Em meio às discussões sobre liderança no cenário atual, evoluímos do já conhecido mundo VUCA (acrônimo em inglês para Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) para uma realidade ainda mais desafiadora – o mundo UNVICE, onde o desconhecido (Unknown), a volatilidade, as interseções, a complexidade e o exponencial se combinam para criar um ambiente de negócios sem precedentes. E enquanto se fala sobre o desafio de navegar em águas turbulentas e tomar decisões sem ter todas as respostas, raramente pausamos para refletir sobre um perigo igualmente significativo: o custo crescente de agir com excesso de certeza.
O colapso do Silicon Valley Bank em 2023 nos oferece uma lição valiosa sobre este tema. O segundo maior fracasso bancário da história dos EUA não foi resultado apenas das incertezas do mercado, mas principalmente de uma série de certezas inflexíveis: a convicção de que as taxas de juros permaneceriam baixas, a confiança inabalável no setor de tecnologia, a certeza de que o modelo de negócios estava protegido. O preço dessas certezas foi catastrófico não apenas para o banco, mas para todo um ecossistema que dependia dele.
O custo de operar com excesso de certeza aumenta exponencialmente em um mundo onde as variáveis desconhecidas se multiplicam. Pensando na relação inversa entre previsibilidade e incerteza, quanto mais complexo e interconectado se torna nosso ambiente de negócios, mais caro se torna a insistência em operar como se o mundo fosse estável e linear.
A verdadeira habilidade de liderança no século XXI não está em ter todas as respostas, mas em desenvolver o que poderíamos chamar de “certeza adaptativa” – suficientemente confiante para agir decisivamente, mas flexível o bastante para responder às mudanças exponenciais que caracterizam nossa era. É compreender que em um mundo onde tudo se conecta com tudo, como nos lembra o princípio da “Interseção” do conceito UNVICE, nossas certezas precisam ser tão fluidas quanto o ambiente que nos cerca.
Para os líderes contemporâneos, o desafio não é apenas navegar na incerteza, mas também resistir ao conforto perigoso das certezas absolutas. É saber encontrar o equilíbrio delicado entre agir com convicção e manter a mente aberta para novas possibilidades. Afinal, em um mundo onde a única constante é a mudança exponencial, talvez nossa maior certeza deva ser a de que sempre precisaremos estar prontos para questionar nossas próprias convicções.