No primeiro dia do 4° Fórum Melhor RH Tech, que se iniciou nesta segunda, 23, e continua nesta terça, 24, às 14h, líderes de RH e especialistas compartilharam sua experiência no emprego das mais diversas tecnologias para o setor de capital humano. Duas premissas básicas surgiram como tendência: uso atrelado à estratégia de negócios e humanização na aplicação desse recurso, ampliando a discussão ética. O evento é promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo Centro de Estudos da Comunicação – CECOM, de forma on-line e gratuita.

O primeiro painel, A máquina e a ética, discutiu o uso de Inteligência Artificial, entre outras possibilidades, em recrutamento e seleção. Para os participantes, Gustavo Cardial, Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac) e Sergio Amad, CEO da Fiter, a tecnologia é possibilidade que agiliza processos para os interesses da companhia, contudo, vieses são inevitáveis, quando se trata da análise de dados de pessoas.

“A questão é estatística. Se você cria um modelo de dados estatísticos que já seguem uma tendência, vai produzir um algoritmo que vai gerar resultados com aquela tendência”, ressalta Cardial. “Não tem como ser viés 0%.”

Charmoniks da Graça Heuer, Gestora de Capital Humano do Grupo Condor, e Letícia Deus, Coordenadora de RH da RB, por sua vez, debateram, no painel Como ser humano na era das máquinas, a necessidade de empatia e escuta ativa em meio a relações cada vez mais digitais e superficiais no trabalho.

O colaborador nem sempre quer soluções e respostas ágeis, à moda digital, entende Letícia, sendo importante o olhar humano para as mais diversas situações.  “Pode ser que o colaborador queira uma palavra amiga, ou muitas vezes queira só ser acolhido”, analisa a executiva.

Adesão tecnológica

Até mesmo a adesão às novas tecnologias, sob a necessidade estratégica do negócio, requer um manejo humanizado. Em uma realidade organizacional que reúne quatro diferentes gerações, é preciso promover integração diferenciada, para que todos estejam na mesma página com relação às soluções tecnológicas utilizadas – uma das conclusões do painel O futuro de todos.

Nesse momento,  Flávio Franco de Andrade, Global Medical Collaboration Leader do Grupo Roche, levantou, principalmente, a importância do engajamento das lideranças nesse manejo, em debate com Leticia Deus, Coordenadora de RH da RB, e Marco Aurelio Seraphim, Gerente Corporativo de Gestão de Pessoas da SJC Bioenergia.  “O engajamento das lideranças, lideranças de RH, é um excelente primeiro passo de uma empresa na promoção desse estímulo”, entende Andrade.

Essa adesão diz respeito muitas vezes, ainda, a soluções básicas para uma gestão estratégica. Sobretudo em RH. Bruna Reis, Gerente de Pessoas e Performance da Primavera Máquinas John Deere; Gustavo Morcelli, Head de Marketing e Prospecção da Techware, e Daniele R. Theodorovicz, Executiva de RH e Gestão de Pessoas da Arlequim Technologies discutiram o tema no painel ABC do Tech.

“O RH não precisa mais se provar estratégico para a empresa”, constata Morcelli, citando estudo do Gartner a respeito, mostrando que são estratégicas as questões nas quais o RH mais se envolverá nas companhias nos próximos anos. “No entanto, a gente vê que o RH ainda tem muitas questões básicas para resolver”, enfatiza, sobre o que se reflete, principalmente na decisão sobre novas tecnologias. 

De acordo com estudo da Think Work Lab,  a transformação digital do RH é a segunda maior preocupação do setor, em uma realidade de trabalho híbrido, atrás, apenas, do fortalecimento da cultura organizacional.

O mercado, contudo, acompanha as mais diversas necessidades, observa Bruna. “Hoje temos startups que atendem grandes e pequenas empresas, otimizando resultados da mesma forma”, diz a executiva, sobre o que considera um facilitador dessa incursão digital nos mais diversos processos.

Importância reconhecida

Para Távira Aparecida Magalhães, Chief Human Resources Officer da Solides Tecnologia, o uso de tecnologia deve fazer sentido para que faça parte da cultura organizacional e de um mindset digital. Cita a importância do uso de dados, possível por meio de soluções tecnológicas, para mostrar a relevância destas no dia a dia da empresa, gerando engajamento e capacitação no tema.

“Quando a gente começa a divulgar dados, enquanto RH, e a gente vê que teve aumento de produtividade, de permanência em determinada função, aumento da satisfação e do NPS, a gente começa ver pessoas aderindo a esse propósito, pois elas entendem o porquê”, destaca Távira.

Discussão esteve presente no bate-papo com Carolina Prado, Diretora de Comunicação para América Latina da Intel, e Daniella Vasconcellos, Gerente de Inovação e ESG da LG lugar de gente no painel Habilidades do Amanhã.

Entre as habilidades requeridas para os novos tempos do trabalho e uso de novas tecnologias, Shirlei Lima, Head de Produtos da Dimep Sistemas, enfatiza, em outro momento, a necessidade de desmistificar a cultura tradicional de comando e controle das equipes.

“Tem uma questão de desapego, de quando vamos delegar e achamos que só a gente sabe fazer, de pegar na mão e querer ensinar ”,  enxerga a executiva. Mas, segundo ela, “é preciso confiar no processo”, privilegiando as entregas e fazendo os devidos acompanhamentos, orientando sobre pontos de atenção.

Bate-papo de Shirlei  com José Antônio Monteiro Hipólito, Sócio Administrador da Growth Consultoria, e Paula Esteves, Co-CEO da Cia de Talentos, no painel Trabalhai e vigiai? foi o  último do dia.

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