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Comunicação interna falha custa caro. Entenda

O resultado é o desengajamento das lideranças, dos colaboradores, turnover e lacunas entre produção, inovação e estratégia de negócios. Executivos apontam soluções para evitar os problemas

de Redação em 9 de abril de 2025
FernandoCortesDe, via Freepik.com

Apesar dos avanços tecnológicos e das transformações culturais no mundo do trabalho, a comunicação interna segue sendo um gargalo em empresas de todos os portes. Dados recentes da pesquisa Comunicação Interna Trends 2025, conduzida pela Progic, mostram que 53,9% dos gestores apontam o alcance da comunicação como o maior desafio corporativo. O estudo revela ainda que 50,1% dos respondentes notaram um aumento no desengajamento da liderança como comunicadora, enquanto impressionantes 58,8% das companhias ainda não têm programas estruturados para apoiar a comunicação dos gestores.

Esse cenário nacional encontra eco em dados globais. Segundo o relatório “Global State of Internal Communications 2025”, publicado pela plataforma Workshop, uma das maiores dores das equipes de comunicação interna ao redor do mundo está na mensuração de resultados. O levantamento, realizado com centenas de líderes de comunicação, também destaca que alcançar funcionários da linha de frente será uma das prioridades estratégicas em 2025.

Vazzoler, da Progic: demanda por mensuração (Crédito: Divulgação)

Com tantas lacunas, cresce a percepção de que comunicar bem dentro da empresa não é só informar — é transformar. E isso só é possível quando há intenção, estratégia e, sobretudo, investimento. Como destaca Igor Vazzoler, CEO da Progic, “o desafio não é só comunicar, mas garantir que a mensagem alcance, conecte e transforme as empresas. Nesse cenário, um desejo constante dos gestores é a possibilidade de mensurar esses resultados. Por isso, uma tendência cada vez mais presente será a de usar a tecnologia para gerar insights e números que possam colaborar para o entendimento do engajamento dos colaboradores. Dessa forma, o uso de ferramentas de IA e inteligência de dados será cada vez mais frequente. Assim, a comunicação passa a ser uma ferramenta cada vez mais estratégica, garantindo mensagens mais efetivas.”

Essa movimentação já acontece em grandes corporações. A Coca-Cola, por exemplo, adotou soluções baseadas em inteligência artificial semelhantes ao ChatGPT para facilitar o acesso de colaboradores a informações internas. Embora os resultados sejam promissores, a empresa reforça a importância da supervisão humana para garantir a precisão e relevância das respostas fornecidas pela IA.

Carine, da Newa: comunicação com propósito

Mas nem só de tecnologia vive uma boa comunicação. Propósito, cultura e liderança continuam sendo pilares centrais para o engajamento. Para Carine Roos, fundadora e CEO da Newa, consultoria de impacto social, o alinhamento entre o que a empresa diz e o que ela faz é cada vez mais observado, especialmente pelas novas gerações: “Essa geração não busca apenas um emprego; eles querem um propósito claro em seu trabalho. Para eles, o impacto individual precisa se conectar a um impacto coletivo. Organizações que articulam sua visão de impacto e a traduzem em ações concretas – como programas de responsabilidade social, projetos de inovação sustentável e práticas de inclusão – não apenas atraem esses talentos, mas constroem equipes engajadas e motivadas. Mostrar como cada colaborador contribui para um impacto maior fortalece a conexão emocional com a empresa e amplia o engajamento”.

Essa perspectiva é reforçada por dados da Gallup, que revelam que 74% dos colaboradores sentem que perdem informações importantes da empresa por falhas na comunicação interna. A consequência direta disso é o desengajamento — um dos principais fatores para a alta rotatividade e perda de produtividade. E se a cultura é o que une uma equipe em torno de valores e comportamentos comuns, líderes têm papel decisivo nesse processo.

É o que aponta Karina Collaço Garcia, gerente de Gente e Gestão da Agger: “É necessário evoluir para atender às demandas do mercado e das pessoas colaboradoras quando se deseja relevância e competitividade. A transformação da cultura organizacional e o investimento em lideranças alinhadas a valores como diversidade, inclusão, bem-estar, sustentabilidade, engajamento e desenvolvimento de carreiras são fundamentais para reter e engajar o time.”

Karina, da Agger: evolução para atender o mercado (Crédito: Divulgação)

Ainda assim, dados da Ipsos em parceria com a GE mostram que 40% dos funcionários de nível inicial acreditam que os CEOs não “praticam o que pregam”, indicando uma lacuna perigosa entre o discurso da liderança e sua atuação cotidiana. Esse desalinhamento afeta diretamente a credibilidade das mensagens e pode agravar o distanciamento entre colaboradores e gestores.

Diante disso, as empresas que desejam crescer de forma sustentável precisam fazer da comunicação uma prioridade estratégica. Para os especialistas acima, isso significa investir em canais eficazes, formar líderes como comunicadores ativos, e garantir que a cultura seja vivida — não apenas comunicada.


Este tema integra parte das discussões que acontecerão no Fórum Melhor RH Innovation, promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação.

O evento será realizado em 14 e 15 de abril, on-line e gratuito, e reunirá líderes de RH, especialistas em transformação cultural, executivos de inovação e pesquisadores para discutir os rumos da gestão de pessoas na era da inteligência artificial.

Garanta sua participação pelo link: bit.ly/FMRHINN

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