Fórum Melhor RH

O que a saúde corporativa aprendeu com a pandemia

União dos stakeholders e telemedicina assumem papel de destaque durante surto de novo coronavírus

A Covid-19 gerou uma necessidade de urgência nas tomadas de decisões, levando os gestores a reavaliarem políticas, crenças e estratégias no que se refere à administração da saúde corporativa. Embora ainda estejamos em meio à pandemia, já é possível avaliar como o setor tem lidado com esta conjuntura.

“No início da pandemia (final de março), o principal desafio foi mobilizar todos os stakeholders e criar maneiras de continuarmos influenciando nossos funcionários e seus familiares a cuidarem da sua saúde”, diz Rodrigo Filus, supervisor de Benefícios de Saúde e Ergonomia Corporativa na Volkswagen do Brasil.

Nesse mesmo sentido concorda o dr. Eduardo Oliveira, CEO da Saúde iD, para quem o maior desafio foi levar toda a operação da empresa para o home office da noite para o dia e, ao mesmo tempo, manter o atendimento aos clientes. “Isso só foi possível porque trabalhamos nesse período todo muito próximos: os RHs das empresas, as operadoras de saúde e as suas consultorias, com planos de ações e de acompanhamentos de casos mais graves”.  

Há consenso entre os gestores de que a pandemia acabou por aproximar as empresas de seus parceiros. “Nunca vi uma atuação tão efetiva das empresas, das operadoras, de todos os stakeholders, como nos últimos meses. Todos empenhados e conectados atuando de forma colaborativa”, diz Oliveira. “A pandemia trouxe mais aproximação com nossos parceiros”, reforça Filus.

O CEO, entretanto, chama a atenção para algumas questões. “Tivemos também algumas particularidades da nossa área. Uma delas foi que parte do nosso time continuou na linha de frente atendendo em ambulatórios, na atenção primária, e precisamos mantê-los em segurança”.  

Outro ponto foi encontrar formas de levar alternativas de atendimento aos pacientes e médicos que estavam isolados. Segundo o médico, em duas semanas a empresa lançou uma plataforma gratuita de telemedicina para conectar os médicos aos pacientes para que estes não ficassem sem assistência em um momento de incerteza e insegurança.

“Infelizmente, tivemos um aumento do número de óbitos de pacientes com doenças crônicas em domicílio por não acompanharem a sua saúde da forma como deveriam. O que buscamos agora é usar a tecnologia para acompanhar esse paciente com o seu problema de saúde, seja ele qual for, para que não agrave em um momento como esse”, diz o gestor da Saúde iD.

Para isso, ele defende que são necessários um mapeamento para saber quem são os pacientes com doenças crônicas e um plano de ação para aplicar a forma mais apropriada de tratamento para cada um, seja pela telemedicina ou pelo atendimento presencial.

“A gente só consegue trazer ação efetiva se a gente conhece a nossa população. Nós precisamos entender os diferentes grupos. Não podemos aplicar uma receita de bolo para todos os grupos”, complementa Filos.

Entre os benefícios da tecnologia para a saúde corporativa está a capacidade de integrar dados, necessária para realizar essas ações defendidas pelos executivos. A integração de informações permite fazer uma avaliação comportamental de cada um para projetar tendências por meio de algoritmos preditivos. Assim, torna-se possível atuar cada vez mais precocemente junto aos colaboradores, dependentes e pacientes auxiliando na adoção de hábitos saudáveis para evitar a instalação de doenças.

A telemedicina é outra prática proporcionada pela tecnologia que adquiriu força em tempos de pandemia. “Durante o período de pandemia se mudou a cultura da utilização da telemedicina no país. Olhando para os números atuais e para os pré-pandemia, você vê que os pacientes quebraram algumas barreiras em relação ao uso dessa ferramenta, além dos próprios médicos que começaram a usar. Tínhamos menos de 0,5% de acesso a ela no pré-pandemia e chegamos a números próximos de 20% de frequência durante o surto de Covid-19”, relata Oliveira.

Para o supervisor da Volkswagen, nossa sociedade vive a “cultura do imediatismo”. A partir da pandemia, entretanto, algumas pessoas viram que a telemedicina poderia resolver os seus problemas e que elas não precisavam ir para um pronto-socorro para serem atendidas.

“Essa transformação cultural aliada à inovação tecnológica tem sido primordial para que a gente mude o conceito de saúde suplementar e traga um custo-benefício de maneira equilibrada”, afirma.

Aprendizados do setor

Entre os aprendizados que ficam para além do momento atual de surto do novo coronavírus está a necessidade de pensar “fora da caixa”, argumenta Filus. “A pandemia nos forçou a pensar de maneira diferente e a gente não tem que esperar uma situação nos obrigar a isso”.

Para ele, a comunicação digital com os colaboradores veio para ficar. “Orientar as pessoas com vídeos no WhatsApp, apresentações no Instagram, no Youtube. Tudo isso faz com que a gente esteja mais perto das pessoas. No passado, chegamos a mandar cartinhas para a casa das pessoas, mas tem sido muito mais prático nós estarmos perto dos empregados através dos meios digitais”.

O supervisor acredita que cabem aos gestores trazerem os aprendizados para o dia a dia das empresas. “Ficou claro na pandemia que sobrevivem os que tem maior capacidade de adaptação, resiliência. As empresas foram instadas a se reinventar”, completa Oliveira.

A pandemia trouxe muito a visão colaborativa. Vamos ter que sentar com os stakeholders para encontrarmos juntos soluções para absorver os impactos da demanda reprimida que poderá vir após a pandemia”, diz. Segundo o CEO, a telemedicina também se tornará uma realidade.

“Uma mensagem que eu daria é o trabalhar em conjunto. Se todos os stakeholders da saúde trabalharem dessa forma, nós podemos mudar o modelo de saúde suplementar do país”, conclui Filus.

Essas discussões aconteceram durante o Fórum Melhor RH Tech, realizado pela plataforma Melhor RH nos dias 14 e 15 de dezembro. O evento, totalmente digital e gratuito, reuniu em seus painéis e trendings gestores de RH e executivos de empresas para debater sobre os principais desafios e tendências do setor.

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