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Felicidade corporativa: não tem cargos e crachás

Práticas como a criação de comitês, metas e CHO auxiliam o ambiente corporativo a ser mais feliz

de Jussara Goyano em 2 de setembro de 2021

Quanto vale a felicidade dos colaboradores? Com métodos como criação de comitês, metas e CHO (Chief Happiness Officer) ou, em português, Chefe de Felicidade, a felicidade corporativa ganha força dentro das empresas.

“As empresas estão vendo que precisam de pessoas, felicidade, além de engajamento para que seus funcionários tenham amigos verdadeiros no ambiente de trabalho. Elas precisam criar técnicas de comunicação para que deixem as pessoas felizes. Coisas simples que fazem toda a diferença”, afirma Angélica Consiglio, CEO da Planin.

Angélica participou do debate “Felicidade na prática” durante o Fórum Felicidade Corporativa, promovido pela Plataforma Melhor RH, em parceria com a Negócios da Comunicação, ao lado de Dani Plesnik, Diretora de Talento e Cultura da Deloitte, e Alexandre Lopes, Diretor Presidente / CEO da Jobcenter do Brasil. 

Felicidade corporativa nos espaços

Espaços que contemplem diversidade, transparência e equidade são pilares para um ambiente de trabalho que os colaboradores se sintam felizes. “O melhor exemplo é a criação de um ambiente que tenha diversidade, transparência e equidade”, diz Angélica. Ela defende o poder de transformação da comunicação, além de ser essencial para garantir o equilíbrido e a felicidade no ambiente corporativo.

“Na agência nós temos mais mulheres que homens em cargos de liderança, então temos uma comunicação aberta”, explica ela, que completa afirmando que não há hierarquia na comunicação. “As pessoas se comunicam independente dos cargos. Esse conjunto de coisas faz com que a pessoa se sinta verdadeira no ambiente de trabalho e consigam atingir o equilíbrio e a felicidade”, diz Angélica.

Além disso, a conexão nos espaços corporativos é essencial para que a felicidade corporativa saia do papel. “Segundo um estudo de Harvard a felicidade é a conexão. Então, é muito importante quando a gente pensar em felicidade corporativa, o que gera a conexão entre as pessoas”, afirma Dani Plesnik, da Deloitte.

“Na Deloitte temos os cafés virtuais nos quais colocamos um tópico como propósito, felicidade, vulnerabilidade, medo. Pautas totalmente diferentes em que não tem cargos e crachás. Todo mundo da empresa é convidado. Isso entre as pessoas gera conexão”. Além disso, Dani cita os e-mails e comunicados de gratidão, que não envolvem um grande investimento de recurso, mas é recompensador, visto que gera um impacto positivo.  

O papel da liderança na felicidade corporativa 

A liderança é fundamental para que o colaborador se sinta acolhido e à vontade no ambiente de trabalho, criando um clima de felicidade. No entanto, ele não pode ser o único responsável por isso, é uma tarefa coletiva. 

“Não depende de uma única pessoa e de um único executivo. A presença de lideranças nas empresas nesse processo define uma cultura corporativa e ela é fundamental para que o propósito da empresa seja bem entendido, não só pelos colaboradores, mas por todos os stakeholders”, diz Angélica.

Para a executiva, o desafio do executivo de RH nesse novo ambiente é muito importante. “Não para motivar a liderança para  nova jornada que é totalmente diferente que existia no passado com base em uma comunicação de mão dupla, mas também para fazer pequenas coisas”, conclui. 

Dani, que é CHO, conta que é dever de todos cuidar da felicidade corporativa e não só do Chefe de Felicidade. “Como talent,eu tenho menos contato no dia a dia dos profissionais, diferente dos seus líderes e colegas. A responsabilidade de talent é uma responsabilidade de cuidar das pessoas compartilhadas e a gente viabiliza isso”. 

Dani ainda reforça a importância de que pessoas especializadas e que gostem do tema felicidade abordem a pauta nas empresas. E lembra que apesar de todo o conhecimento de técnicas e habilidades, é necessário ser empático para atingir os colaboradores. “É preciso ser humano ao lidar com as pessoas”.

Criação de comitês

Visto que não é papel somente de um líder ou executivo, a criação de comitês é fundamental para que a “felicidade corporativa” se torne viável dentro das paredes das empresas.

“Eu tenho um Comitê de Felicidade Corporativa com outras empresas. Somos 10 pessoas e um estudioso do tema há mais de 10 anos, que nos guia. A gente otimiza e catalisa o processo. Eu tenho também um Comitê Interno na Deloitte, como se fosse uma formação de embaixadores. É uma troca para multiplicar”, detalha Dani. A empresa tem uma Escola de Felicidade repleta de embaixadores. Dani explica que os comitês na Deloitte, ainda não são oficiais e não tradicionais, possuem a função de potencializar e atingir um número maior de colaboradores sobre o tema. 

Angélica que possui experiência em Conselho de Administração e participa do Instituto de Governança Corporativa, além de aconselhar a implementação de Comitês, diz que os altos comandos das empresas estão passando por uma mudança significativa.  “O alto comando das empresas no passado trabalhavam de forma isolada e não tinham pessoas para apoiar nessa jornada. Felizmente, diante dessas movimentações mais recentes, e com a internet ganhando mais força e dando poder para as pessoas opinarem e serem elas mesmas, ocorre uma mudança no alto comando e conselho das empresas. O lucro a qualquer preço já não reina mais no mercado”. 

Mensuração da felicidade

A felicidade é um sentimento qualitativo e subjetivo, portanto há uma dificuldade de mensurar o seu impacto nos colaboradores. Por conta disso, os dados advindos de pesquisas são fundamentais. 

“Na área de talent a gente fala ‘traga dados’, ‘vou compartilhar alguns dados com você e são pesquisas que são públicas’. A felicidade corporativa tem capacidade de aumentar em até 31% a produtividade das pessoas, segundo o estudo de Havard. Ela pode aumentar a retenção em até 44%. Assim como aumentar a inovação em até 300%, de acordo com um estudo da Havard . Pode auxiliar na redução do absenteísmo por afastamento médico em até 66%, esse é um estudo da Forbes. Pode reduzir o turnover em até 51%, segundo um estudo da Gallup e pode reduzir o burnout em até 125%, de acordo com um estudo da Greenberg”, conta Dani. 

Dani relata que na Deloitte tem uma pesquisa de clima emocional. É preciso saber como estão emocionalmente as pessoas. Era, há alguns anos, um tópico tabu no ambiente corporativo, mas que os gestores precisavam ter conhecimento. Questões externas ao trabalho podem afetar o funcionário, que não é somente um funcionário, mas também um ser humano “É claro que movimentos como colocar na agenda uma reunião de felicidade que eu não falo de projeto e financeiro, eu falo de felicidade, você sai com um sorriso no rosto. Você ressignifica uma call e outra e tira o clima pesado”. 

Desafios

Para Angélica a felicidade, não só a corporativa, é um um estado de momento. “Então eu acho que esse é o grande desafio das empresas, que é fazer essa jornada contínua e não simplesmente em um único dia. As pessoas precisam estar o tempo todo sendo motivadas e sendo instigadas para aprender algo novo”. 

Além disso, a pandemia trouxe novos desafios, como o trabalho híbrido. Como criar ambientes híbridos em que todos estejam felizes e engajados, visto que as pesquisas mostram que as pessoas estão mais deprimidas neste período de isolamento. “Então eu vejo que essa pandemia vai trazer um novo desafio para nós como líderes e para todo o mercado e para as pessoas também de como elas vão se organizar para esse novo normal pós pandemia que a gente não sabe como vai ser”, afirma Angélica. 

Para Alexandre Lopes, da Jobcenter, as empresas devem fazer uma reflexão. “O dilema das empresas é como ajudar essas pessoas a realizar seus desejos profissionais e até pessoais. A grande reflexão para as empresas é como elas podem ajudar os colaboradores no seu mundo corporativo e no seu mundo pessoal”.

Saiba mais

Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa  é promovido pela Plataforma Melhor RH. Quer conferir todos os debates e conversas do evento?

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