Desde que a pandemia chegou ao Brasil, em março de 2020, outras doenças que não o novo coronavírus foram deixadas de lado. Isso também se refletiu em espaços corporativos, que se dedicaram a informar seus colaboradores sobre a pandemia. No entanto, a prevenção e o cuidado com outras doenças ainda é essencial.  

Um tema que ganhou força neste período de isolamento social foi a saúde mental e a saúde integrativa. O assunto foi alvo de debate no Fórum Felicidade Corporativa, promovido pela Melhor RH. Participaram da conversa Esteban Blanco, Diretor de Recursos Humanos da Boehringer Ingelheim Brasil, Daniela Villahermosa, Supervisora de Saúde Corporativa e Segurança do Trabalho unidade Anchieta da Volkswagen, e Ado de Castro Bechelli, médico consultor da Willis Towers Watson.

Como a empresa pode atuar para engajar na saúde

Para Daniela, é importante não fracionar a saúde mental da física. Ele destaca que as empresas devem buscar cada vez mais o cuidado com a saúde integrada do colaborador.

“É fundamental nos dias de hoje olhar para a saúde como um todo. No seu contexto físico, mental e social. É importante que as empresas pensem além do que a NR 7 e a saúde ocupacional tradicional. Precisamos ter essa abordagem clínica e social. Na Volkswagen, temos uma equipe multiprofissional, contamos com assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, educador físico, além dos nossos médicos. Essa equipe dialoga entre si e é muito conectada. Um conta com o outro. Essa abordagem é muito importante. Olhar nossos empregados como um todo”, conta Daniela. 

Por sua vez, Esteban ressaltou a importância de trabalhar na prevenção. “A falta de conexão física também pode trazer esse sentimento de solidão, e isso pode afetar as pessoas. A falta de diferenciação entre o momento pessoal e o momento profissional trouxe conflitos dentro de casa. Enfim, a pandemia trouxe um olhar mais amplo sobre o tema saúde. E é nossa responsabilidade como empregadores olhar esses aspectos e tentar apoiar os colaboradores e a liderança. E como lidar efetivamente com isso, porque uma vez que o funcionário mostra sinais de burnout já é tarde”, disse Esteban.

Além da covid-19

Segundo Ado, cuidar e ser preventivo em relação a outras doenças é fundamental. “A descontinuidade do cuidado é a principal perda da condição de saúde. Ocorrerá menor efetividade dos tratamentos instituídos e das atividades preventivas que foram estabelecidas. A doença tende a agravar e quando a doença se agrava ocorre mais idas ao pronto socorro, aumento de internações hospitalares, do seu sinistro da sua apólice, maior licença médica. Tudo acaba acontecendo quando você desfoca. O autocuidado que você praticava deixa de existir”, afirma Ado. 

Esteban destacou que as empresas possuem um papel importante no engajamento de seus colaboradores para cuidar da saúde.

“Na Boehringer, desde o começo da pandemia, já tínhamos um time de saúde ocupacional muito bem estabelecido, com foco tanto na fábrica como também no escritório. E o que temos feito foi investir ainda mais, tanto nos técnicos de enfermagem quanto em psicólogos. E isso tem sido algo muito positivo, nos permitiu estar perto dos nossos funcionários e compreender o que cada um deles estava sofrendo. Passar essa segurança para nossos funcionários foi realmente necessário para eles conseguirem usufruir benefícios de todos esses apoios e suportes que temos dado”, disse ele, destacando também que outras ideias foram surgindo, como lives sobre alimentação, exercícios físicos e yoga.

Daniela conta que já em 2019 foi criado o Médico do Cuidado nos ambulatórios da Volkswagen. A iniciativa tem a intenção de um cuidado mais próximo de doentes crônicos. E isso foi acentuado durante a pandemia. 

Desafios na saúde

Segundo Daniela, na Volkswagen, inicialmente, houve dificuldade de se falar sobre saúde mental, pois era um ambiente predominantemente masculino e “de exatas”. Porém, com a chegada da pandemia, a situação mudou. Houve muita receptividade para falar sobre saúde mental e abordar temas como ansiedade e depressão. 

“A saúde ganhou um protagonismo durante a pandemia. As pessoas estão mais abertas com sua saúde física e mental e social. Sem dúvida nenhuma, agora veem a saúde com outros olhos e sabem da importância dela. Porque uma doença parou o mundo”, ressalta Daniela.

Saiba mais

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