Ao ouvir uma amostra de 2.100 pessoas, um levantamento realizado recentemente pela empresa de pesquisa 121 Labs, via aplicativo Hazo.App, concluiu que a maioria da população brasileira se sente esgotada em relação ao trabalho. O que o estudo detectou foi que 85% dos entrevistados estão passando por alguma fase de Burnout. O número é 34% superior ao encontrado nos Estados Unidos, que registra 52% da população afetada em alguma forma pelo distúrbio.
A pesquisa também revela que 92% dos brasileiros acreditam na importância de ações de bem-estar e promoção à saúde dentro das empresas. Porém, somente 50% delas têm feito parte dessas ações de forma rotineira.
Apesar do aumento no estresse e sintomas de burnout, 55% dos entrevistados pelo Hazo.App creem que a sua saúde melhorou em comparação ao período anterior à pandemia de Covid-19 (2019), já outros 25% sentem que a saúde piorou e os demais (20%) dizem que a situação se manteve igual. No geral, 60% avaliam positivamente o seu estado de saúde.
As respostas a este estudo foram obtidas entre 17 e 18 de setembro de 2022.
Mas o que é o Burnout e o que a empresa pode fazer diante de um caso?
Definido como um esgotamento físico, mental e emocional, de origem majoritária nas relações de trabalho, o burnout dá sinais como apatia, desânimo, falta de interesse, irritabilidade, tristeza excessiva, alterações do sono e do apetite, uma perda no sentido da realização profissional, segundo o Mestre em qualidade de vida, saúde e atividade coletiva, Ricardo Massola.
“Os primeiros sinais perceptíveis estarão nas faltas constantes por motivos de saúde, nas alterações emocionais, na dificuldade das pessoas em entregar as tarefas dentro dos prazos prometidos, na percepção de desânimo e apatia, na falta de atenção, concentração e memória e no distanciamento das relações de trabalho”, enumera Massola. E caberia aos líderes identificar tal situação.
Para Massola, a chamada Liderança Transformacional pode ajudar na construção de ambientes de trabalho saudáveis, capazes de prevenir o quadro e, mesmo, favorecer a tarefa nada fácil de identificação de colaboradores com o problema. Modelo que, grosso modo, consiste em um trabalho de motivar, inspirar e desenvolver pessoas, fornecendo autonomia, de modo a ter como resultado a inovação e uma colaboração ativa no desenvolvimento do negócio.
“Algumas pesquisas mostram que Líderes Transformacionais tendem a ter colaboradores mais saudáveis e com maior bem-estar quando comparado a outros tipos de liderança”. comenta Massola. “Esse estilo de liderança incentiva a motivação intrínseca [independente de estímulos externos] e preza por valores éticos entre a equipe, por isso faz com que o colaborador tenha um maior senso de pertencimento e promove um significado ao trabalho realizado.”
À empresa, como instituição, cabe oferecer regras claras, boa comunicação, ambiente psicologicamente seguro para manifestar-se e senso de propósito no trabalho.
Herança pandêmica
Segundo o médico psiquiatra Alexandre Valverde, desde o início da pandemia, “houve muito abuso nas relações de trabalho, com uma questão inicial de organização e muitas demandas das empresas para as pessoas, que sobrepuseram os períodos de descanso”. Ainda segundo o especialista,
as coisas estão mudando, mas vemos cada vez mais o turnover. Isso porque “as pessoas não veem mais sentido em trabalhar para se esgotar e gastar o próprio dinheiro com tratamentos”, afirma Valverde.
Fortalecimento individual
Diante de sinais de estresse, a psicóloga Camila Puertas recomenda horas suficientes de sono reparador diariamente, o controle e planejamento das tarefas e diminuir o tempo gasto com redes sociais. “Também é importante introduzir atividades físicas na rotina, seja ela uma caminhada de 15 minutos até o ponto de ônibus, ou 2 horas de treino intenso na academia da sua cidade”, recomenda.
“A alimentação também deve ser observada, é preciso se alimentar o mínimo possível de processados e industrializados e comer frutas, legumes e verduras”, diz a psicóloga, que recomenda, ainda, reduzir a ingestão de cafeína.