Mercado de Trabalho

Os desafios do RH no setor de Infraestrutura: Robert Half revela aquecimento de investimentos e das contratações

As posições mais procuradas no setor dão ênfase crescente em habilidades técnicas e comportamentais

de Jussara Goyano em 18 de outubro de 2024
Freepik.com

O setor de infraestrutura brasileiro está experimentando um aquecimento significativo após anos de investimentos insuficientes. O Panorama Setorial de Infraestrutura, elaborado pela consultoria Robert Half, revela que os aportes para 2024 devem ser os maiores desde 2015, com um aumento previsto de 11% em relação a 2023, totalizando R$ 215,8 bilhões. Esse crescimento é impulsionado tanto por investimentos públicos, com um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo para o setor e parcerias público-privadas, quanto por iniciativas privadas, indicando um cenário favorável para contratações, conforme apontado por 46% dos gestores entrevistados pela consultoria EY.

A análise do cenário macroeconômico aponta que o novo PAC e a política de concessões podem injetar cerca de R$ 1,7 trilhão em investimentos nos próximos anos, com foco em áreas como saneamento, energia elétrica e mobilidade urbana. As empresas buscam profissionais com experiência em viabilidade econômica e gestão, além de enfrentar desafios relacionados ao preenchimento de vagas devido a aposentadorias e desligamentos.

Segundo Daniel Maciel, Gerente de Recrutamento da Robert Half em Minas Gerais, “esse cenário otimista, impulsionado por uma retomada robusta nos investimentos, permite que o mercado trabalhe com aquecimento nas contratações”. Com isso, continua o executivo, movimenta-se, também, o setor de capital humano, “que frequentemente recorre a especialistas temporários em Recrutamento e Seleção para lidar com os picos de demanda gerados por grandes obras”.

Crédito: Divulgação
Daniel Maciel, da Robert Half

“As demandas nesse momento de aquecimento são diversas. Um dos principais desafios é a alta rotatividade de profissionais, resultado da busca das empresas por talentos com experiência prévia no setor em meio ao novo ciclo de concessões”, explica Maciel.

Esse cenário, marcado por uma “dança das cadeiras”, impõe dificuldades “tanto na atração quanto na retenção de profissionais e, como resultado, muitas companhias acabam cedendo à pressão por salários e benefícios mais altos ou optam por formar líderes entre os colaboradores mais jovens”, destaca o executivo sobre o que acaba se revelando no radar dos RHs.

Com a substituição de serviços estatais por operações privadas, novas expectativas surgem entre stakeholders, elevando a importância de profissionais de relações governamentais. A dificuldade em atrair talentos qualificados para regiões fora dos grandes centros urbanos afeta a continuidade dos projetos. As operações de infraestrutura, por serem intensivas em capital, demandam continuamente profissionais qualificados que garantam a performance esperada.

A localização dos projetos é importante, aponta Maciel, sendo mais um ponto sob o olhar dos RHs. “Isso dificulta a atração e a retenção de profissionais nessas regiões, favorecendo o turnover e tornando o recrutamento ainda mais complexo. Esse cenário se repete tanto em posições de nível C-level em estados menos populosos quanto em vagas especializadas no interior dos estados mais ricos.”

Internet das coisas

O estudo da Robert Half destaca que a recuperação do segmento está atrelada a um novo ciclo de demandas que fomenta a geração de empregos qualificados. Há uma crescente necessidade por perfis especializados, como engenheiros de Internet das Coisas (IoT) e especialistas ambientais, especialmente em função da recente emissão de dívidas verdes. As concessões de rodovias, com 13 leilões previstos para 2024, devem gerar um movimento significativo no mercado de trabalho, exigindo profissionais experientes em funções críticas.

A transformação digital impacta diretamente as rotinas dos RHs, segundo Maciel. “A IoT já está presente em várias áreas da infraestrutura, o que aumenta a demanda por profissionais qualificados nas áreas de tecnologia e coloca pressão sobre as empresas”, resume o executivo da Robert Half. Tecnologias como a IoT estão sendo integradas em áreas como pedágios automatizados e automação portuária. No entanto, empresas de médio porte ainda enfrentam desafios na adoção de práticas de gestão mais modernas, o que aumenta a demanda por talentos capazes de promover mudanças estruturais.

A busca por engenheiros especializados em IoT e especialistas em supply chain se intensifica, à medida que a eficiência operacional se torna uma prioridade. Gerentes de projetos e especialistas em logística também estão em alta, refletindo a necessidade das empresas de focar em resultados tangíveis.

Cadeiras verdes

A crescente relevância de profissionais ambientais nas estratégias de negócios também é um destaque. A demanda por especialistas nessa área reflete uma mudança significativa na abordagem das empresas em relação a sustentabilidade e responsabilidade social. O aumento do interesse em projetos de green bonds e a compensação de emissões são tendências que abrem novas oportunidades para profissionais especializados.

As posições mais procuradas no setor incluem coordenadores de obra, diretores de engenharia e especialistas em compras, com uma ênfase crescente em habilidades técnicas e comportamentais. A adaptação a novas tecnologias e a capacidade analítica estão entre as hard skills mais demandadas, enquanto soft skills como inteligência emocional e gestão de conflitos são valorizadas nas contratações.

Com o aquecimento do setor e as novas demandas emergindo, as projeções salariais para 2024 indicam um mercado em transformação, com oportunidades significativas para profissionais capacitados. O Panorama Setorial de Infraestrutura, não apenas traça um cenário atual, mas também projeta o futuro das carreiras no setor, conectando as realidades do mercado às necessidades de gestão de talentos das empresas.

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