Carreira e Educação

Trabalho híbrido se consolida no Brasil, revela estudo

Salários e benefícios competitivos; investimento em tecnologia e bem-estar e processos efetivos de onboarding e offboarding também estão entre as tendências identificadas pela pesquisa

O ano de 2020 introduziu nas empresas a prática de trabalho remoto, antes vista com desconfiança pela maioria das organizações. A prática cotidiana, entretanto, mostrou que a modalidade tem gerado bons resultados para as companhias, melhorando ou mantendo a produtividade dos colaboradores, que por sua vez também têm aprovado o modelo.

De acordo com o relatório “Demanda por talentos no cenário atual”, da consultoria de recrutamento especializado Robert Half, para 95% dos executivos entrevistados o trabalho híbrido, entendido como a combinação entre o presencial e o remoto, é visto como parte permanente do cenário de empregos. Segundo os C-levels, os principais benefícios do uso de equipes híbridas incluem a criação de oportunidades de melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional aos trabalhadores e redução de custos de escritório para as empresas.

O estudo é um compilado de pesquisas realizadas entre novembro de 2020 e janeiro de 2021 com 1500 gestores de pequenas, médias e grandes empresas do Brasil, Alemanha, Bélgica, França e Reino Unido e apresenta análises sobre as tendências do mercado de trabalho, funções mais procuradas e a ascensão do conceito “trabalhe de qualquer lugar”.  

A consolidação do “trabalhe de qualquer lugar”

Ocorreu um crescimento significativo na quantidade de empresas oferecendo opções de trabalho remoto em comparação ao período anterior à Covid-19, mostra o levantamento. Entre abril e dezembro de 2020, 80% das vagas trabalhadas pela Robert Half foram para posições 75% ou 100% remotas, enquanto em 2019 apenas 5% tinham essa característica. A tendência deve se manter no mínimo pelos próximos seis meses.

“2021 continua sendo um ano de recuperação e reconstrução, tanto para empresas, quanto para os profissionais”, diz Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half. “As mudanças globais em relação ao trabalho remoto e híbrido, assim como a geração de receita advinda do comércio eletrônico, estão influenciando as prioridades de contratação que nós observamos no Brasil”.

Segundo Mantovani, a adoção de processos operacionais e de planejamento orientados por dados em conjunto com planos que otimizem o rastreamento de talentos para construir forças de trabalhos mais resilientes, flexíveis e ágeis continuarão sendo imperativos para que as organizações “naveguem” rumo ao fim da pandemia.

De acordo com os executivos alvos da pesquisa, as cinco funções ou tarefas que melhor se adequam ao trabalho remoto incluem:

  • Para CIOs/CTOs:
  1. Engenharia em Nuvem
  2. Rede/Gestão de Sistemas
  3. Análise de Sistemas & Segurança
  4. Business Intelligence
  5. Suporte/Gestão do Help Desk
  • Para CFOs:
  1. Planejamento Financeiro
  2. Análise Financeira
  3. Gestão de Contas
  4. Folha de pagamento
  5. Auditoria e Relatórios
  • Para gerentes de contratação:
  1. E-Commerce/Marketing Digital
  2. Administração
  3. Vendas
  4. Gestão empresarial
  5. Atendimento ao cliente

Carreira em 2021

Entre os colaboradores, há expectativas salariais e um forte desejo pela manutenção do trabalho remoto, com quase metade dos inquiridos (57%) esperando por um aumento na remuneração, enquanto 68% esperam permanecer trabalhando de casa entre um e três dias na semana.      

A realocação também é prioridade para profissionais de diferentes países, com 39% dos funcionários entrevistados planejando se mudar para outra cidade ou país enquanto trabalham remotamente e 49% desejando experimentar uma jornada “comprimida”, de quatro dias, como forma de aliviar o burnout em 2021. Para 65% dos profissionais brasileiros, a melhor saída para aliviar o peso da jornada de trabalho é o modelo flexível.

O estudo da Robert Half identificou ainda cinco tendências de contratação com a ascensão do “trabalhe de qualquer lugar”. São elas:

– Quebra dos limites geográficos: à medida em que as organizações adotam cada vez mais as vagas de trabalho remoto como primeira opção, elas compreendem o valor do recrutamento para além de suas cidades. Diante disso, os gestores responsáveis por contratações podem evitar uma enxurrada de currículos e obter acesso direto aos principais candidatos por meio de parceria com uma empresa de recrutamento.

– Oferecer salários e benefícios competitivos segue determinante: profissionais com as habilidades exigidas pelo mercado sabem das opções que têm e os empregadores precisam compreender que é necessário oferecer salários e benefícios competitivos para reter colaboradores importantes, assim como atrair os melhores talentos.

– Investimentos em tecnologia e bem-estar: as empresas estão canalizando mais investimentos em tecnologias que apoiam o suporte ao trabalho remoto e à colaboração contínua, bem como em programas e benefícios de saúde e bem-estar para os funcionários.

– Novas habilidades “híbridas” estão surgindo: os empregadores estão exigindo cada vez mais que os candidatos demonstrem novos conjuntos de competências em resposta à pandemia. As técnicas devem ser acompanhadas das comportamentais, abrindo espaço ao que vem sendo chamado de “habilidades híbridas”, com muitas delas sendo sustentadas pelo uso de novas tecnologias.  

– Processos efetivos de onboarding e offboarding são essenciais: embora em muitas organizações o onboarding virtual já tenha substituído o processo presencial, empregadores também precisam repensar como lidam com a saída de funcionários à distância, visto que as políticas de distanciamento continuarão em muitos países.

Por fim, Mantovani afirma: “A força de trabalho ‘anywhere’ chegou para ficar. A adoção de uma mentalidade flexível será essencial para organizações e profissionais que queiram prosperar em um ambiente de negócios altamente dinâmico”.

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