A gestão de benefícios em empresas com operações internacionais é, por si só, um grande desafio. O alinhamento de pacotes para uma força de trabalho global, distribuída em diversos países, exige uma combinação detalhada de estratégias que consideram variáveis locais e o direcionamento da matriz sobre a proposta de valor para os colaboradores e a otimização de custos.

Com isso, multinacionais enfrentam complexidades significativas ao gerenciar benefícios em diferentes jurisdições: cada nação possui suas regulamentações trabalhistas e previdenciárias, práticas de mercado e expectativas culturais que influenciam a oferta de benefícios.

Segundo uma pesquisa da WTW, 40% das empresas globais têm como prioridade alinhar o custo e o design dos benefícios com os valores e preferências do mercado e dos colaboradores​, e 31% gostariam de simplificar o modelo operacional e de administração de benefícios para otimizar recursos.

Para alcançar esse objetivo, essas empresas enfrentam desafios como a conformidade regulatória, já que cada país impõe exigências distintas para saúde, previdência e outros benefícios; a gestão de custos, impactada pelo aumento das despesas médicas e pela crescente mobilidade internacional, que pressionam os orçamentos corporativos; a necessidade de equilibrar consistência global e flexibilidade nos pacotes de benefícios, garantindo que atendam às particularidades locais; e a adaptação à mobilidade internacional da força de trabalho, que exige benefícios alinhados a essa realidade, como planos de saúde, International Pension Plans, seguros de vida e suporte à saúde mental – essenciais para atrair e reter talentos expatriados.

Para superar esses desafios, as empresas podem adotar práticas inovadoras que já estão em ascensão no mercado, como o uso de inteligência de dados para mapear as necessidades dos colaboradores, a implementação de tecnologia e automação na gestão de benefícios, facilitando tanto a administração quanto a personalização das ofertas, e a aplicação de uma governança global de benefícios que assegure consistência, eficiência e conformidade com as regulamentações locais. Além disso, é essencial garantir um controle rigoroso sobre a conformidade com as regulamentações globais e manter um nível mínimo de confiabilidade dos provedores locais.

Outro fator relevante que pode impulsionar a adoção desse modelo é a adaptação às crescentes demandas por diversidade, equidade e inclusão (DEI). Considerando a necessidade das empresas de oferecer benefícios que atendam a questões diversas, como tratamentos de fertilidade, cirurgias de transição de gênero e suporte a parceiros do mesmo sexo, além da tendência de estabelecer períodos mínimos globais para licenças parentais e de cuidado com parentes enfermos, alinhando-se às legislações globais que promovem a equidade de gênero. A inclusão desses benefícios reflete um compromisso com a diversidade e equidade, sendo fundamental para a atração e retenção de talentos.

A gestão de benefícios multinacionais exige uma combinação de governança sólida, flexibilidade e inovação. Utilizar a inteligência de dados para aumentar a percepção de valor dos benefícios pelos colaboradores e implementar uma governança global, liderada por uma equipe central multifacetada, são passos essenciais para superar os desafios das operações internacionais. Empresas que conseguem ajustar suas estratégias às necessidades locais, mantendo a consistência global, estarão mais preparadas para atrair e reter talentos em um ambiente competitivo. Com uma governança global bem estruturada, essas empresas também terão maior capacidade de otimizar custos e mitigar os riscos relacionados aos pacotes de benefícios em suas operações internacionais.