Diversidade

A tecnologia como parceira da inclusão nas empresas

Uso de algoritmos para recrutamento sem vieses e análise de dados para mensurar representatividade são iniciativas de promoção da diversidade

Seja nos processos de recrutamento e seleção ou em outros campos da experiência do empregado, a tecnologia se apresenta como aliada dos gestores na implantação da diversidade. A sua importância e o seu impacto no engajamento das pessoas e na inovação impõem a necessidade de se investir cada vez mais em inteligência e em ferramentas que possam direcionar as ações afirmativas da melhor forma.

Na Bayer Brazil, a tecnologia tem sido utilizada na promoção da diversidade especialmente na aprendizagem com plataformas virtuais. É o que diz Elizabete Rello, diretora de RH da companhia. “Não só para divulgar os programas de inclusão, mas também para facilitar o acesso a eles”, explica.

Ela relata que a empresa começou recentemente a usar Inteligência Artificial (IA) para o recrutamento. “Ainda estamos em uma curva de aprendizado e temos que tomar muito cuidado para que a ferramenta, que trabalha com algoritmos, não reproduza as experiências que tivemos no passado e que não nos trouxeram a diversidade que precisamos”.

Simone Beier, diretora de RH da Cargill, diz que as ferramentas tecnológicas têm ajudado a promover maior inclusão principalmente por meio da educação dos funcionários e na busca por talentos. Em relação à primeira, ela explica que plataformas digitais internas, chamadas de “My Learning”, têm sido utilizadas para treinamentos específicos ligados ao tema. “Temos programas de vieses inconscientes e de lideranças inclusivas que estão disponíveis para todos os funcionários”, pontua.

A tecnologia também tem sido importante para a realização de eventos como palestras online promovidos pelo Comitê de Diversidade e pelas quatro Redes de Afinidade da empresa, as quais reúnem hoje mais de 1200 pessoas.

No que diz respeito à busca por talentos, ela é usada para aumentar a procura por candidatos diversos. “No nosso último programa de estágios, fizemos um processo seletivo ocultando gênero, idade e universidade nas etapas iniciais do processo”, exemplifica. Ela destaca a realização de um programa piloto internacional em inglês com a utilização de “linguagem inclusiva” na descrição e divulgação de vagas, o que teria resultado em um aumento na contratação de mulheres.

O uso de dados é outro ponto mencionado pelas gestoras.Nós temos procurado também usar ao nosso favor ferramentas de people analytics para sofisticar as informações e tomarmos decisões mais corretas”, informa a executiva da Bayer. “Pegamos como parâmetro o ciclo de vida do colaborador, que vai desde a seleção até a sua saída, e estamos analisando criteriosamente cada uma das fases para saber o quanto temos de diversidade de fato e o quão diversos são os nossos planos de sucessão”.

Agora, ao saírem da organização, os funcionários geram dados que são utilizados pelo setor de RH através de dashboards que indicam se a empresa está perdendo pessoas que representam pilares de diversidade. Em seguida, são criados processos de investigação para entender por que isso está acontecendo. 

Segundo Beier, até alguns anos atrás, a maioria das empresas faziam entrevistas de desligamento e muitas das informações delas acabavam se perdendo ou não eram utilizadas pelos RHs. “No momento em que você cria um sistema de offboarding, como o que estamos criando na Cargill, isso ocorrerá de forma muito mais estruturada em termos de pesquisa e os dados serão mais utilizados do que eram no passado para enriquecer a jornada do empregado dentro da empresa”.    

“A tecnologia possibilitará o surgimento de plataformas cada vez mais sofisticadas de análise de dados que usarão essas informações para nos ajudar a aprofundar as discussões e elaborar estratégias e iniciativas mais embasadas, seja para a atração ou a promoção de determinados grupos dentro da empresa”, analisa.

Rello afirma que as ferramentas tecnológicas permitiram que fosse mensurada, dentro da estrutura da Bayer, a representatividade étnica nos diferentes níveis e os gaps que existem nos níveis de liderança. Isso fez com que fosse lançado em 2020 um programa de trainee para profissionais negros e negras.

Essa discussão aconteceu durante o Fórum Melhor RH Tech, realizado pela plataforma Melhor RH nos dias 14 e 15 de dezembro. O evento, totalmente digital e gratuito, reuniu em seus painéis e trendings gestores de RH e executivos de empresas para debater sobre os principais desafios e tendências do setor.

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