A importância da igualdade de gênero é um tema internacional e consta na pasta de grandes organizações. Inclusive, quando a ONU criou os “17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” para 2030, colocou o “Objetivo 5 – alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. De acordo com uma pesquisa do International Business Report da Grant Thornton, apenas 34% dos cargos de diretoria executiva nas empresas são ocupados pelo sexo feminino.
Mudança de filosofia
A cultura das empresas está passando por uma mudança filosófica quanto a sua postura sobre esta disparidade. “Há pouco menos de uma década, sinto que o mercado acordou para a importância da diversidade nas empresas. As boas empresas e as faculdades, atualmente, já trabalham com programas inclusivos, fazendo com que as novas (ou não) gerações de mulheres sejam extremamente engajadas com o tema e com a mente muito mais aberta ao leque de opções de profissões que, por uma falta de sensibilidade da sociedade, eram vistas como profissões masculinas”, explica João Vitor Stedile, diretor executivo da VDI (Associação de Engenheiros Brasil- Alemanha).
O mercado da tecnologia é ocupado, em sua maioria, por sexo masculino e atualmente, encontra-se com falta de profissionais na área. Pensando em inclusão dentro das empresas a Way, criou internamente a IDEA (Inclusão, Diversidade, Equidade e Aliança), “O grupo que fomenta discussões e promove eventos sobre diversidade de gênero, etnia, PCDs e LGBTQI+”, explica Marcela Martins, diretora de Gente da Wavy Global.
Vantagens
“Sabemos que ambientes com pessoas de diferentes visões, repertórios e vivências tendem a ser mais inclusivos, quando pensamos em senso de pertencimento, colaboração, e inovação, sob a perspectiva do negócio”, reforça Marcela.
João Vitor Stedile explica que a divergência de perfil e de pensamento promove uma cultura muito mais saudável, trazendo bons resultados à empresa e destaca 6 benefícios: “Aumento da criatividade organizacional, inovação, redução de conflitos, melhoria da imagem do negócio, melhor alcance de resultados e a construção de uma cultura absolutamente meritocrática.” conclui.
Iniciativas para o desenvolvimento
Veja algumas iniciativas que estão promovendo a equidade de gênero ao redor do mundo:
1- Programa de talentos para mulheres e não binários
A WAVY Global , empresa de customer experience do Grupo Sinch, lançou o {DE}CODE to Empower, o primeiro programa de talentos voltado para mulheres e pessoas não-binárias em diversas áreas de tecnologia, para toda América Latina. “É a primeira vez que fazemos um programa focado em reduzir o gap de gênero em tecnologia”, explica Marcela Martins, diretora de Gente da Wavy Global.
Há muito receio em algo novo, como conta a diretora Marcela Martins: “o que podemos fazer para que as pessoas se sintam confiantes em se inscrever? Essa era uma preocupação, pois sabemos que as mulheres, em geral, sentem que, para se inscreverem em uma vaga, elas precisam cumprir 100% dos requisitos, enquanto a maioria dos homens arrisca se inscrever se tiver cerca de 60%.”
2- Programa de capacitação de mulheres engenheiras
Promovido pela Associação de Engenheiros Brasil- Alemanha (VDI), o programa Industry4Her de capacitação de engenheiras para a liderança, chega em sua segunda edição. O curso tem 2 meses de duração e conta com 24 engenheiras ou estudantes de engenharia.
Para o diretor executivo da VDI, João Vitor Stedile, a iniciativa é uma forma de oferecer oportunidades mais justas . “ Com a iniciativa, conseguimos possibilitar que engenheiras sejam preparadas para cargos de liderança no futuro digital. Ou melhor, presente digital”, explica.
No programa Industry4Her as participantes passam por um ciclo de capacitação em Indústria 4.0 completo, além de módulos práticos, com soft skills e networking. “Termos mulheres em cargos de liderança é fundamental para a prosperidade e igualdade do mercado”, acrescenta Stedile.
3- Bolsas do British Council para mulheres estudarem no Reino Unido
A British Council está com inscrições abertas para mulheres que queiram cursar mestrado em uma dessas universidades: Universidade de Durham, Universidade de York e Universidade de Bristol. O programa conta com benefícios de assistência econômica, cobertura de saúde e outros. Os cursos oferecidos são para as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Segundo a loveUK, consultoria brasileira para educação internacional e especializada no Reino Unido, o acesso à educação é um direito de todos. “Promover ações que auxiliem a jornada das mulheres ao conhecimento e a posições, outrora ocupadas apenas por homens, é um investimento com um impacto tremendo na ciência e na sociedade, já que quebrar paradigmas de preconceitos e alavancar o empoderamento feminino é urgente nessa sociedade machista em que vivemos.”