Saúde mental

Setembro Amarelo reforça programas de bem-estar corporativo

Companhias de diferentes setores ampliam programas de apoio emocional, mostrando que o bem-estar é questão estratégica e preventiva

de Redação em 18 de setembro de 2025

O Setembro Amarelo reacende o debate sobre a saúde mental nas empresas brasileiras. Companhias de diferentes setores ampliam programas de acolhimento e prevenção, transformando o bem-estar em fator estratégico.

Executivos de RH ouvidos pela Plataforma Melhor RH destacam que cuidar da saúde emocional deixou de ser iniciativa pontual, tornando-se um pilar da competitividade. As empresas adotam práticas diversas e, no entanto, convergentes, pois incluem apoio emocional, programas preventivos e foco na cultura organizacional saudável.

Amil aposta em acolhimento e prevenção

Ricardo Burgos, Vice-presidente de Pessoas e Segurança Corporativa no Grupo Amil

Ricardo Burgos, vice-presidente de Pessoas e Segurança do Grupo Amil, reforça que a empresa “desenvolve uma abordagem à saúde mental estruturada e abrangente, sempre colocando nossos colaboradores no centro”. 

O executivo ainda destaca que “cuidar das pessoas que cuidam faz toda a diferença para o negócio e para a sociedade”. Entre as ações promovidas pela Amil, está o Programa de Apoio ao Colaborador, com suporte sigiloso 24 horas em situações de estresse ou trauma. “Quando o colaborador percebe que a empresa se preocupa genuinamente, ele se sente valorizado e engajado”, acrescenta Burgos. 

Outro recurso empregado é o Psicologia Viva, plataforma que oferece consultas online com psicólogos, psiquiatras e nutricionistas. “Na prática, essas ações reduzem absenteísmo, aumentam produtividade e estimulam a inovação”, atesta o vice-presidente. 

Além do atendimento psicológico, a Amil investe em orientações financeiras, suporte jurídico e apoio social. Campanhas institucionais, como Janeiro Branco e Setembro Amarelo, reforçam a importância da valorização da vida

Segundo Burgos, iniciativas desse tipo “impactam diretamente na qualidade do atendimento e na sustentabilidade da companhia”. 

O resultado, de acordo com o vice-presidente, é um ambiente organizacional mais seguro, produtivo e humano, com a finalidade de promover um alinhamento à missão da Amil de cuidar.

Gateware investe em criatividade e proximidade

Taline Klinguelfus, gerente de Marketing, Pessoas e Cultura da Gateware

A Gateware, empresa de tecnologia de Curitiba (PR), criou o programa “Para, Respira, Não Pira”, com o objetivo de estimular a criatividade e proximidade com os colaboradores. “Nosso maior ativo são as pessoas, e queríamos fazer uma ação diferenciada”, explica Taline Klinguelfus, gerente de Marketing e Pessoas & Cultura. 

Mensalmente, a empresa oferece dicas, técnicas e rodas de conversa sobre gestão emocional e enfrentamento do estresse. A empresa também promove o “GW Way”, jornada de desenvolvimento pessoal com foco em inteligência emocional e comunicação.

 A Gateware ainda oferece parcerias com psicólogos para atendimentos a preços acessíveis, de modo a estimular a busca por apoio externo. “Sempre reforçamos que pedir ajuda nunca será fraqueza, mas um sinal de maturidade”, completa a gerente. 

Mesmo colaboradores alocados em clientes participam das ações por meio da plataforma digital Gate of Learning. Os conteúdos ficam disponíveis online, garantindo acesso a qualquer hora e lugar.

Sabin estrutura programas contínuos de bem-estar

Marly Vidal, diretora de Pessoas do Grupo Sabin

O Grupo Sabin incluiu o pilar “Em Dia com a Sua Mente” dentro do Programa Saúde em Dia. “Nossa estratégia nasceu em 2022, no período pós-pandemia, com foco em prevenção e promoção da saúde mental”, afirma Marly Vidal, diretora de Pessoas. 

O programa realiza palestras, workshops e oficinas sobre inteligência emocional, prevenção de burnout e acolhimento emocional. As atividades incluem yoga, musicoterapia, dança e massoterapia, estimulando práticas de relaxamento e autocuidado. “Com a ampliação do cuidado preventivo, reduzimos em 5% os afastamentos por saúde mental”, destaca Marly. 

A executiva ressalta que “essas ações fortaleceram a confiança entre colaboradores e líderes, promovendo engajamento coletivo”. 

Maria Renata Cabral Rios, Business Partner de RH, participou de diversas atividades. “O Cantinho da Serenidade é meu espaço favorito de equilíbrio”, relata. Ela também cita a Caminhada Saúde em Dia, ação focada em atividade física. “Essas iniciativas fortalecem vínculos e melhoram meu rendimento”, acrescenta. 

Com isso, o clima organizacional tornou-se mais saudável, valorizando a essência do Sabin: inspirar pessoas a cuidar de pessoas.

ABRH-SP defende mensuração e estratégia

Eliane Aere, presidente da ABRH-SP

Para Eliane Aere, presidente da ABRH-SP, “investir em saúde emocional é questão estratégica e de sobrevivência”. Segundo a executiva, “cada real aplicado em programas de bem-estar retorna dois reais em benefícios financeiros e humanos”. 

Dados da Wellhub mostram que 99% das empresas brasileiras que medem ROI em bem-estar observam retornos positivos. Eliane destaca que “o Brasil registrou 472 mil afastamentos por transtornos mentais em 2024, crescimento de 68%”. 

Eliane ressalta que com a nova NR-1 chegando em maio de 2026, que vai exigir análise de fatores psicossociais como estresse, sobrecarga e assédio nos programas de gestão de riscos, “cuidar da saúde mental deixou de ser ‘uma coisa boa de fazer’ para virar obrigação legal”. 

Ela ainda aponta que as empresas estão vendo benefícios reais: 95% dos líderes de RH observam menos dias de licença médica, 93% relatam custos menores com saúde, além de melhor retenção de talentos e maior produtividade. 

Segundo a presidente da ABRH-SP, a associação assumiu a liderança nessa conscientização sobre a urgência da saúde mental corporativa. “Nossa atuação é bem ampla. Promovemos debates qualificados através de eventos, webinários e grupos de estudo que tratam a saúde mental como questão estratégica de negócio. Nosso Comitê de Saúde desenvolve conteúdos específicos sobre como as empresas podem se preparar para as exigências da NR-1”, enumera. 

De acordo com Eliane, a estratégia da ABRH-SP para o biênio 2025-2027, em princípio, é colocar o profissional de RH como protagonista das mudanças nas empresas e na sociedade. 

Comparativos e projeções internacionais e de mercado

• O mercado global de saúde mental foi avaliado em US$ 410 bilhões em 2023, e deve alcançar US$ 573 bilhões até 2033, crescendo a cerca de 3,4% ao ano (CAGR).
• Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho sejam perdidos por ano globalmente devido a depressão e ansiedade, com custo próximo de US$ 1 trilhão à economia mundial.
• Cerca de 15% dos trabalhadores no mundo enfrentam algum transtorno mental.
• Globalmente, há 1 bilhão de pessoas com algum tipo de distúrbio mental (ansiedade, depressão etc.).
• No Brasil, pesquisa mostra que 79% dos colaboradores relataram ter sofrido estresse no trabalho nos últimos 12 meses, e 22% sentiram esse estresse com alta frequência.
• Outro dado do Brasil: doenças mentais correspondem à terceira maior causa de afastamento por doenças não acidentárias, com cerca de 13% dos casos.
Fontes: Spherical Insights, Deloitte, Insightnet, OPAS, OIT

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