A pesquisa Engaja S/A, realizada pela Flash em parceria com a FGV e o Talenses Group, revelou que as mulheres pretas em cargos de média gerência são as profissionais mais engajadas nas empresas brasileiras. Seguidas de perto pelas mulheres pardas que ocupam posições executivas, as mulheres pretas se destacam no engajamento corporativo, com índices significativamente mais altos em comparação a outros grupos.
A segunda edição do Engaja S/A, que busca mapear o engajamento dos funcionários brasileiros, mostra que as mulheres pretas têm um índice de engajamento de 87,5% na média gerência, o que as coloca no topo do ranking entre todos os grupos analisados. Em comparação, as mulheres pardas nos cargos executivos apresentam um índice de 74,2%, enquanto as mulheres brancas atingem 51% de engajamento na média gerência. Em relação a cargos executivos, o índice de mulheres brancas é de 65%, o que significa uma diferença de 36 pontos percentuais entre as mulheres pretas e brancas nos cargos de média gerência, e uma diferença de 19 pontos percentuais nas posições executivas.
O estudo também aponta que os profissionais pretos, de forma geral, apresentam altos índices de engajamento no ambiente corporativo. Entre as mulheres pretas, as mais engajadas são as que ocupam cargos de média gerência, enquanto os homens pardos se destacam em cargos executivos, com 68% de engajamento. Por outro lado, a pesquisa mostrou que os homens brancos possuem 74% de engajamento em cargos executivos e 52,5% na média gerência, enquanto as mulheres brancas ficam com 65% e 51%, respectivamente.
O estudo também revela que as práticas corporativas mais valorizadas pelos trabalhadores pretos são iniciativas voltadas ao bem-estar, como folga de aniversário, celebração de conquistas, team building, bolsas de estudo e programas de mentoria reversa. Para os profissionais pardos, as práticas mais valorizadas incluem folga de aniversário, short friday, reprodução assistida, participação nos lucros e previdência privada. A pesquisa sugere que, enquanto os profissionais pretos tendem a se engajar mais com ações que promovem um ambiente de trabalho positivo, os profissionais brancos e pardos se sentem mais motivados por programas relacionados a remuneração e benefícios.
Além disso, o estudo aponta que, apesar de seu maior engajamento, os profissionais pretos e pardos continuam concentrados em faixas salariais mais baixas. Entre os trabalhadores pretos, 22% estão na faixa salarial de R$2.000 a R$4.000, e as faixas salariais acima de R$7.000 são praticamente inexistentes. No caso dos trabalhadores pardos, 50% deles estão na faixa de R$2.000 a R$3.900, enquanto os trabalhadores brancos apresentam uma distribuição salarial mais equilibrada, com apenas 13,7% concentrados nas faixas salariais mais baixas, de R$2.000 a R$4.000.
A pesquisa também destaca a importância do modelo de trabalho híbrido no engajamento dos trabalhadores. O índice de engajamento entre os profissionais pretos que adotam esse modelo chega a 63%, enquanto os trabalhadores pardos apresentam 61% de engajamento no mesmo modelo. Já os trabalhadores brancos, que também atuam em sistema híbrido, apresentam um índice de engajamento de 51%, o que destaca a relevância do trabalho remoto ou híbrido para o bem-estar e a motivação dos profissionais pretos e pardos.
Diversidade e inovação
Isadora Gabriel, CHRO da Flash, comenta que a pesquisa reforça a importância da diversidade e inclusão nas organizações, tanto para as pessoas quanto para as empresas. Ela explica que a diversidade contribui para a inovação ao reunir diferentes pontos de vista e experiências, e que pessoas de grupos diversos tendem a ser mais engajadas e construir carreiras mais longas nas empresas. Além disso, ela ressaltou que empresas com maior diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de obter rendimentos superiores à média do setor, de acordo com um estudo da McKinsey.
O estudo contou com a participação de 2.736 trabalhadores brasileiros, representando uma amostra diversificada que abrange diferentes níveis hierárquicos e segmentos econômicos. A pesquisa envolveu 54% de mulheres e 46% de homens, sendo que 37% dos participantes possuem ensino superior completo e 36% indicaram uma renda familiar entre R$3.900 e R$7.000. A maioria dos participantes (49%) são colaboradores, 23% ocupam cargos de média gerência e 16% são executivos. Além disso, 31% dos participantes trabalham em empresas com até 50 colaboradores, 28% em empresas de 51 a 500 funcionários, 11% em empresas de 501 a 1.000 colaboradores e 21% em organizações com mais de 1.000 colaboradores.