Com o distanciamento social causado pelo novo coronavírus, diversos setores passaram a se reinventar e, automaticamente, enfrentar alguns problemas de adaptação. A área de Treinamento e Desenvolvimento (T&D), por exemplo, antes da pandemia, já encarava o desafio de concorrer com a preferência das empresas pelo aprendizado presencial.
Segundo a pesquisa Panorama do Treinamento no Brasil 2019/2020, realizada pela Associação Brasileira de Treinamento & Desenvolvimento (ABTD), 71% das companhias optam por treinamentos presenciais, contra apenas 13% que preferiam o ensino a distância.
O especialista em desenvolvimento profissional e CEO da Passadori Comunicação, Liderança e Negociação, Reinaldo Passadori, explica o porquê da preferência da capacitação presencial:
“As empresas sempre foram rígidas quanto ao aprendizado remoto, preferem o conhecimento tradicional justamente pela necessidade de troca de sabedoria instantânea, por acreditarem que o colaborador terá melhor aplicabilidade na hora de executar suas tarefas após o termino do estudo e, além disso, supõem que a modalidade remota gera um custo maior de modernização nas companhias”, conta.
O estudo da ABTD expõe, também, a necessidade que as organizações sentem do treinamento presencial por acreditarem nos benefícios da experiência de aprendizado entre os próprios profissionais. 79% das companhias do setor industrial disseram preferir a capacitação presencial, já no segmento de comércio e serviços esse número aumenta para 86%.
“O gestor de treinamento terá que incentivar mais as companhias para a capacitação remota e fazer com que elas entendam que as modalidades a distância e presencial são complementares”, explica Passadori.
Por isso, diz, é necessário analisar as necessidades dos formatos de aprendizados, fazer com que eles sejam sem complicações, burocracias e que aproxime, ao máximo, o colaborador da realidade que ele viverá após a conclusão do treinamento.
“O segredo é não deixar brechas no processo, criar trilhas de capacitação que comprovem resultados concretos, seja em treinamentos individuais ou em grupo, presenciais ou a distância”, finaliza.
Quem investe em T&D
A pesquisa da ABTD traçou o mapa dos principais setores e o quanto investem na capacitação de seus colaboradores
INDÚSTRIA
É o setor que mais investe em T&D, seja por colaborador, seja em números absolutos. É também o que tem práticas de T&D mais estruturadas, mais tem universidades corporativas e menos absenteísmo. Tem como prioridade os não líderes; é o setor que menos está fazendo EAD e o que mais utiliza avaliações de desempenho.
SERVIÇO
É o setor em segunda colocação em investimentos em T&D em números absolutos ou por colaborador e o com maior volume de horas de T&D por colaborador. É o que mais utiliza tecnologias para gestão do conhecimento; o que mais tem absenteísmo e o que menos tem verba anual de T&D definida. É também o setor que mais avalia a aplicabilidade de suas ações de T&D.
COMÉRCIO
É o setor que menos investe em T&D e que tem menos estrutura nessa área. Tem as lideranças como prioridade em suas ações de T&D, e, para elas, Treinamento Comportamental. Suas prioridades, seja em conteúdo, seja em indicadores de resultados, são as vendas. É o setor que mais avalia os resultados de suas ações de T&D (nível 4 e 5) e que, por um lado, menos utiliza ações de T&D no local de trabalho.
Por outro, mais utiliza a metodologia da mentoria. A grande oportunidade para as empresas desse setor é investir em metodologias online, que possibilitarão ganho de escala e ampliação de suas ações de T&D