Gestão

Destinos de alto custo

de Redação em 15 de setembro de 2014

São Paulo / Crédito: Shutterstock

 

As 10 mais caras

Luanda (Angola)
N’Djamena (Chade)
Hong Kong (Hong Kong)
Cingapura (Cingapura)
Zurique (Suíça)
Genebra (Suíça)
Tóquio (Japão)
Berna (Suíça)
Moscou (Rússia)
Xangai (China)

Duas cidades africanas estão no topo da lista como as mais caras para expatriados, de acordo com a Pesquisa de Custo de Vida de 2014, da Mercer. Apesar de não serem normalmente reconhecidas como ricas em comparação a outras, Luanda, em Angola, é a cidade mais cara do mundo pelo segundo ano consecutivo, seguida por N’Djamena, no Chade. As cidades europeias e asiáticas também continuam a dominar como as mais caras, com Hong Kong em 3º lugar, seguida por Cingapura. Zurique ocupa a 5ª posição, seguida de Genebra, em 6°. Tóquio caiu quatro posições em relação à pesquisa anterior, ficando na 7ª colocação.

“Os rankings em muitas regiões foram afetados por eventos mundiais recentes, incluindo perturbações econômicas e políticas, que resultaram em flutuações cambiais, inflação dos custos de produtos e serviços e volatilidade nos preços de moradia”, explica Ed Hannibal, sócio e líder global para a área de mobilidade da Mercer. Enquanto Luanda e N’Djamena são cidades relativamente baratas, acabaram tornando-se muito caras para expatriados, uma vez que os produtos importados são caríssimos. “Além disso, encontrar acomodações seguras que atendam aos padrões de estrangeiros pode ser um desafio – e muito caro também. É geralmente por isso que algumas cidades africanas aparecem no topo da pesquisa”, acrescenta.

Outras cidades que aparecem entre as 10 mais caras para expatriados são Berna, Moscou e Xangai. A paquistanesa Karachi, classificada em 211º, é a cidade mais barata do mundo para expatriados, e a pesquisa constatou que Luanda é mais de três vezes mais carada do que Karachi.

+ Pesquisa
A pesquisa da Mercer tem a cidade de Nova York como base e serve de comparação para todas as outras. Os movimentos cambiais são medidos em relação ao dólar americano. O levantamento abrange 211 cidades em cinco continentes e mede o custo comparativo de mais de 200 itens em cada local, incluindo moradia, transporte, alimentação, vestuário, utilidades domésticas e entretenimento.
Este ano, a Mercer tirou Caracas (Venezuela) do ranking devido à complexa situação da taxa cambial; a sua classificação teria variado muito dependendo da taxa de câmbio oficial selecionada.

De acordo com Hannibal, enquanto as multinacionais continuarem a reconhecer a importância de ter uma força de trabalho global e as transferências prosseguirem neste ritmo, elas devem ser capazes de monitorar e equilibrar o custo de seus programas de expatriados. “Os empregadores precisam avaliar o impacto das flutuações cambiais, a inflação e a instabilidade política ao enviar empregados em transferências internacionais, enquanto garantem reter funcionários talentosos, oferecendo pacotes de remuneração competitivos.”

Nathalie Constantin-Métral, diretorada Mercer com a responsabilidade de compilar o ranking da
pesquisa, comenta que várias cidades saltaram na lista deste ano, seguindo os grandes aumentos tanto do custo da moradia quanto da demanda, juntamente com fortes moedas locais. “Dhaka e Nairobi (ambas em 117 º) e Dubai (67 º) subiram 37, 30 e 23 lugares, respectivamente”, diz.

As Américas
As cidades dos EUA subiram no ranking devido à relativa estabilidade do dólar americano em relação às outras moedas, além da queda significativa de cidades de outras regiões. O aumento no mercado de aluguel residencial fez Nova York subir oito posições, ficando em 16º, a cidade mais cara da região.

Hannibal conta que, mesmo vendo as cidades americanas subirem no ranking este ano, devido em parte à força do dólar americano, é importante notar que custos relativos mudam com a volatilidade da moeda, fazendo com que os custos da transferência internacional oscilem às vezes.

Na América do Sul, São Paulo é a cidade mais cara, seguida pelo Rio de Janeiro. No entanto, caíram 30 e 36 posições, respectivamente, como resultado do enfraquecimento do real comparado ao dólar americano, apesar do aumento nos preços de aluguel. “Ainda assim, São Paulo e Rio de Janeiro ainda lideram o ranking da América do Sul. A primeira ocupa o 49° lugar e continua sendo a mais cara. O Rio ocupa o 65º lugar, e Brasília a 144ª colocação. Dentre as cidades brasileiras, a capital federal teve a maior queda no ranking – 71 posições –, que pode ser justificada, além dos motivos já mencionados como o impacto cambial, pelo aumento do custo de vida em outras cidades no mundo, resultando mudança nas posições relativas das cidades no ranking”, pondera Karla Costa, consultora sênior da Mercer Brasil.

#Q#

+ Sobe e Desce
Na Europa, Munique (55°) subiu 26 lugares, Frankfurt (59º) saltou 24 posições, e Berlim (68°) subiu 30. Dusseldorf e Hamburgo também subiram significativamente.
Outras cidades que subiram no ranking incluem Paris (27°), dez lugares desde o ano passado, Milão (30°), 11 posições, Roma (31°), que subiu 13 e Viena (32°), que subiu 16 lugares.
A maioria das cidades da Europa Central e Oriental, no entanto, caiu no ranking, como resultado da depreciação de moedas locais em relação ao dólar americano. Praga (92°), Almaty (111°) e Minsk (191°) caíram 19, 16, e 4 lugares, respectivamente, apesar dos custos com moradia terem permanecido estáveis nesses locais.

“A queda das cidades brasileiras não significa necessariamente que o custo de vida nelas diminuiu em relação aos anos anteriores. Como já foi mencionado, os índices são muito sensíveis às variações cambiais – neste ano, a variação foi de 20,85% comparado com a pesquisa de 2013. Portanto, as empresas que optam por utilizar a abordagem de país de origem (balance sheet), para definição e administração da remuneração de seus expatriados, utilizam algumas alternativas para minimizar o efeito dessa flutuação no pacote desses colaboradores”, diz Karla. As principais alternativas, segundo ela, são o split payment (pagamento de parte da remuneração no destino e outra parte na origem) ou acompanhamento trimestral e semestral das oscilações para garantir o mesmo poder de compra, independentemente do movimento cambial.

“Nota-se que em economias com alta flutuação cambial, os expatriados tendem a questionar o valor pago como diferencial de custo de vida [conhecido como COLA – Cost of Living Allowance] e seu poder de compra no destino. Nesses casos, é essencial que as empresas intensifiquem o contato com esses colaboradores para explicar a metodologia de cálculo e a estratégia definida para minimizar o efeito dessa variação em seu pacote de remuneração. O objetivo sempre será manter o poder de compra que o expatriado tinha na origem”, conclui Karla.

Europa, Oriente Médio e África
Quatro cidades europeias permanecem entre as 10 mais caras. Zurique (5°) é a mais cara, seguida por Genebra (6°) e Berna (8º). A Suíça permanece como um dos locais mais caros para expatriados após o ligeiro fortalecimento do franco suíço em relação ao dólar americano. Moscou (9°) e São Petersburgo (35°) caíram 7 e 12 posições, respectivamente, devido a uma depreciação dramática do rublo em relação ao dólar dos EUA.

No geral, todas as cidades da Europa Ocidental subiram no ranking, principalmente devido ao fortalecimento das moedas locais em relação ao dólar. Em particular, as cidades do Reino Unido e da Alemanha experimentaram alguns dos maiores picos deste ano no ranking, com Glasgow (108°) subindo 49 lugares em comparação a 2013, enquanto Aberdeen (94°) e Birmingham (90°) saltaram 34 e 45 posições, respectivamente.

A consultora Constantin-Métral explica que, apesar dos aumentos moderados de preços na maioria das cidades europeias, em geral as moedas da região se fortaleceram em relação ao dólar americano, o que as empurrou no ranking. “Tivemos alguns aumentos nos custos com moradia, devido à forte demanda por locação, o que também ajudou nessa subida de algumas cidades, principalmente Copenhague, Amsterdã e Frankfurt.”

Tel Aviv (18°) continua a ser a cidade mais cara do Oriente Médio para os expatriados, seguida por Beirute (63°), Dubai (67°) e Abu Dhabi (68°). Jeddah (175°), na Arábia Saudita, permanece como a cidade mais barata na região. 

Poucas cidades africanas mantiveram classificação elevada na pesquisa de 2014, refletindo os altos custos de vida e de preços de mercadorias para funcionários expatriados. Luanda (1°) continua a ser a cidade mais cara para expatriados na África e no mundo, e N’Djamena ficou em segundo lugar. Victoria, em Seychelles, (13°), é a próxima cidade mais cara da África seguida por Libreville, no Gabão (19°). Na África do Sul, a Cidade do Cabo (205°) caiu 8 posições no ranking, refletindo o enfraquecimento que o rand sul-africano sofreu em relação ao dólar americano.

+ Quedas
A argentina Buenos Aires também caiu significativamente este ano, ocupando a 86ª posição, após a desvalorização de sua moeda e apesar de um forte aumento de preços de produtos e serviços. Outras cidades da América do Sul que caíram na lista foram Santiago (Chile), caindo 25 lugares e ficando em 88º, e Bogotá (Colômbia), caindo 38 lugares, ocupando a 98ª posição. Manágua, na Nicarágua, (207º) é cidade mais barata da América do Sul. As cidades canadenses caíram no ranking este ano, tendo Vancouver, que caiu 32 lugares, em 96º, como a cidade mais cara. Toronto (101º) caiu 33 lugares, enquanto que Montreal (123º) desceu 28. Calgary caiu para 125º. O dólar canadense enfraqueceu significativamente em relação ao dólar americano, o que causou essas grandes quedas.

Ásia Pacífico
Quatro das 10 cidades mais caras no ranking deste ano estão na Ásia. A cidade mais cara, Hong Kong (3°), pulou três lugares desde o ano passado. Cingapura (4°) é a próxima mais cara da região, ganhando uma posição, seguida por Tóquio, que ficou em 7o lugar, caindo quatro posições. Saltando quatro lugares desde o ano passado, Xangai (10°) é a próxima cidade asiática da lista, seguida por Pequim (11°), Seul (14°) e Shenzhen (17°).

“As cidades japonesas caíram no ranking como resultado do enfraquecimento do iene em relação ao dólar americano”, comenta Constantin-Métral. “Contudo, as cidades chinesas deram um salto devido ao fortalecimento do iuane chinês.”

As cidades australianas testemunharam algumas das quedas mais dramáticas no ranking deste ano devido à depreciação da moeda local. Sydney (26°) é a cidade australiana mais cara para expatriados e Melbourne (33°) caiu 17 lugares, enquanto Perth (37°) caiu 19.

Mumbai (140°) é a cidade mais cara da Índia, seguida por Nova Déli (157°) e Chennai (185°). Bangalore (196°) e Kolkata (205°) são as cidades indianas mais baratas. Em outros lugares da Ásia, Bangcoc (88°) caiu 22 lugares desde o ano passado. Kuala Lumpur, na Malásia, ocupa o 115º lugar, seguida por Jacarta, na Indonésia, em 119°, caindo 48 lugares desde 2013. Hanói saltou três pontos, ficando em 131°. Karachi, no Paquistão (211°), permanece como a cidade mais barata da região para expatriados.

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