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Como promover a diversidade nas empresas por meio da consciência, empatia e programas de inclusão

Especialistas apontam que garantir a diversidade nas companhias é crucial para garantir o desenvolvimento sustentável e a maximização do potencial humano

de Redação em 18 de agosto de 2023
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(Atualizado em 16/10/2023)

Consciência e empatia são fundamentais para promover a inclusão e garantir que todas as pessoas, independentemente das suas origens e características, sejam respeitadas e tenham oportunidades iguais. Um dos aspectos mais relevantes nesse processo é o peso da atenção às diferenças culturais.

Em uma sociedade cada vez mais diversa, composta por indivíduos com origens étnicas, religiosas e sociais diversas, é essencial estar consciente das particularidades de cada grupo e agir com empatia diante delas. Esses assuntos foram abordados em dois painéis do 3º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, promovido pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, no final de julho e início de agosto.

No painel “Liderança com verdade: Consciência e empatia como chave para a inclusão”Leandro Figueira Neto, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo Marista; Esteban Blanco Ziegler, diretor de Recursos Humanos da Boehringer Ingelheim; e Carolina Ferreira, superintendente de Gente da Alelo compartilharam insights sobre as melhores práticas para promover o respeito e a diversidade. Foram abordados temas como a criação de políticas inclusivas, o aprimoramento das habilidades de comunicação empática e treinamentos para conscientização dos vieses inconscientes. Também foi destacada a importância do monitoramento dos indicadores de satisfação, retenção e diversidade. Estratégias para fomentar o respeito e valorização, bem como a criação de espaços seguros para compartilhar histórias e conhecimentos, foram debatidas.

Já no painel “Respeitando histórias: O peso da atenção às diferenças culturais”Flávia Caroni, vice-presidente de Recursos Humanos LATAM da The Kraft Heinz Company; Tatiana Barrocal Porto, head of People da NTT DATA Brasil; e Almiro dos Reis, diretor da Franquality Consulting, compartilharam suas experiências na promoção de um ambiente que valoriza as diferenças culturais. Foram discutidos o impacto do conhecimento compartilhado e do aprendizado intercultural, a ampliação da percepção sobre o outro, o cultivo da empatia, os desafios na gestão de conflitos culturais, o papel da liderança na compreensão de nuances e os caminhos para adaptar políticas e práticas organizacionais na construção de um ambiente inclusivo e respeitoso.

Diversidade & Inclusão são uma realidade no mundo 

diversidade e a inclusão são temas cada vez mais relevantes em todo o mundo, e alguns países têm se destacado por suas precauções significativas nessa área. Essas nações estão implementando políticas e práticas inovadoras para promover a igualdade de oportunidades, a representação de grupos sub-representados e a inclusão em todos os níveis da sociedade.

Durante sua fala no Fórum Felicidade Corporativa, Esteban destacou que a Boehringer Ingelheim está presente em vários países e em todos eles têm programas de D&I. Para ele, os programas são essenciais para atrair novos talentos, fortalecer a cultura organizacional e impulsionar a criatividade e inovação. Além disso, essas iniciativas ajudam a criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e acolhedor, onde todos os funcionários se sintam valorizados e respeitados em suas diferenças. Esteban enfatizou: “Diversidade é um interesse dos humanos e nunca deixará de ser, estamos trilhando novos caminhos e os aprendizados dessa nova jornada têm sido muito importantes”.

Esteban ressaltou que, apesar dos avanços já conquistados, ainda há muito a ser feito, especialmente no que diz respeito à representatividade de minorias e grupos marginalizados. A empresa está investindo em programas de capacitação e desenvolvimento profissional para minorias, além de promover uma cultura inclusiva e igualitária dentro de suas equipes. Acredita que a diversidade é um dos principais pilares para o sucesso e inovação.

Carolina aponta que os desafios sempre existiram e que a empresa precisa estar preparada para lidar com eles de forma assertiva. Ela destaca a importância de promover o diálogo aberto e honesto dentro da organização, para que todos os colaboradores se sintam ouvidos e valorizados. “É importante ter sempre o patrocínio e impulsionamento pela alta liderança para promover maior diversidade na empresa”, lembra Carolina. Ela também ressalta a importância de entender os propósitos do impulsionamento da D&I e ter um plano claro e bem definido para transformar as intenções em ações concretas.

Esteban concorda e adiciona que a empresa deve procurar parcerias com organizações externas que trabalham com inclusão e diversidade, para obter insights e melhores práticas. “É preciso criar um ambiente em que os colaboradores se sintam à vontade de serem quem são e isso passa por todos os símbolos. A única maneira de mudar crenças é através de experiências positivas”, acrescenta Esteban. Ele acrescenta que a cultura de inclusão perpassa pelo papel da liderança.

No Marista, Leandro revela que o grupo tem atenção especial no papel do líder no processo de construção de uma cultura inclusiva e diversa. Ele enfatiza a importância de um líder ser um exemplo de comportamento e atitude, demonstrando respeito e valorização por cada indivíduo, independentemente de suas diferenças. Leandro ressalta que os líderes precisam estar dispostos a se educar e se conscientizar sobre as questões relacionadas à diversidade e inclusão, para que possam tomar decisões informadas e promover um ambiente de trabalho justo e igualitário. “É importante que ele não sirva apenas ao seu cargo, mas que sirva à sociedade. É uma prática, não apenas uma estratégia”, acredita Leandro.

Além disso, Leandro enfatiza a necessidade de estabelecer políticas claras que promovam a igualdade de oportunidades para todos os colaboradores, independentemente de sua origem ou gênero. Essas políticas devem ser transparentes e amplamente divulgadas, para que todos os colaboradores saibam que são valorizados e têm as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento.

Carolina acrescenta que a empresa também deve investir na educação e conscientização de seus colaboradores, por meio de treinamentos e workshops que abordem temas relacionados à diversidade cultural, de gênero, de orientação sexual, entre outros. É fundamental que todos os colaboradores estejam cientes dos benefícios da diversidade e sejam capacitados para lidar com questões relacionadas de forma respeitosa e inclusiva.

Além disso, eles reconhecem a importância de mudar a cultura organizacional, capacitando líderes e equipes para lidar com a diversidade de forma respeitosa e empática. Eles buscam promover uma cultura de igualdade, onde todos tenham as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Eles acreditam que a diversidade de ideias e perspectivas é fundamental para impulsionar a inovação e o sucesso da organização. E estão dispostos a investir tempo, recursos e esforços para alcançar esse objetivo.

Programas são importantes para manter pessoas

No mundo globalizado em que vivemos, a diversidade se tornou um tema cada vez mais relevante e necessário, principalmente no ambiente corporativo. Valorizar e promover a diversidade nas empresas é uma estratégia que traz inúmeros benefícios, tanto para o desempenho organizacional quanto para o desenvolvimento individual dos colaboradores. Nesse contexto, os programas de inclusão são fundamentais para garantir a permanência e valorização de pessoas e culturas diversas nas empresas.

A diversidade se manifesta de diversas formas, seja em relação a gênero, etnia, orientação sexual, idade, deficiência física ou cognitiva, entre outras características. Cada indivíduo traz consigo uma bagagem cultural única, que pode ser extremamente enriquecedora para o ambiente de trabalho. Além disso, a diversidade contribui para a inovação, a criatividade e a resolução de problemas de maneira mais efetiva.

Tatiana Porto acredita que as lideranças são fundamentais para promover e manter a diversidade nas empresas. Como head de Pessoas em uma grande organização, ela destaca a importância de líderes que entendam a importância da diversidade e estejam dispostos a implementar mudanças significativas.

“Os líderes têm que ser a referência, precisamos respirar princípios e praticar de maneira genuína “, afirma Tatiana. Ela ressalta que os líderes devem ser exemplos de inclusão, respeito e igualdade para toda a equipe.

Além disso, Tatiana destaca a importância de programas de desenvolvimento e capacitação para líderes, com foco na conscientização sobre a diversidade e nas habilidades necessárias para liderar equipes diversas e tem que estar nos processos dentro das companhias. “O que falamos tem que ser praticado porque não será a cultura que será percebida pelas pessoas”, acrescenta.

Falando em cultura, Almiro dos Reis acrescenta que “para fixar uma cultura o ideal é trabalhar com processos, porque a cultura é o jeito que a gente trabalha. Portanto, para mudar cultura tem que mudar o jeito que você trabalha. Mexer com processos é a alavanca para mudar a cultura”.

Os programas de inclusão têm sido implementados em diversas empresas ao redor do mundo, seja por iniciativa própria ou por exigência de legislações e padrões éticos. As organizações têm reconhecido que a diversidade é uma vantagem competitiva e que promover um ambiente inclusivo é essencial para atrair e reter talentos. Flávia Caroni acredita que os valores das empresas têm que ter representatividade e respeito à diversidade como pilares fundamentais. Ela destaca que as empresas precisam ter clareza sobre seus valores e como esses valores se refletem em suas práticas e políticas internas.

“Como vamos direcionar nossos processos para melhor entrega de experiências para nosso públicos e marcas diz muito como vamos construir nossos times de maneiras diversas, saudáveis, e que buscamos o desenvolvimento das pessoas independente do recorte que ela se encaixa”, afirma Flávia. Ela ressalta que as empresas devem buscar a representatividade em todos os níveis hierárquicos e departamentos, garantindo que diferentes vozes sejam ouvidas e respeitadas.

Flávia também enfatiza a importância de programas de treinamento e sensibilização para todos os colaboradores: “Na América Latina o que nos une são as questões de insegurança alimentar e temos o dever de combater isso, vindo alinhado a pilares e o impacto que podemos criar na sociedade”, destaca.

Cultura humanizada para chegar em resultado 

Uma cultura humanizada é fundamental para que as empresas possam alcançar resultados sustentáveis e éticos. Ao promover a valorização do ser humano, respeito à diversidade e cuidado com o bem-estar dos colaboradores, as organizações criam um ambiente de trabalho saudável e motivador.  

De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Great Place to Work (GPTW) em 2020, 87% das empresas brasileiras participantes afirmaram ter algum tipo de programa ou iniciativa voltada para a promoção de um ambiente de trabalho humanizado.

Um exemplo positivo é a implementação de programas de flexibilidade de horários e de trabalho remoto. A mesma pesquisa mostrou que 67% das empresas brasileiras adotaram medidas de flexibilização de horários antes mesmo da pandemia de COVID-19. Essas ações têm como objetivo conciliar as necessidades pessoais dos colaboradores, como cuidados com a família e qualidade de vida, com as demandas profissionais.

Além disso, a diversidade e inclusão têm ganhado cada vez mais espaço nas empresas brasileiras. Segundo o Índice de Diversidade da consultoria empresarial Across, em parceria com o Instituto Ethos, 68% das empresas do Brasil possuem ações de valorização da diversidade em seus programas de sustentabilidade.

Flávia acredita que essa tendência de cultura humanizada nas empresas brasileiras é extremamente positiva. Ao implementar programas de flexibilidade de horários e trabalho remoto, as empresas demonstram uma preocupação genuína com o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores. Isso proporciona uma maior satisfação no trabalho, reduz o estresse e contribui para uma maior produtividade. “Temos muita sessão de letra treinamento, letramento, queremos ter equidade de gênero, números de pessoas LGBTQIAPN+, incluir pessoas de diferentes faixas etárias”. Flávia aponta que o “como” é mais importante que o “que” para que se assegurem que os perfis distintos sejam incluídos e assegurados e sejam garantidos a equidade.

Outro dado relevante é o crescimento das organizações que adotam a responsabilidade social como parte integrante de sua cultura empresarial. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), 78% das empresas de capital aberto no Brasil já possuem comitês ou áreas responsáveis pela implementação de políticas de responsabilidade social. Isso demonstra a preocupação em gerar um impacto positivo na sociedade além dos resultados financeiros.

Tatiana lembra que os impactos dos programas e da cultura de diversidade nas empresas impactam também as famílias dos funcionários, já que um ambiente de trabalho humanizado e inclusivo reflete diretamente na vida pessoal dos colaboradores. “Às vezes não temos ideia de como contribuímos com o entorno e acabamos impactando várias histórias.”

Significado na rotina

No painel “A felicidade pode ser treinada?”, foi possível verificar que auxiliar equipes a encontrar significado na rotina faz parte de uma cultura humanizada. Participaram deste momento Simone Barbieri, VP de RH para América Latina da Engie Brasil; Darlan Oliveira Rocha, Diretor Educacional do Senac São Paulo, e Edna Rocha, Diretora de Recursos Humanos da Sonepar.

Rocha, Diretor Educacional do Senac São Paulo, coloca a tecnologia no centro da reflexão e joga para as colegas de painel a seguinte pergunta: “partido da ideia de que o trabalho nos confere uma identidade profissional, como relacioná-lo à Felicidade dentro dessa revolução tecnológica, revolução 4.0 que a gente vive hoje?”.

Simone acredita que, apesar de todas as mudanças vividas, ainda há preconceito com o termo felicidade corporativa. Para a executiva, ainda hoje há uma certa confusão do que é felicidade, já que ela é em geral associada ao divertimento, ao período pós trabalho no horário do Happy Hour, mas ela pode sim estar presente durante o chamado “horário comercial”. “É possível promover o bem-estar em que as pessoas tenham a segurança psicológica justamente de poder expressar como se sentem, expressar como elas são, suas ideias e todo o seu ser inteiro e de fato poder estar bem. Sentir-se bem”, avalia a executiva.

E ainda coloca em pauta que o papel da organização é saber como abrir esses espaços. “Hoje a gente ainda identifica muito o ambiente corporativo como um local em que as pessoas saem estressadas, em que as pessoas adoecem”, questiona ela e conta algumas estratégias que pratica com a sua equipe. “Dentro das nossas reuniões periódicas, uns 5 minutos antes do início, faço uma pergunta simples… de zero a dez, como vocês estão?”. Abre-se a partir daí um espaço de escuta para a melhor e pior nota para relatarem o que está acontecendo. Além disso, há o incentivo de momentos de conexão entre as pessoas em que elas relatam momentos de lazer com dicas para os colegas e isso estreita afinidades entre a equipe.

Edna compartilha da mesma opinião de que há ainda ressalvas sobre a felicidade corporativa. “Às vezes dá a impressão de que felicidade e produtividade não combinam e é exatamente o oposto. Quando a gente está feliz com o que faz, quando a gente está se sentindo realizado, quando a gente tem um ambiente onde a gente se sente acolhido, até na tristeza, a gente é feliz”, comenta Edna. Para ela, felicidade é você ter um lugar onde queira estar, com pessoas que você gosta de estar e que te ajudam no dia a dia nessa construção.

Rocha aproveita esse gancho e afirma que para ele o ambiente feliz é construído de modo coletivo, considerando também as dificuldades que a gente precisa enfrentar. Não há como dar vazão para a utopia que a felicidade é ausência de tristeza. Ele faz parte e em algum momento é importante também falar sobre ela. Ou sobre o conflito que é presente e inerente às relações. E aí entra uma habilidade essencial que é saber lidar com essas questões e enfatizar os momentos felizes.

“De fato, eu acredito que cultura, clima e escuta ativa são ingredientes perfeitos para que a gente tenha um ambiente saudável onde as pessoas sejam de fato felizes”, completa, por sua vez, Edna.
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(Com reportagem do Portal da Comunicação)

Os dois dias do 3º Fórum Felicidade Corporativa estão disponíveis no You Tube da Melhor RH, totalmente gratuito, acesse aqui e aqui.

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