BlogaRH

Quando o benefício vira ponte: empresas podem ampliar acesso ao trabalho

Ao defender o bem-estar como ferramenta de inclusão, Fabiana Galetol destaca como os benefícios podem gerar grandes impactos na vida das pessoas

de Fabiana Galetol em 14 de julho de 2025
Imagem gerada por IA

Nem sempre a transformação começa com uma grande virada. Às vezes, ela se inicia com algo simples: o direito a uma refeição completa. O tempo suficiente para cuidar da própria saúde. A chance de fazer um curso à noite. O transporte garantido para chegar com dignidade ao trabalho — e à vida.

Em tempos de desigualdades acentuadas e inseguranças cotidianas, pequenas garantias podem representar grandes oportunidades. E é nesse contexto que as empresas ganham um novo papel social: o de criar caminhos mais acessíveis, justos e possíveis. Pontes, não muros.

Uma nova responsabilidade corporativa

Houve um tempo em que cuidar das pessoas era visto como gesto. Hoje, é uma decisão estratégica — e diferencial competitivo. O bem-estar, antes tratado como apêndice da cultura organizacional, agora ocupa o centro da mesa onde se desenha o futuro do trabalho. As condições oferecidas pelas empresas não afetam apenas a jornada profissional dos colaboradores; elas moldam suas possibilidades de existência. Impactam a saúde física e emocional, mas também influenciam como cada pessoa se percebe naquele espaço: se sente que pertence, se pode se expressar com liberdade, se tem as mesmas chances de avançar que os demais.

De acordo com o IBGE (2024), o rendimento médio da população ocupada no Brasil gira em torno de R$ 3 mil mensais. Isso significa que, para muitas famílias, o que chega ao fim do mês mal cobre os custos básicos. Nesse cenário, as estruturas de apoio que garantem acesso à alimentação, deslocamento, estudo ou cuidado pessoal se tornam muito mais do que benefícios: são ferramentas reais de inclusão e mobilidade social.

E é aí que o bem-estar se conecta com a equidade. Porque não basta oferecer as mesmas ferramentas para todos quando os pontos de partida são tão diferentes. O que parece básico para uns pode ser inalcançável para outros. Ignorar essas diferenças é perpetuar as distâncias que dizemos querer encurtar. Oferecer acesso real a estruturas que garantam segurança, autocuidado e perspectiva é, na prática, uma forma de redistribuir oportunidades.

Transformações que começam no detalhe

Criar estruturas de bem-estar reais não é apenas uma questão técnica — é uma escolha de escuta ativa e ação contínua. Muitas vezes, o que precisa ser ouvido não está nos indicadores, mas nas entrelinhas do dia a dia: nas dificuldades não ditas, nos talentos que desistem antes de pedir ajuda.

Nesse sentido, o papel do RH vai além de implementar políticas. Trata-se de reimaginar modelos e processos para atender às demandas reais das pessoas. Isso inclui iniciativas personalizadas, como programas de formação contínua, suporte emocional e ações que reconheçam a diversidade de contextos e experiências dentro da organização. A transformação, muitas vezes, começa com uma mudança de olhar — e com a coragem de sustentar esse olhar ao longo do tempo.

Mais inclusão, melhores resultados — e pontes que nos levam mais longe

Tenho visto como políticas bem-feitas transformam vidas — não por caridade, mas por consciência. Não como favor, mas como parte do sucesso medido pela qualidade das vidas que a empresa ajuda a sustentar. Empresas com culturas inclusivas são cerca de 70% mais propensas a capturar novos mercados e apresentam até 25% mais chances de desempenho financeiro acima da média, segundo a McKinsey. Isso reflete ambientes onde o bem-estar é alicerce, e não consequência.

O bem-estar no trabalho não pode ser privilégio de poucos. Deve ser uma construção coletiva, onde cada escolha da empresa ajuda a derrubar barreiras e abrir caminhos. Porque, no fim, os resultados mais significativos vêm de pessoas que se sentem pertencentes, que podem crescer e contam com apoio real.

Quando o benefício vira ponte, deixa de ser só uma política. Torna-se um compromisso com o futuro e define quem terá condições reais de atravessá-lo.

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail


Fabiana Galetol

Diretora Executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee no Brasil. A executiva acumula passagens pelas áreas de RH, comunicação interna e externa, gestão de marca/publicidade e canais de distribuição, com vivência internacional nos Estados Unidos e países da América Latina. Possui vasta experiência em negócios, direcionamento estratégico, aconselhamento e planejamento de gestão de pessoas. Antes da Pluxee, atuou como Head de Comunicação na IBM Brasil, empresa onde permaneceu por mais de 29 anos. Formada em Economia pela Universidade Federal Fluminense, Fabiana também é pós-graduada em Comércio Internacional pela Fundação Getúlio Vargas e Marketing pelo IBMEC. É mentora voluntária na Leading.Zone, startup de desenvolvimento humano.