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A nova era do recrutamento deve valorizar habilidades e criar ambientes inclusivos

Para gerar valor à empresa, é necessário inovar na contratação, investir no desenvolvimento e reter talentos, com atenção à marca empregadora e outros fatores de permanência

de Redação em 21 de fevereiro de 2025
Tiko33, via Freepik.com

O cenário do recrutamento e seleção de talentos vem passando por uma grande transformação nos últimos anos. O modelo tradicional, que priorizava apenas formação acadêmica e experiência prévia, tem perdido espaço para uma abordagem mais dinâmica, centrada nas habilidades e no potencial de desenvolvimento dos profissionais. Além disso, cresce a necessidade de construir ambientes de trabalho mais inclusivos e diversos, que respeitem e valorizem diferentes trajetórias.

Segundo um estudo da McKinsey, empresas com diversidade de gênero em suas equipes executivas têm 25% mais chances de obter lucros acima da média, enquanto organizações que promovem inclusão racial e étnica apresentam desempenho 36% superior (McKinsey, 2023). Esses dados demonstram a importância da adoção de práticas mais inclusivas na atração e retenção de talentos.

Durante o 5º Fórum Melhor RH Confiança, esse tema foi amplamente debatido nos painéis “Recrutando Talentos por Habilidades e Não Apenas por Formação” e “A Inclusão como Estratégia de Retenção”, trazendo insights sobre como as empresas podem inovar em suas práticas de contratação e fortalecer sua cultura organizacional.

A evolução do recrutamento: foco em habilidades e desenvolvimento

O painel “Recrutando Talentos por Habilidades e Não Apenas por Formação”, mediado por Jéssica Gondin, Gerente de Projetos na Companhia de Estágios, contou com a participação de Renata Castro, Diretora da Indra Group no Brasil. A discussão abordou a necessidade de flexibilizar critérios de contratação e investir no desenvolvimento de profissionais dentro das empresas.

Jéssica iniciou destacando as mudanças no perfil da Geração Z, enfatizando que essa nova geração busca muito mais do que apenas um bom salário: “A Geração Z valoriza empresas alinhadas com propósito e impacto social. Eles buscam flexibilidade, qualidade de vida e oportunidades claras de crescimento”.

Ela também citou pesquisas da Companhia de Estágios que mostram um aumento no interesse por programas de desenvolvimento estruturados: “Quando uma empresa oferece trilhas de desenvolvimento claras, o número de inscritos nos processos seletivos cresce consideravelmente. Isso mostra que os candidatos querem aprender e crescer dentro da organização”.

Renata complementou essa visão trazendo um panorama do setor de tecnologia, um dos mais concorridos no recrutamento de talentos: “Hoje não temos mais barreiras geográficas. Profissionais de TI são disputados globalmente. Para manter talentos, precisamos investir na formação contínua e criar um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo”.

Ela compartilhou um case de sucesso da Indra Group, que expandiu um programa de jovens talentos para incluir profissionais 50+, promovendo a diversidade etária e a troca de experiências dentro da empresa: “Nosso programa de jovens profissionais passou a incluir também talentos 50+. O resultado foi um ambiente de trabalho mais inovador e colaborativo, onde diferentes gerações aprendem umas com as outras”.

Outro ponto abordado foi a necessidade de flexibilizar requisitos técnicos em processos seletivos. Jéssica ressaltou que muitas empresas já estão abandonando a exigência de inglês fluente na contratação inicial, optando por oferecer cursos internos para capacitar os profissionais ao longo do tempo: “Em vez de buscar um profissional já fluente em inglês, muitas empresas agora oferecem cursos internos e desenvolvem essa competência ao longo do tempo. Isso amplia o leque de candidatos e promove maior diversidade”.

Renata também reforçou a importância das soft skills no recrutamento: “Não basta a formação técnica. Trabalho em equipe, comunicação e empatia são fundamentais para o sucesso dentro das empresas”.

Ela concluiu sua participação destacando que a retenção de talentos está diretamente ligada ao investimento no crescimento profissional dos colaboradores: “Olhar para dentro da empresa e desenvolver talentos internos é tão importante quanto contratar novos profissionais. Criar oportunidades reais de crescimento é o que faz as pessoas ficarem”.

A inclusão como estratégia de retenção

O painel “A Inclusão como Estratégia de Retenção”, mediado por Sandra Vicari, VP de Gestão de Gente e Sustentabilidade do Assaí Atacadista, abordou como a diversidade e a inclusão impactam diretamente a permanência dos talentos nas empresas.

Sandra iniciou a discussão compartilhando um dado relevante da experiência do Assaí Atacadista: “O perfil 50+ é disparado o que mais permanece na empresa, independentemente da região do país”.

Esse insight reforça a importância de programas voltados à valorização de profissionais mais experientes, permitindo que eles continuem contribuindo ativamente para o crescimento da empresa.

Ela também destacou que todas as lojas do Assaí são abertas com pelo menos 5% de profissionais com deficiência, demonstrando o compromisso da empresa com a inclusão: “Mais do que incluir, é preciso dar condições para que esses profissionais cresçam dentro da empresa. Temos programas estruturados para garantir que eles tenham oportunidades reais de desenvolvimento”.

Outro ponto levantado foi o impacto positivo da diversidade na inovação e no engajamento dos colaboradores. Sandra compartilhou que a empresa tem um programa exclusivo de recrutamento interno para promover o crescimento de profissionais negros e mulheres para cargos de liderança: “Hoje, muitas empresas falam sobre diversidade, mas poucas praticam de verdade. Nós sabemos que promover inclusão é um processo contínuo, que exige comprometimento da alta liderança e ações concretas”.

Ela reforçou que, para reter talentos diversos, as organizações precisam ir além do discurso e criar um ambiente verdadeiramente acolhedor: “Os colaboradores querem autenticidade. Não adianta uma empresa pregar diversidade se, na prática, não oferece um ambiente seguro para que as pessoas sejam quem realmente são”.

O painel também abordou a importância da inclusão no recrutamento desde o primeiro contato com o candidato. Sandra enfatizou a necessidade de eliminar vieses inconscientes no processo seletivo e treinar os recrutadores para que enxerguem o potencial dos profissionais além dos critérios tradicionais: “Muitas vezes, um candidato incrível é descartado porque não tem uma formação específica ou porque sua trajetória profissional é não convencional. Precisamos mudar essa mentalidade e focar nas habilidades e no potencial de cada pessoa”.

Ela finalizou o painel ressaltando que a inclusão não é apenas uma responsabilidade do RH, mas de toda a organização: “A diversidade fortalece a cultura, melhora o engajamento e aumenta a produtividade. Empresas que não investirem nisso ficarão para trás”.

O futuro do recrutamento e a construção de ambientes mais inclusivos

Os dois painéis demonstraram que o recrutamento precisa evoluir para atender às novas demandas do mercado de trabalho. Se, por um lado, as empresas precisam priorizar habilidades e desenvolvimento em vez de critérios rígidos de formação, por outro, a construção de um ambiente mais inclusivo e acolhedor é essencial para garantir a retenção dos talentos.

Os especialistas foram unânimes ao afirmar que, no cenário atual, as empresas que investirem em diversidade e capacitação contínua terão uma vantagem competitiva significativa.

Renata Castro resumiu bem esse novo momento do RH: “Não se trata apenas de preencher uma vaga, mas de encontrar o talento certo e criar um ambiente onde ele possa prosperar”.

O Fórum Melhor RH Confiança trouxe debates essenciais para a transformação do setor de Recursos Humanos, destacando que o futuro do recrutamento não está apenas na tecnologia, mas na capacidade das empresas de enxergar o verdadeiro potencial das pessoas.

Assista aos painéis completos aqui!

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