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Setembro Amarelo – As empresas estão só postando nas redes ou tratando o assunto com seriedade?

Tabu das conversas, tentativas de suicídio acontecem na proporção de 20 a cada 45 minutos no Brasil e devem ser levadas a sério pelas empresas

de Elaine di Sarno em 4 de setembro de 2023
Drazen Zigic, via Freepik.com

Quando falamos em saúde mental, fica visível como se trata, atualmente, muito mais do tema na mídia, nas conversas entre amigos, nas redes sociais, nas empresas e na sociedade como um todo, principalmente após a pandemia por Covid-19. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 720 milhões de pessoas no Brasil enfrentam algum nível do problema, colocando o país no topo do ranking de ansiedade e depressão na América Latina. É um número alarmante!

Assim, falar em saúde mental é crucial para levar informações à população. E uma das formas de abordarmos o assunto é por meio das campanhas, como a do Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. O mês de setembro foi escolhido porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.


E suicídio sempre foi um tabu nas conversas. Contudo, não pode ser ignorado. São 16 milhões de tentativas por ano no mundo. No Brasil, temos uma morte por suicídio a cada 45 minutos, mas para cada morte temos outras 20 tentativas (fonte: Agência Câmara de Notícias).

Ansiedade e depressão são alguns dos fatores mais relevantes para levar os indivíduos até a decisão por tirar a própria vida. E os dois fatores estão muito relacionados à vida no trabalho das pessoas. Um levantamento feito pelo International Stress Management Association – ISMA BR, apontou que 70% da população já apresentou ou possui sintomas de estresse, o que pode levar a sérios problemas de saúde mental. Tudo isso, associado a questões familiares, de realização pessoal, podeter minar em pessoas tirando a própria vida.

Até chegar ao suicídio, há um caminho que pode perpassar por outros problemas de saúde mental, como os já mencionados: depressão e ansiedade. Há também a síndrome de Burnout que não acontece após um ou outro dia de trabalho estressante. É um quadro que vem de uma rotina constante de estresse ao longo da vida profissional. A síndrome pode ser decorrente de uma carga horária excessiva, de um cansaço profundo, que não se resolve apenas com descanso físico, remuneração inadequada, assédio no ambiente de trabalho, longos períodos de deslocamento no trajeto casa-trabalho-casa, dentre outras questões.

E é papel da área de Recursos Humanos das empresas observar esses fatores nas pessoas que fazem o dia a dia acontecer dentro da organização. Alguns pontos de estresse no trabalho podem resultar em baixa autoconfiança, maior tensão e menor satisfação. As empresas devem facilitar para que as pessoas estejam saudáveis e se sintam confortáveis no ambiente de trabalho.

Embora a era da Inteligência Artificial esteja aí, ainda temos PESSOAS, SERES HUMANOS à frente de praticamente todo o trabalho gerado no mundo. Certamente, promover o bem-estar mental dos funcionários é crucial para o sucesso e a produtividade de uma empresa. Especialmente nas áreas de Recursos Humanos, o apoio aos colaboradores com problemas de saúde mental é essencial, visto que a saúde emocional impacta diretamente a motivação, o engajamento e a qualidade do trabalho.

Ações voltadas para a saúde mental criam um ambiente de trabalho mais saudável, em que os funcionários se sentem valorizados e compreendidos, resultando em uma redução do estresse e do esgotamento, além de um aumento da satisfação no trabalho.

O Setembro Amarelo vem para chamar a atenção para a temática do suicídio em toda a sociedade e não seria diferente nas empresas. É uma oportunidade valiosa para as empresas auxiliarem seus colaboradores, criando espaços de diálogo abertos sobre saúde mental, proporcionando treinamentos para identificar sinais de sofrimento emocional e tornando disponíveis recursos de apoio, como linhas diretas de ajuda e acesso a profissionais de saúde mental.

Ao abraçar a causa do Setembro Amarelo além das postagens institucionais nas redes sociais, as empresas demonstram comprometimento com o bem-estar de seus funcionários, criando um ambiente em que todos se sentem apoiados e incentivados a buscar ajuda quando necessário

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Elaine di Sarno

Psicóloga e Neuropsicóloga pela USP; Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e em avaliação neuropsicológica pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP