A ascensão da Inteligência Artificial (IA) está transformando o mercado de trabalho, exigindo que líderes desenvolvam competências específicas para navegar nesse novo cenário. De acordo com a Harvard Business Review, líderes com alta inteligência emocional gerenciam melhor o estresse durante transições tecnológicas, com 50% mais eficácia ao atravessar esse processo. Índice que também se conecta ao maior desenvolvimento de habilidades como empatia e resiliência no trato com o time.
Além disso, a Geração Z, que representa uma parcela significativa da força de trabalho atual, busca ambientes que promovam inclusão, diversidade e colaboração. Esses profissionais valorizam a flexibilidade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, apreciam planos claros de crescimento – com propósito, características que influenciam diretamente as estruturas de liderança nas organizações e o próprio desenho de carreiras em geral.
O olhar sobre o momento, de um ponto de vista de quem está diretamente envolvido com tecnologias digitais e desenvolvimento de pessoas, traz a conclusão de que a mudança, para as lideranças, é essencial: são novas profissões, formas de trabalhar e evoluir na empresa, além da automação que tira profissionais do trabalho burocrático e repetitivo e os coloca em posições estratégicas para os negócios e para outras pessoas.
Áreas em crescimento
Rodolpho Henrique, líder de design digital no Google e ex-diretor de design na McKinsey & Company, cuja atuação mira a transformação digital nas empresas, destaca a importância de habilidades específicas para atuar na Era da IA. “Estamos vivendo um momento único na história da tecnologia, em que a IA não é mais apenas uma ferramenta auxiliar, mas sim uma força transformadora que está criando novas profissões”.
Henrique aponta que especialistas em prompt engineering, curadoria de conteúdo gerado por IA e ética em IA serão cada vez mais requisitados. Além disso, a popularização do metaverso e da Web3 criará novas oportunidades para desenvolvedores, designers e criadores de conteúdo.
Novos postos de trabalho, com atividades ainda desconhecidas, geram desafios à gestão, cuja atenção se volta para o mix de soft e hard skills requeridos neste momento de transformação nas empresas – entender o ponto de equilíbrio é fundamental, e exige habilidades profundas de pensamento crítico conectado ao negócio. Novos formatos de carreira também provocam as lideranças rumo a novos organogramas e novas formas conduzir equipes, associados ao maior mix geracional já vivenciado pelas companhias.
“As empresas precisam entender isso [a dinâmica geracional] para ter sucesso. Levando em consideração as mudanças no conceito de emprego, é importante que elas também busquem compreender a forma como a geração Z tem lidado com o mercado de trabalho e quais as suas projeções. Aquelas que não conseguirem, ficarão para trás”, entende, nesse contexto, Caio Cruzeiro, consultor da Ynner Developing People.
O executivo aborda novos modelos de crescimento, em formatos menos convencionais, que respondem a esta nova era tecnológica. Explica que a carreira tradicional, em linha, na qual o profissional evolui do nível júnior ao especialista dentro da mesma área, ainda existe, mas está dividindo espaço com trajetórias mais adaptativas. Muitas levam em conta o momento de vida de cada colaborador e, também, as novas posições que ele pode assumir, com o advento da IA e de outras tecnologias.
Um exemplo de carreira menos convencional destacado por Cruzeiro é a paralela, na qual profissionais optam por mudar de área ao longo de sua trajetória, muitas vezes precisando justificar essa transição para lideranças e setores de RH.
Já a carreira em Y abre caminho para os próprios líderes, pois ocorre quando um especialista assume um cargo de liderança, podendo seguir tanto para uma gestão técnica quanto para um papel mais estratégico dentro da organização.
Outra variação é a carreira em W, que adiciona a liderança por influência, permitindo que um profissional ocupe posições de alto nível sem necessariamente comandar um time. Além disso, algumas empresas adotam o conceito de carreira em rede, em que um profissional transita por diversas áreas, acumulando experiências diversas e desenvolvendo um perfil executivo mais abrangente.
“É comum pessoas de gerações anteriores à Z ficarem muitos anos em uma empresa, para manter a reputação e também pela cultura de mercado. É um processo linear. Hoje, vemos novos trabalhadores que não se incomodam em mudar de emprego quando buscam algo que não encontram nos lugares em que atuam”, analisa, ainda, sobre o ponto ao qual a liderança deve se atentar – a retenção, com satisfação do colaborador, que passa pela oportunidade de vivenciar um modelo de carreira adaptado aos seus objetivos.
Mais humanização
Para Laurent Delache, CEO Brasil da Foundever, com atuação no campo da Customer Experience (CX), “o líder de 2025 deixa de ser aquele centrado no comando e controle, para assumir o papel de mentor, conselheiro e facilitador de mudanças”. Para ele, mais que um simples gestor de equipe, o líder se torna “uma fonte de inspiração, mais humanizado, com maior foco em objetivos de longo prazo”.
Assim, com cada vez mais automação, as empresas têm, por outro lado, dentro das demandas específicas trazidas pela transformação digital, a oportunidade de promover uma gestão cada vez mais humana e conectada aos valores do colaborador.
Fórum Melhor RH Innovation e Premiação
O Fórum Melhor RH Innovation trará essa discussão para o painel “Construindo habilidades – Skills essenciais para liderar na Era da IA”, reunindo especialistas para explorar como as transformações tecnológicas estão redefinindo as competências exigidas para a liderança no ambiente corporativo. O evento é promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação e acontecerá nos dias 14 e 15 de abril, de forma on-line e gratuita.
O Fórum está diretamente conectado à Premiação Melhor RH Innovation, que reconhece cases de inovação que estão impactando a gestão de pessoas e criando novas abordagens para o desenvolvimento profissional em linha com negócios inovadores.
Para aqueles que desejam aprofundar o debate e expandir sua rede de contatos, a premiação será realizada no dia 11 de março, no Teatro CIEE, em São Paulo (SP).
Os ingressos para o evento presencial são limitados e podem ser adquiridos por R$285,00 pelo e-mail giulia.mel@revistacomunicacao.com.br.
📌 Saiba mais e inscreva-se no Fórum Melhor RH Innovation: https://bit.ly/FMRHINN