Difícil fazer qualquer exercício de futurologia quanto ao fim da crise pandêmica e, principalmente, quanto ao retorno à vida normal. Nunca se pensou tanto no destino do mundo como nesses dias. E a saúde mental, que já vinha sendo objeto de atenção em muitas corporações, ganha mais peso.
De acordo com estudo conduzido por Jeffey Pfeffer, da Escola de Pós-Graduação em Negócios da Universidade de Stanford, e publicado em seu livro Dying for a Paycheck (Morrendo pelo Salário), as empresas estadunidenses gastam cerca de U$ 300 bilhões por ano com as despesas causadas por problemas de saúde de seus funcionários.
Como os profissionais estão lidando com as novas situações provocadas pelo isolamento social? Sentem-se participantes de suas equipes como quando compartilhavam os momentos no café e na mesa de reuniões? Os projetos e estão sendo realizados com o mesmo entusiasmo?
Como anda a mente dos colaboradores, agora dividida entre o cumprimento de metas, o home office e as preocupações com o coronavírus?
Retomemos recentes levantamentos no Brasil. Segundo estudos da International Stress Management Association (ISMA), por exemplo, estima-se que a falta de produtividade causada pelo estresse no trabalho gere perdas anuais de 3,5% para o PIB no país.
E ainda 72% dos brasileiros ativos no mercado de trabalho sofrem consequências causadas por esse esgotamento. Destes, 32% provavelmente sofrerão a Síndrome do Esgotamento Profissional, ou Burnout, segundo a mesma fonte. Tudo isso, antes da quarentena.
Tecnologia aliada
No começo do ano, a startup Hisnëk lançou uma Inteligência Artificial Interativa (a Ivi) para ajudar colaboradores e gestores com a identificação de problemas emocionais.
Com o respaldo psiquiátrico do diretor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, Jair Mari, e da psicóloga e pesquisadora da Fapesp, Karina Lima, a tecnologia “conversa” com cada funcionário.
É uma ferramenta para ajudar a identificar quem tem potencial de desenvolver transtornos psicológicos, apresenta soluções assertivas e personalizadas mesmo a distância.
O robô cria um relatório mensal que analisa se as ações de bem-estar foram eficazes. A Ivi também é capaz de oferecer conteúdos específicos para as necessidades de cada colaborador, com especial foco em Burnout.
Com o cenário da quarentena, a Hisnëk decidiu adaptar a solução e torná-la gratuita. Por meio da campanha Longe+Perto, o app pode ser baixado no celular de qualquer pessoa que deseje cuidar de sua saúde mental e precise de motivação para minimizar os sentimentos negativos.
A startup também criou a ação #jeitodeestarjunto — vídeos com até 1 minuto de duração, em que pessoas de todo o Brasil podem compartilhar suas experiências desse período complexo de isolamento físico.
“O objetivo é ajudar o funcionário a estar mais motivado, ser mais produtivo e ficar mais feliz no ambiente de trabalho”, destaca Carol Dassie, CEO da Hisnëk. Sediada no CUBO, a startup já atende 80 mil pessoas em empresas como a Nokia, a Dasa e a Alelo.