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Mensurando os programas de bem-estar organizacional

A medida dos impactos da cultura de bem-estar deve focar principalmente no valor sobre o investimento (VOI), e não apenas no ROI

de Walderez Fogarolli em 13 de julho de 2023
ProStock Studio, via Freepik.com

A cultura organizacional é responsável por muitos resultados positivos de uma empresa. Quando bem gerida, ela pode transformar o ambiente, elevando a produtividade, melhorando o posicionamento, fomentando a inovação, entre várias outras vantagens. Porém, muitas empresas acreditam que têm uma cultura forte e enraizada, mas não utilizam ferramentas para medir e confirmar a informação. Sem essa métrica, não é possível corrigir ou aprimorar ações e atividades da instituição. 

As ferramentas disponíveis para realizar essas métricas são inúmeras. Porém, quando falamos em ações de saúde e bem-estar dos empregados, não podemos só utilizar o retorno sobre investimento (ROI) como indicador principal. A mensuração dos impactos da cultura de bem-estar deve focar principalmente no valor sobre o investimento (VOI), e não apenas no ROI.

Isso porque, o VOI é muito mais abrangente, pois mensura o valor total obtido com o investimento em bem-estar e nem sempre se refere ao retorno financeiro direto. Na verdade, o ROI é parte do VOI e pode ser considerado uma medida incompleta na mensuração dos potenciais benefícios obtidos com a cultura de bem-estar. 

Na maioria das vezes, as empresas buscam mensurar o ROI por meio da redução dos custos com assistência médica. Porém, uma análise mais profunda nos mostra que estes indicadores correspondem a menos de 50% dos custos totais que podem estar envolvidos com o bem-estar, entre eles: ausências do trabalho por atestados médicos ou não; afastamentos previdenciários por incapacidades temporárias e ou invalidez; agravo no fator acidentário previdenciário; custos com treinamento de temporários; redução na qualidade das entregas; insatisfação e até mesmo perda de clientes. O ROI sozinho avalia o retorno financeiro de programas, mas, para ser positivo, depende da visão de valor do empresário e da filosofia da empresa, além de investimentos em programas de promoção da saúde que gerem mudanças nos hábitos de vida dos colaboradores.

Quando falamos de mensuração através do VOI, estamos falando em métricas de saúde da população, de produtividade (como absenteísmo, presenteísmo, afastamento previdenciário), além de outras relevantes, como imagem de mercado, atração e retenção de talentos, clima organizacional e, finalmente, competitividade de mercado.

Entre os indicadores para ações de bem-estar, podemos destacar os de cultura e liderança, engajamento dos funcionários e melhor lugar para trabalhar que podem nos mostrar dados interessantes. Por exemplo, medindo o engajamento dos funcionários, podemos ter acesso à métricas de pesquisa de alto engajamento, criar uma maior conscientização e conhecimento dos recursos de bem-estar, ter taxas de rotatividade voluntária menores e aumentar a produtividade. Com o indicador de cultura e liderança, temos a real percepção dos empregados em relação aos líderes, seu papel em apoiar suas dificuldades no dia a dia e locais de trabalho, assim como o de melhor lugar para se trabalhar, que pode dar à empresa uma alta classificação e reconhecimento nas principais listas de empregadores.

Também podemos usar KPIs de ações de bem-estar e classificá-las como ROI ou VOI. Em um programa de saúde emocional, temos a ação de “ampliação do acesso ao cuidado”. Nessa ação, é recomendado utilizar o VOI para mensurar a porcentagem de utilização de acesso disponível.  Também recomendamos usar o VOI para medir o uso dos recursos disponíveis em “ações do programa, como workshops, treinamentos e aplicativos de saúde emocional”. Já o ROI podemos usar para mensurar o custo evitável após a implementação da ação do programa de custo com horas perdidas ou com o plano de saúde.

Enfim, os indicadores de desempenho de cultura são ferramentas indispensáveis para consolidar as normas e os valores das empresas. Com eles, deixamos a abordagem conceitual do tema e ingressamos no campo da ação, diagnosticando e aprimorando resultados. As métricas, contribuem para a melhoria contínua da empresa, porque dão clareza ao gestor de RH e oferecem um feedback objetivo sobre a performance da organização.

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Walderez Fogarolli

Diretora de gestão de saúde da WTW Brasil