas à visibilidade em temas como, por exemplo, como e onde o colaborador está dedicando seu tempo, qual a produtividade de cada um, quais membros do time têm produzido mais no modelo remoto, segurança, quem está realmente do outro lado da tela, como está a saúde operacional do parque tecnológico da empresa, de onde nossos colaboradores estão se logando, entre outras. Além disso, é importante começar com uma observação: trabalho remoto não quer dizer, necessariamente, trabalho em casa. Pode-se trabalhar remotamente em diferentes andares ou prédios, por exemplo. Dito isso, observamos que, apesar dos colaboradores avaliarem que trabalham mais no regime remoto, em casa – segundo pesquisa FEA/FIA de 2021, 23% dos profissionais entrevistados dizem trabalhar entre 49 e 70 horas semanais neste modelo -, muitos líderes ainda têm alguma dificuldade em relação a essa modalidade, tanto por uma questão cultural, quanto porque têm dúvidas em relação à produtividade e ao engajamento dos funcionários.  

Melhor RH – Quais expectativas entre empresário/ líder/ gestor e colaborador neste novo cenário do trabalho? 
FB –
Essa pergunta carrega o dilema entre as partes. Enquanto os líderes têm dúvidas quanto à produtividade e engajamento dos colaboradores no modelo remoto, além da questão cultural, colaboradores veem neste regime uma oportunidade de conciliar mais facilmente vida profissional e pessoal, dando mais atenção a práticas que proporcionam bem-estar. Este conflito entre os diferentes interesses tem suscitado discussões recentes em torno do modelo de trabalho que irá prevalecer a partir de agora: totalmente remoto, híbrido ou presencial. 

Melhor RH – Como é possível alinhar essas expectativas?
FB –
No final das contas, o colaborador quer usufruir dos benefícios do modelo remoto, enquanto a gestão quer ter visibilidade sobre o que seu time está fazendo. Sem ferramentas de gestão, esta sensação de visibilidade somente é possível presencialmente. Essa impressão é normalmente ilusória, pois não dá para saber realmente o que uma pessoa está fazendo somente estando próxima dela.  Uma ferramenta como o Remote by Home Agent permite prover essa visibilidade de maneira próxima e detalhada para a gestão em diversas frentes, como jornada, produtividade, segurança, biometria, monitoria, localização, entre outros, de forma a reduzir essa fricção da relação entre as partes. Além disso, procedimentos bem desenhados, acordos e conversas claras sobre expectativas de ambos os lados, período e normas sobre jornada diária de trabalho, metas e tarefas a serem cumpridas têm papel fundamental para estabelecer um equilíbrio. Neste sentido, essas plataformas têm papel importante ao garantir que os acordos estabelecidos serão cumpridos. 

Melhor RH – Quais as possibilidades de alinhamento via plataforma? 
FB – A Remote by Home Agent proporciona visibilidade sobre todos os aspectos da atuação do colaborador, como jornada de trabalho, produtividade, segurança, gestão de infraestrutura, e até uso do espaço do escritório para times híbridos. Este é um instrumento de melhoria, promoção do bem-estar e contentamento de gestores e colaboradores, que impulsiona o diálogo aberto e o interesse mútuo.
Entre as principais funcionalidades da plataforma, que possui quatro módulos de contratação, estão controle de jornada de trabalho (para evitar horas extras), gestão de produtividade de todo o time em um só painel, para que o gestor possa identificar rapidamente quem está com produtividade abaixo do restante e dar a atenção necessária àquele colaborador, monitoria das telas com acesso remoto, biometria facial, garantia de produtividade do colaborador; maior controle dos equipamentos e conexões, permitindo agilidade na visualização de informações e respostas da área de suporte; fornecimento de uma comunicação através de chats que permitem diálogo efetivo de apoio e em tempo real. Por fim, a Remote by Home Agent possui solução de compliance com aderência às normas e regulamentações das empresas e ferramenta de segurança da informação. Temos um roadmap de evoluções em andamento e estamos sempre atentos às possibilidades de melhorar ainda mais as funcionalidades oferecidas, de acordo com nossa expertise no mercado e com aquilo que observamos em relação às necessidades dos clientes. 

Melhor RH – Você vê uma boa gestão do trabalho remoto como um diferencial empregador? 
FB – É importante que os gestores e líderes tenham em mente que o trabalho remoto em casa, ou mesmo híbrido, é uma importante ferramenta de retenção de talentos. O mercado vê um movimento forte de pedidos de demissão. No mês de março, foram registrados 603.136 mil demissões voluntárias no Brasil, segundo levantamento da LCA Consultores. O dado pode surpreender diante do cenário brasileiro, no qual o desemprego atinge 12 milhões de pessoas, mas traz outra informação importante: colaboradores estão em busca de empregos que façam sentido e estejam de acordo com seu modo de vida.

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